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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Tributo A Manoel Dos Passos Galvão Filho

por Sílvio Porto de Oliveira


“O Dr. Galvão Filho foi um visionário e pioneiro na área da cirurgia, cujo notável talento e dedicação revolucionaram o campo médico do Sul da Bahia, salvando vidas e abrindo caminho para avanços médicos futuros."


Este foi outro gigante da nossa medicina.
Ao lado de Alicio Peltier de Queiroz e Alair Castro trouxeram o novo para a nossa medicina regional. Revolucionaram a arte de se fazer medicina com qualidade, ensino e expandir os nossos horizontes científicos com estímulos a produção científica e medicina de valor.
Marcou a vida de uma geração de médicos filhos de Itabuna, valorizando os colegas e o compromisso de voltarem para Itabuna.
Ele dizia: Itabuna tem que valorizar os filhos da terra e recebê-los na sua comunidade médica com todo amor e carinho.
Abrir as portas para todos.
Este sempre foi o seu lema.

O Dr. Galvão Filho deixou um legado inestimável como um médico cujo compromisso com a arte da Medicina e seu foco no valor científico do trabalho médico são exemplos inspiradores para toda a comunidade médica. Sua dedicação incansável em busca de avanços e inovações transformou a vida de inúmeras pessoas, estabelecendo novos padrões de excelência e promovendo o bem-estar da humanidade. Seu legado perdurará como um farol de esperança e inspiração para todos aqueles que amam a Medicina, lembrando-nos da importância de ir além dos limites conhecidos em busca de melhores cuidados de saúde.

Dr. Galvão foi um pioneiro na oncologia cirúrgica, deixando um impacto significativo no campo da saúde e bem-estar das mulheres na região cacaueira da Bahia. Sua dedicação e trabalho incansável na prevenção do câncer ginecológico trouxe uma nova perspectiva para a saúde feminina, capacitando e educando a população local sobre cuidados preventivos e exames de rastreamento. Seu compromisso em oferecer acesso igualitário aos serviços de saúde e sua busca contínua para melhorar a qualidade de vida das mulheres foi exemplar. O legado do Dr. Galvão certamente viverá como um exemplo de como a medicina pode fazer a diferença positiva na vida das pessoas e comunidades.
O trabalho de prevenção do câncer ginecológico na região cacaueira, que foi aceito e apresentado em Congresso Internacional na Alemanha, bem como a primeira cirurgia laparoscópica realizada na Bahia foram marcos importantes na consolidação de Itabuna como um centro médico respeitado no interior da Bahia.
Com justiça e merecimento Dr. Manoel dos Passos Galvão Filho fica imortalizado na nossa Academia de Medicina .

 Hoje no dia de seu aniversário nosso reconhecimento ao extraordinário trabalho e contribuição a medicina do Sul da Bahia, da Bahia e do Brasil.
Vida longa para Galvão Filho!


Silvio Porto de Oliveira
Itabuna 18/04/2024

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sexta-feira, 12 de abril de 2024

 

Mundo Indígena

Cyro de Mattos

 


          Bahetá, a velha indígena, ensinava como era importante o milho para o batismo quando então o pajem colocava o nome na criança simbolizando a sua verdadeira alma. Lembrava que algumas partes da anta deviam ser reservadas para os espíritos. Certa porção era preparada e depositada na mata para os encantados. Aconselhava ao caçador que ingerisse infusão de vegetais aromáticos antes de sair para caçar. A escolha do vegetal dependia da espécie de animal escolhido para caçar.

          Acreditava que alguns alimentos não deviam ser consumidos em certo período para evitar transtorno. As mulheres, após darem à luz, não comem carne de tatu ou de cágado d’água, tais alimentos tornam o recém-nascido com a saúde precária, são proibidos de serem ingeridos pelas indígenas da aldeia.  

          Deviam ter gratidão pelo tamanduá, não matando, nem se alimentando dele. Foi ele quem ensinou cantos e danças, pois em outros tempos já tinha sido gente como eles. Um caçador oferece para uma mulher um alimento que trouxe da mata, e, em retribuição, recebe uma comida por ela preparada. Dessa forma, a amizade entre as famílias era constantemente fortalecida.

         Chamava atenção para alimentos considerados como sagrados, agindo espiritualmente naquele que se alimenta deles como ingredientes positivos. No período da puberdade, o beiju com molho de pimenta, o peixe cozido e a cabeça de peixe são benzidos e defumados antes de serem consumidos pelas meninas.          

