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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

POR QUE PREFERIMOS RACIONALIZAR AO INVÉS DE USAR A INTUIÇÃO?

Por que preferimos racionalizar ao invés de usar a intuição?


O segredo para tomarmos atitudes baseadas em nossos mais profundos desejos está em ouvir a intuição e aprender a nela confiar. Se não houver brilho nos olhos e calor no coração, não siga por esse caminho. Por mais que a análise dos fatos te diga o contrário.

O coração tem razões que até a razão desconhece. A frase é do matemático e filósofo francês Blaise Pascal, que viveu no século 17, e pode ser interpretada como o poder da intuição na tomada de decisões.

O chamado sexto sentido, ou intuição, é uma certeza que temos baseada em aspectos que transcendem o racional.
Mesmo antes de um fato se tornar negativo, já pressentimos que ele não vai dar certo. Ao conhecermos uma pessoa vamos tendo impressões sobre ela que podem não “bater” com tudo o que se apresenta. Mas lá no fundo intuímos e, invariavelmente, prevalece a sensação inicial que tivemos.

A intuição é considerada a faculdade ou ato de perceber, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise. Em entrevista à Revista Superinteressante de maio de 2015, a psicóloga Virgínia Marchini, fundadora do Centro de Desenvolvimento do Potencial Intuitivo, de São Paulo, define intuição como uma forma de conhecimento que está dentro de todos nós, embora nem todas as pessoas saibam utilizá-la.

Segundo ela, a palavra intuição vem do latim intueri, que significa considerar, ver interiormente ou contemplar. “A mente intuitiva abre-se a respostas inovadoras e não dogmáticas, mas aprender a confiar na intuição é um grande desafio, pois o senso comum ainda considera a intuição um conhecimento de risco”. diz Virgínia. Já o psiquiatra Carl Jung dizia que cada um de nós tem a sabedoria e o conhecimento que necessita em seu próprio interior.

Por que motivo, então, tendemos a negligenciar a intuição e buscamos racionalizar em torno de problemas e situações que nos tiram o sono e nos deixam indecisos?

Dúvidas em torno de relacionamentos, carreira, postos de trabalho, atitudes vão se acumulando em nosso dia a dia. Na tentativa de tomar a melhor decisão possível, vamos atrás de explicações racionais, de análises sob todos os pontos de vista, do auxílio de especialistas. Muitas vezes, não nos convencemos apesar das evidências racionais que se colocam. É que entra em cena o sexto sentido que nos diz, lá no fundo, que alguma coisa está errada e que não devemos seguir naquela direção.

Imagine quanto esforço desperdiçado na tentativa de seguir uma carreira que não nos mobiliza o coração? Quanta gente permanece em relacionamentos tristes e doentios apesar de sentir uma vontade enorme de sair correndo e viver em liberdade? Quantos medos racionalizados nos mantém reféns de situações que vão aos poucos minando nossa alegria e felicidade?

Às vezes nos deparamos com pessoas que tomam atitudes de forma muito rápida e seguem seus desejos sem pestanejar.
Costumamos achá-las malucas por se atirarem de corpo e alma aos projetos de vida sem ao menos pensar nas consequências. E as admiramos quando as vemos realizadas em suas conquistas. Se algo não deu certo, elas souberam dar a volta por cima com a mesma determinação. É que elas seguiram o coração e perderam pouco tempo nas racionalizações, apenas o suficiente para pesar pós e contras e decidir.

Para a psicóloga Virgínia, a chave para confiarmos na intuição está numa postura mais reflexiva e no desenvolvimento da autoconfiança.

“Devemos confiar na intuição à medida que a autoconfiança e o autoconhecimento permitam ao indivíduo separar a intuição dos seus medos e desejos”, diz. A afirmação nos mostra que confiar na intuição está diretamente relacionada à nossa autoestima. Pessoas com baixa autoestima têm mais dificuldade em acreditar na inteligência intuitiva em função de uma desconfiança em relação a tudo o que venha de seu interior. A saída, nesse caso, é racionalizar ao máximo na tentativa de obter o sucesso que os sentidos estão a gritar. 
Mas nem sempre a racionalização – que vem recheada com nossa insegurança - atende aos clamores da alma.

