“Jesus, humilde Rei de justiça, misericórdia e paz”
9 ABRIL 2017
Domingo De Ramos 2017, CVT
“Não temos outro Senhor para além d’Ele: Jesus, humilde Rei
de justiça, misericórdia e paz”, proclama o Papa Francisco.
Papa Francisco presidiu a procissão do Domingo de Ramos e
Palmes e a Missa da Paixão, Praça de São Pedro, este domingo, 9 de abril, 2017.
Papa Francis explicou: “Não nos pede para O contemplarmos
apenas nos quadros, nas fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não.
Está presente em muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem
tribulações como Ele: sofrem com um trabalho de escravos, sofrem com os dramas
familiares, as doenças… Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa
dos interesses que se movem por detrás das armas que não cessam de matar.
Homens e mulheres enganados, violados na sua dignidade, descartados…. Jesus
está neles, em cada um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz
rouca, pede para ser enxergado, reconhecido, amado.”
AB
Homilia do Papa Francisco
Esta celebração tem, por assim dizer, duplo sabor: doce e
amargo. É jubilosa e dolorosa, pois nela celebramos o Senhor que entra em
Jerusalém, aclamado pelos seus discípulos como rei; ao mesmo tempo, porém,
proclama-se solenemente a narração evangélica da sua Paixão. Por isso o nosso
coração experimenta o contraste pungente e prova, embora numa medida mínima,
aquilo que deve ter sentido Jesus em seu coração naquele dia, quando rejubilou
com os seus amigos e chorou sobre Jerusalém.
Desde há trinta e dois anos que a dimensão jubilosa deste
domingo tem sido enriquecida com a festa dos jovens: a Jornada Mundial da
Juventude, que, este ano, se celebra a nível diocesano, mas daqui a pouco
viverá, nesta Praça, um momento sempre emocionante, de horizontes abertos, com
a passagem da Cruz dos jovens de Cracóvia para os do Panamá.
O Evangelho, proclamado antes da procissão (cf. Mt 21,
1-11), apresenta Jesus que desce do Monte das Oliveiras montado num jumentinho,
sobre o qual ainda ninguém se sentara; evidencia o entusiasmo dos discípulos,
que acompanham o Mestre com aclamações festivas; e pode-se, verosimilmente,
imaginar que isso contagiou os adolescentes e os jovens da cidade, que se
juntaram ao cortejo com os seus gritos. O próprio Jesus reconhece neste
jubiloso acolhimento uma força irreprimível querida por Deus, respondendo assim
aos fariseus escandalizados: «Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as
pedras» (Lc 19, 40).
Mas este Jesus, cuja entrada na Cidade Santa estava prevista
precisamente assim nas Escrituras, não é um iludido que apregoa ilusões, um
profeta «new age», um vendedor de fumaça. Longe disso! É um Messias bem
definido, com a fisionomia concreta do servo, o servo de Deus e do homem que
caminha para a paixão; é o grande Padecente da dor humana.
Assim, enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos
sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana. Pensemos nas calúnias, nos
ultrajes, nas ciladas, nas traições, no abandono, no julgamento iníquo, nas bastonadas,
na flagelação, na coroa de espinhos… e, por fim, no caminho da cruz até à
crucifixão.
Tinha-o dito claramente aos seus discípulos: «Se alguém quer
vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Mt 16, 24).
Nunca prometeu honras nem sucessos. Os Evangelhos são claros. Sempre avisou os
seus amigos de que a sua estrada era aquela: a vitória final passaria através
da paixão e da cruz. E, para nós, vale o mesmo. Para seguir fielmente a Jesus,
peçamos a graça de o fazer não por palavras mas com as obras, e ter a paciência
de suportar a nossa cruz: não a recusar nem jogar fora, mas, com os olhos fixos
n’Ele, aceitá-la e carregá-la dia após dia.
E este Jesus, que aceita ser aclamado, mesmo sabendo que O
espera o «crucifica-o!», não nos pede para O contemplarmos apenas nos quadros,
nas fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não. Está presente em
muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem tribulações como
Ele: sofrem com um trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as
doenças… Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos interesses
que se movem por detrás das armas que não cessam de matar. Homens e mulheres
enganados, violados na sua dignidade, descartados…. Jesus está neles, em cada
um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser
enxergado, reconhecido, amado.
Não há outro Jesus: é o mesmo que entrou em Jerusalém por
entre o acenar de ramos de palmeira e oliveira. É o mesmo que foi pregado na
cruz e morreu entre dois malfeitores. Não temos outro Senhor para além d’Ele:
Jesus, humilde Rei de justiça, misericórdia e paz.
© Libreria Editrice Vaticana
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