          Conhecia dezenas de lendas pertencentes ao seu povo. Era com alegria contagiante que contava a lenda da mandioca. Explicava a sua história e a origem.  Mani era ainda pequena e muito querida pela aldeia.  Neta do cacique, foi motivo de tristeza para o chefe da tribo quando apareceu grávida. Isso porque não era casada com um bravo guerreiro, como ele desejava.

          O cacique obrigou a filha a dizer quem era o pai do seu filho, mas ela   dizia que não sabia como tinha ficado grávida. A desonestidade da filha desagradava muito o cacique. Até que um dia ele teve um sonho que o aconselhava a acreditar na filha, ela continuava pura e dizia a verdade ao pai. Desde então, aceitou a gravidez e ficou muito contente com a chegada da sua neta.

          Um dia, perto de clarear a manhã, Mani foi encontrada morta na taba. Ela simplesmente tinha morrido durante o sono e, embora sem vida, apresentava um rosto alegre. Foi enterrada dentro da sua oca por sua mãe, cujas lágrimas umedeciam a terra tal como se estivesse sendo regada. Dias depois, nesse mesmo local nasceu uma planta, diferente de todas as que a tribo conhecia.  Percebendo que a terra estava ficando rachada, cavou na esperança de que pudesse desenterrar sua filha com vida. A mãe da menina encontrou uma raiz, a mandioca, que recebeu esse nome em decorrência da união do nome de Mani e da palavra oca, que significa moradia indígena de uma ou mais famílias.

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Cyro de Mattos é ficcionista, poeta, ensaísta, cronista, romancista e autor de literatura infantojuvenil. Editado também em Portugal, Itália, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos. Premiado no Brasil e exterior. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia e Pen Clube do Brasil. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.  Autor de mais de 80 livros.

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sexta-feira, 5 de abril de 2024

Editora de Portugal Publica

Outro Livro de Cyro de Mattos

Inspirado no Rio Cachoeira


 

A editora Palimage, de Coimbra, Portugal, acaba de publicar Águas de Meu Rio, de Cyro de Mattos, livro que contém um poema dividido em vinte partes em que o autor denuncia em versos pungentes e doloridos o estado atual do Rio Cachoeira, largado ao abandono como um grande esgoto que escorre a céu aberto. Com prefácio da poeta e musicista Denise Emmer, da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, Rio de Janeiro, traz na capa uma foto histórica com o autor sentado em uma pedra das margens do rio, observando as lavadeiras quando lavavam as roupas numa manhã ensolarada, em 1966. No Brasil, Águas de Meu Rio foi publicado pela Editora Ibis Libris, do Rio de Janeiro. Este livro forma com os volumes Vinte Poemas do Rio e O Discurso do Rio a Trilogia das Águas, inspirada no rio Cachoeira. A Editora Palimage (www.palimage.pt) publicou anteriormente cinco livros do poeta grapiúna e que são estes: Vinte Poemas do Rio, O Discurso do Rio, Vinte e Um Poemas de Amor, Ecológico e Poemas Ibero Americanos. Sobre a poesia de Cyro motivada pelo rio de sua terra natal disse o poeta Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras: “Poeta de voz límpida como o seu rio, de música e sabedoria do silêncio”. E a poeta e ficcionista Stella Leonardos, detentora de prêmios literários importantes, observou: “A poesia de Cyro de Mattos é da boa, inventando o seu próprio ritmo (como queria o mestre Manuel Bandeira) dentro do soneto, com recursos verbicovisuais e, inclusive, neologismos adequados”.

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sexta-feira, 29 de março de 2024

 

Crônica da Procissão da Sexta-Feira Santa 

Cyro de Mattos  

 


          Todos os santos na igreja eram cobertos com um pano roxo na Semana Santa, menos Jesus Cristo. Era proibido comer carne vermelha e beber leite. A refeição matinal era com café e pão. À noite a refeição era a mesma. Ainda bem que tinha um pouco de arroz e peixe no almoço. Achava sempre um jeito de chupar uma manga, um pedaço de melancia ou laranja para tapear a barriga e não sucumbir à fome. Fazia isso com cuidado, sem que minha mãe soubesse. Ela dizia que as pessoas deviam jejuar na Semana Santa, em sinal de amor e respeito à morte do Cristo. O jejum era só naquela semana, passava logo, ninguém ia morrer por isso. 

            O comércio cerrava as portas na quinta e sexta-feira. Ninguém trabalhava nesses dias. A mãe falou que um homem entendeu de tirar leite da vaca na Sexta-feira Santa para tomar no café da manhã. Quando ele começou a puxar as tetas da vaca, só saía sangue em vez de leite. Aquilo era um sinal do céu para que o homem respeitasse o dia em que Jesus Cristo, o bem-amado salvador da humanidade, foi crucificado sem piedade pelos homens. 