O segredo para tomarmos atitudes baseadas em nossos mais profundos desejos está em ouvir a intuição e aprender a nela confiar. Se não houver brilho nos olhos e calor no coração, não siga por esse caminho. Por mais que a análise dos fatos te diga o contrário.


A educação dos sentimentos é a maior transformação que podemos almejar. O esforço pessoal nesta jornada é menos penoso se nos cercamos de boas leituras e amizades. Compartilho com vocês minhas reflexões para juntos plantarmos consciência..


http://obviousmag.org/reforma_intima/2016/por-que-preferimos-racionalizar-ao-inves-de-usar-a-intuicao.html?utm_source=obvious+subscribers&utm_campaign=0d69a1a7b6-MAILCHIMP_DAILY_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_7d1f58ded8-0d69a1a7b6-213482989&goal=0_7d1f58ded8-0d69a1a7b6-213482989


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CACHOEIRAS E SONOLÊNCIA - Jacinto Flecha

Cachoeiras e sonolência


Uma sequência de fatos "cachoeirável" será sempre motivo para alardes. Se deixamos de nos importar com a gritaria e com o que continua acontecendo, manifestamos assim nossa tácita anuência.

Em recente visita aos meus alfarrábios, encontrei um conto interessante, que passo a resumir para o prezado leitor.

Depois de observarem atentamente o comportamento noturno de uma pequena cidade, dois ladrões discutiram as possibilidades de êxito para o assalto. Como todas as casas tinham cachorros, o primeiro ladrão objetou que o da casa acordaria o dono. Mesmo se agissem cautelosamente, eles não teriam escapatória. O outro, mais experiente e atento à psicologia, afirmou que o latido do cachorro seria ótimo para o assalto. Ante a surpresa do comparsa, explicou:

— Quando o cachorro da casa latir, os da vizinhança vão acompanhar. Os policiais não terão como descobrir o local do assalto, pois haverá cães latindo em todas as casas. Os latidos vão até ajudar, abafando os ruídos que fizermos.

Concordaram que a ideia era genial, acertaram os detalhes da investida, e logo confirmaram que a confraria canina latia pra valer. Tudo corria bem, e eles nem se preocuparam mais com os ruídos que faziam. Aos poucos os cachorros foram parando de latir. Depois de alguns minutos chegou a polícia e os flagrou com a mão na massa. A caminho da delegacia, não conseguiam entender o que dera errado, e por quê. 
Perguntaram, e o policial explicou:

— Vocês não são os primeiros. Acontece que todos aqui estão acostumados com o latido dos cachorros, e continuam dormindo. Mas para o nosso trabalho, basta observar onde está o primeiro cachorro que parou de latir. Os outros vão parando de acordo com a proximidade, na mesma ordem em que começaram. Não dá para errar, nós sempre achamos o local do assalto.

Não sei se na prática as coisas funcionam exatamente assim, mas interessa-me o fenômeno de início e fim da sinfonia canina. Cabe ao primeiro cachorro despertar o dono da casa. 
Neste caso ele age como o spala de uma orquestra, e num crescendo esta atinge o seu tutti. Se o dono da casa não liga, o cachorro toma os intrusos como amigos, silencia seu instrumento vocal, e todos os outros o vão acompanhando. Se non è vero, è bene trovato, e isso me basta para fustigar certo tipo de cachorros.

(Por quê?! Que culpa têm os cachorros? Você parece perseguidor de cachorros)

Os cachorros não têm culpa. Estão ali para latir, e cumprem sua tarefa. De quem é então a culpa? Sua, meu caro leitor. Não, não adianta interromper a leitura e fugir de fininho, com ares de ofendido, porque a coisa é assim mesmo. Quer que eu explique?

