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quarta-feira, 23 de março de 2022

POEMA DE PÁSCOA: A Jesus Cristo, Nosso Senhor




A Jesus Cristo Nosso Senhor

Gregório de Matos 

 

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

 


Gregório de Matos Guerra
, alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado um dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa no período colonial. Wikipédia

Nascimento: 23 de dezembro de 1636, Salvador, Bahia

Falecimento: 26 de novembro de 1696, Recife, Pernambuco

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