            Parecia que toda a cidade amanhecia vestida de roxo na Semana Santa, principalmente na Sexta-feira. Assistia ao filme sobre a vida, paixão e morte de Jesus Cristo na matinê da Quinta-Feira Santa do Cine Itabuna. As pessoas saíam cabisbaixas do cinema quando o filme acabava. Ninguém se conformava com o que fizeram com Jesus, que foi coroado com uma coroa de espinho, depois de ser cuspido e chicoteado. Para não se falar na cruz pesada que o pobre coitado carregara pelas ruas. Não satisfeitos com tanta judiação ainda pregaram o filho de Deus na cruz de maneira cruel. Em vez de água quando Ele pediu, deram vinagre e, por último, enfiaram uma lança no coração.  Era demais o sofrimento de Jesus, muita gente chorava. 

            E tudo por causa do Judas, que traiu Jesus por um saquinho de dinheiro em moedas. O Judas passava como um dos apóstolos de Jesus, mas se rendeu à tentação do dinheiro. Deu um beijo na face para entregar o filho de Deus aos soldados romanos. Todo mundo se vingava do Judas quando no filme ele aparecia enforcado, o corpo do traidor balançando numa corda amarrada ao galho da árvore seca. Nessa hora, o cinema quase vinha abaixo com as vaias da plateia. 

           Tinha uma sensação na procissão da Sexta-feira Santa que tudo era pecado, dor e lamento pelo que fizeram a Jesus. A imagem de Nosso Senhor Morto era levada no andor pelas ruas principais da cidade sob os cantos orantes, que falavam de pesares  e perdão: 

 

                             Perdoai, Senhor, por piedade, 

                             Perdoai, Senhor, tanta maldade, 

                             Antes morrer, antes morrer 

                             Do que Vos ofender, 

                       Perdoai, Deus do amor. 

             

        A tristeza estava nos ares por onde a procissão andava com Nosso Senhor Morto, as pessoas sofrendo pelas pedras do caminho. Gente acompanhava a procissão descalça para pagar alguma promessa em razão da graça alcançada através da bondade do Cristo Salvador. Dona Olívia, a mulher do dono do Hotel Itabuna, vestida num comprido vestido roxo, que tocava os pés, cabelos compridos caindo nas costas, fazia o papel de Maria Madalena. A matraca tocava, a procissão parava enquanto ela exibia o rosto do Cristo no sudário. 

            Numa voz doída, ela arrancava suspiros e lágrimas dos fiéis calados naquele trecho de rua em que a procissão parava. 

                              

                           Pai salvador, 

                          Misericordioso, 

                         Toca no meu peito 

                        O sofrimento Teu.                   

                        Fadiga, sede, fome. 

                       Cuspe, espinho, sangue,                    

                       Chicotada, prego, 

                       Madeira feita cruz, 

                       Meu Pai, perdoai 

                       Os pecados meus. 

 

            Naquele ano, em que caiu uma chuva rala durante a procissão, usava as botinas novas que minha mãe presenteou no aniversário. A procissão voltava pela avenida do comércio depois de percorrer algumas ruas. A imagem de Nosso Senhor Morto já ia entrar na igreja, para ser colocada no altar, quando a beata Detinha teve uma crise de nervos chegando a desmaiar. O padre passou um pouco de água benta na testa da beata, rezou e pediu que os fiéis cantassem com fervor. Os cantos entoados na pequena praça repleta de gente acordaram a beata, que começou a chorar alto e ao mesmo tempo agradecer ao Jesus Salvador por ter ali mesmo perdoado seus pecados. 

            No dia de procissão havia tanta gente na igreja e na praça que uma agulha não cabia lá dentro nem no lado de fora.  As botinas novas apertavam os meus pés. Então pedi à minha mãe que me deixasse ir embora para casa, não queria ficar para ouvir a fala do padre encerrando a procissão. Os calos estão doendo muito, não aguento mais, disse aporrinhado, ameaçando chorar. Ela ordenou baixinho no meu ouvido que ficasse comportado, acrescentando que a procissão já estava chegando ao fim. 

            Preferi não obedecer à minha mãe. Foi só ela se ajoelhar com os demais fiéis na igreja para fazer a oração do creio-em-deus-pai, de olhos fechados, para apressado tirar dos meus pés as botinas. Em casa disse à minha mãe que tinha resolvido agir daquela maneira para evitar que acontecesse uma situação muito pior do que aquela que se deu com a beata Detinha. Como ela, eu desmaiaria ali mesmo na igreja. Mas a água benta que o padre passaria na minha testa, as orações e os cantos entoados com fervor pouco iriam adiantar para que eu não ficasse desmaiado durante muito tempo. 