Examine bem os fatos. Sendo o dono da casa, você compra um cachorro bravo para que o latido dele o acorde quando se apresente o intruso. O cachorro late o quanto pode, consegue até a ajuda prestimosa dos outros. Se você não acorda, ou volta a dormir depois que acordou, é sinal de que achou tudo normal. O cachorro cumpriu o seu papel, e a culpa só pode ser sua.

Entendeu bem o raciocínio? Pois então vamos a uma aplicação concreta.

Algum tempo atrás, a imprensa passou a divulgar o “caso Cachoeira”. Falou-se tanto de cachoeira, com tantas novidades diárias, tantos comentários, tanta piada para todos os gostos – uma verdadeira sinfonia canina anti-cachoeira – que aos poucos as pessoas ficaram saturadas, desinteressadas, sonolentas. Tanta insistência em cachoeira tornou irritante qualquer alusão a água escorrendo – queda d’água, enxurrada, cascata, corredeira, torneira aberta – servindo de sinal para a imprensa silenciar sobre isso e mudar de assunto. Aos poucos a mídia parou de matraquear, e o distinto público foi esquecendo cachoeiras e escândalos.
Não se viu uma solução adequada para as irregularidades, mas a gritaria acabou e tudo voltou aparentemente ao normal.

A propósito, o que foi feito do tal Cachoeira? Não sabe? Eu também não sei. Nem o pessoal da imprensa, tão zeloso em divulgar as cachoeirices, provavelmente não saberá informar-nos de pronto, sem consultar algum arquivo ou outras fontes jornalísticas. Transfira esses dados para mensalão, Celso Daniel, lava-jato, petrolão…

Uma sequência de fatos “cachoeirável”, como qualquer uma dessas, será sempre motivo para alardes. Se deixamos de nos importar com a gritaria e com o que continua acontecendo, manifestamos assim nossa tácita anuência. A imprensa cumpriu o seu papel, pelo menos enquanto o assunto dava ibope. Mas não reclamamos quando pararam de nos alertar, e assim contribuímos para os interessados arquivarem o assunto. Não cumprindo nosso dever, não reclamando, não protestando, temos que aguentar as consequências. E os cachoeiras da vida nos agradecem.

Jacinto Flecha, médico, cronista e colaborador da Agência Boa Imprensa.

http://ipco.org.br/ipco/cachoeiras-e-sonolencia/#.WGLqTlMrLIU

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NÃO CREIA EM ALGO SIMPLESMENTE PORQUE FOI FALADO E COMENTADO POR MUITOS.

Não creia


Há uma história indiana de um homem que era um ateu e agnóstico, um raríssimo tipo de postura na Índia.
Ele era uma pessoa que desejava livrar-se de todas as formas de ritos religiosos, deixando apenas a essência da direta experiência da Verdade.
Ele atraiu discípulos que costumavam se reunir ao seu redor toda a semana, quando ele falava a todos sobre seus princípios.
Após algum tempo eles começaram a se juntar antes do mestre aparecer, porque eles gostavam de estar em grupo e cantar juntos.
Eventualmente foi construída uma casa para as reuniões, com uma sala especial para o mestre agnóstico. Após sua morte, tornou-se uma prática entre seus seguidores fazer uma reverência respeitosa para agora sala vazia, antes de se entrar no salão.
Em uma mesa especial a imagem do mestre era mostrada em uma moldura de ouro, e as pessoas deixavam flores e incenso lá, em respeito ao mestre.
Em poucos anos uma religião tinha crescido em torno daquele homem, que em vida não praticava nada disso, e que, ao contrário, sempre disse aos seus seguidores que ficar preso a estas práticas levava frequentemente a pessoa a se iludir no caminho da Verdade.

“Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo, simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de gerações para gerações.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo por que está escrito em livros sagrados.
Não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme o que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida.”


Sidarta Gautama

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