            Claro que minha mãe compreendeu. Em vez de sermão com a sua voz bondosa, escutei ela dizer que eu não me preocupasse. Não ia calçar mais aquelas botinas apertadas. 

            Mas muita gente reparou depois na atitude de minha mãe, achou que menino mimado daquele jeito poderia não dar certo no futuro.        

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Cyro de Mattos é contista, poeta, romancista, ensaísta, cronista e autor de livros para crianças. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia.  Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz

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quinta-feira, 21 de março de 2024

 

Livraria Civilização

Cyro de Mattos



Quando estudante universitário, uma das coisas que gostava era de ir à Rua Chile. Quase todos os dias, visitava a Livraria Civilização Brasileira como uma necessidade que o tempo impunha, semelhante àquela quando se tem sede ou fome. Na Livraria Civilização, de Dmeval Chaves, livreiro muito amigo de Jorge Amado, percorria as prateleiras, procurando achar algumas dessas raridades literárias, que há algum tempo estivessem com a edição esgotada. Perguntava ao vendedor Toninho se havia chegado algum livro novo de literatura. Examinava na vitrina as obras de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Lima Barreto. Os livros de Dostoiewski, Hemingway, Faulkner, Sartre e Camus. Sagarana, de João Guimarães Rosa, e Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, lá estavam para causar impacto e opiniões acaloradas entre os companheiros de geração.

Era na Livraria Civilização que me encontrava com os companheiros de geração, à qual alguns deles pertenciam por afinidades eletivas, enquanto outros em razão da idade. Ildásio Tavares, Alberto Silva, Ricardo Cruz, Marcos Santarrita, Orlando Sena, Olney São Paulo, João Ubaldo Ribeiro, Adelmo Oliveira, Fernando Batinga, Davi Sales, João de Góes Berbert, Carlos Falk e Carlos Nelson Coutinho. Encontrava, quase todos os dias, com três ou quatro desses companheiros de militância cultural, que se iniciava como botão ou rosa entreaberta no mundo da ideia e emoção.

Conversava com Calasans Neto, Jurema Pena e Florisvaldo Mattos. Via o professor Machado Neto com os olhos atentos por trás dos óculos de lentes fortes perscrutando algum exemplar, provavelmente de sociologia ou filosofia. Cruzava com Hélio Rocha, Nélson de Araújo, Vivaldo Costa Lima, João Carlos Teixeira Gomes, Sonia Coutinho. Era comum naquele tempo Glauber Rocha aparecer com Paulo Gil Soares e Fernando da Rocha Peres, ou ainda com Carlos Anísio Melhor e Oto Bastos. Inteligência privilegiada, Glauber Rocha formava com os seus companheiros de geração um grupo de intelectuais irrequietos, que na época agitavam os meios culturais de Salvador.

Na Rua Chile, às sextas-feiras, pelo fim da tarde, gostava de ficar olhando nas vitrinas as camisas da última moda, a serem usadas pelos jovens no verão. Depois, naquele momento antecedido de ânsia, lá ficava no passeio de alguma loja, recostado à parede, vendo as garotas que desfilavam com uma ginga provocante. Mulatas, morenas, louras. Nelas aquele cheiro bom de maresia e ventos por toda a extensão da pele. Minhas preferidas eram as mulatas. De olhos gateados, seios despontantes, curvas sensuais. Não podia ver uma dessas mulatas com os quadris rebolando, com todo aquele sabor na pele de fruta gostosa, como já me referi. O romancista João Ubaldo Ribeiro se aqui estivesse agora não me deixaria mentir.

Era lá na Livraria Civilização Brasileira que, entre um cafezinho e outro, intelectuais discutiam e compravam livros. A livraria famosa acabou num incêndio. A Rua Chile despareceu depois que a cidade transportou sua vida empresarial para o Polo Iguatemi.

Como conforto de tudo que se evaporou, o tempo me fez autor de 70 livros, de diversos gêneros. Alguns fossem publicados também em outros idiomas. Quis que vários deles fossem adotados na escola e universidade. Constassem do acervo de livrarias importantes, como Biblioteca Joanina, da Universidade de Coimbra, Biblioteca da Casa Fernando Pessoa, Lisboa, Fundação Eugênio de Andrade, Porto, Portugal; Biblioteca da Universidade de Austin, Texas; Biblioteca do Congresso, Washington, USA, Biblioteca da Universidade do México, EUA; Biblioteca Nacional (Rio), Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia, Biblioteca Pública do Estado da Bahia, Biblioteca da Academia de Letras da Bahia, Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, Salvador; Biblioteca Municipal de Itabuna, Biblioteca da Universidade Estadual de Santa Cruz, Sul da Bahia, Biblioteca da Universidade da Maramata, Ilhéus; Biblioteca do Centro de Estudos Portugueses Hélio Simões, Centro de Documentação, da Universidade Estadual de Santa Cruz, Biblioteca Pública Central dos Barris, Salvador.

Nessa estrada dos livros, a essa altura comprida, nunca vou me esquecer do vendedor Toninho, da Livraria Civilização Brasileira. Vendeu muitos livros em prestações razoáveis ao moço do interior, de mesada apertada, estudante da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

Sempre me reservava boas surpresas.

- Olhe aqui o que eu guardei para você – mostrava-me o livro com o riso costumeiro.

Era o último exemplar de O Muro, contos, de Jean Paul Sartre.

 

Cyro de Mattos - Baiano de Itabuna. Escritor e poeta, Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Sul da Bahia). Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna.

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quarta-feira, 20 de março de 2024

 

SALVE SÃO JOSÉ

Por Sione Porto



JOSÉ DE NAZARÉ,

DESCENDENTE DA CASA DE DAVI,

VENERADO COMO PADROEIRO UNIVERSAL,

COMO POR ENCANTO SE APAIXONOU POR MARIA,

MAS, FOI IMPEDIDO POR DEUS, POR UM SENÃO,

NÃO PODIA FAZÊ-LA MULHER,

DEVIDO A UMA CONDIÇÃO,

PODIA ATÉ ESPOSÁ-LA MAS,

SEM COMUNHÃO.

MARIA FORA ESCOLHIDA POR DEUS,

PARA SER MÃE DO ESPÍRITO SANTO JESUS,

DEUS HUMANADO A SER COROADO

COMO REI DOS JUDEUS, O MESSIAS.

MARIA MENINA BELA,

PURA E VIRGEM COMO UMA FLOR,

AOS CATORZE ANOS, LOGO ACEITOU SEM SABER O VALOR,

DE SER A ESCOLHIDA PELO DEUS DE AMOR,

APENAS DISSE AO SER ABENÇOADA

PELO ARCANJO GABRIEL:

HOMEM DE DEUS DAS REVELAÇÕES

“FAÇA-SE EM MIM A TUA PALAVRA”.

COMO SERVA FIEL: AJOELHOU E OROU!

E FOI TOMADO TEU VENTRE PELO ESPÍRITO SANTO.

DE PRONTO GEROU E CRIOU

AQUELE QUE SERIA NOSSO REI, PAI,

SENHOR E SALVADOR

CRISTO JESUS, FILHO DE DEUS!

O CRISTO REDENTOU NASCEU EM BELÉM,

NUMA SIMPLES MANJEDOURA,

NÃO HAVIA VAGA NA HOSPEDARIA,

 

MAS FOI REVERENCIADO PELOS REIS MAGOS DO ORIENTE,

COM O PAI ADOTIVO, JOSÉ DE NZARÉ CRISTO CRESCEU

NA MARCENARIA, APRENDEU O OFÍCIO DE CARPINTEIRO,

ENTRETANTO, TUA MISSÃO SANTA ERA OUTRA,

SER REDENTOR DO MUNDO!

EM TODAS PARTES DA TERRA,

JESUS NASCIDO FEITO HOMEM,

JÁ TINHA HISTÓRIA E PASSADO

EM TEU DESTINO SANTO TRAÇADO.

TERIA QUE MORRER, APÓS SER TRAÍDO

POR JUDAS, APÓSTOLO MUITO ESTIMADO.

ASSIM, NA SEXTA-FEIRA SANTA,

ANTES DE SER CRUCIFICADO, POR NOSSOS PECADOS,

NOS DEUS MARIA COMO MÃE,

RAINHA DOS CÉUS, ESPOSA DE JOSÉ.

NESTA ROMARIA DE 19 DE MARÇO,

CANTEMOS E OREMOS COM FERVOR,

PELO DIA SAGRADO AO SANTO JOSÉ.

PAI ADOTIVO DO CRISTO REDENTOR

SALVADOR DA TERRA, A QUEM CRIOU

E MUITO AMOU... SALVE SÃO JOSÉ!

 


Sione Porto - Advogada e membro da Academia de Letras de Itabuna-BA

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