Nize
Cláudio Manuel da Costa
Nize? Nize? onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma que por ti suspira;
Se quanto a vista se dilata, e gira,
Tanto mais de encontrar-te desespera!
Ah, se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave, que respira!
Nize, cuido, que diz; mas é mentira,
Nize, cuidei que ouvia, e tal não era.
Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde
Mostrai, mostrai-me a sua formosura.
Nem ao menos o eco me responde!
Ah, como é certa a minha desventura!
Nize? Nize? onde estás? aonde? aonde?
(OBRAS POÉTICAS)
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CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
Um dos mais
justamente célebres poetas brasileiros, pertencente ao período clássico da
língua. Nasceu em Mariana a 05/06/1729. Estudou em Coimbra, onde se doutorou em
Cânones em 19/04/1753. Exerceu cargos durante o Governo Provincial (1762 e
1769). Participou da Inconfidência Mineira, vindo, em consequência, ser preso
(25/05/1789) e interrogado pela Alçada encarregada da devassa (02/07/1789).
Apareceu morto na prisão em 04/07/1789), dizendo uns que se enforcou e outros
que foi sufocado pelos adversários políticos. Na Arcádia adotou o nome de Glauceste
Satúrnio. Há quem com forte e justificada razão lhe atribua a autoria das Cartas
Chilenas, o mais famoso documento em verso da literatura nacional. Suas Obras foram
pela primeira vez editadas em Coimbra em 1768 e mais tarde reunidas por João
Ribeiro e publicadas em 1903, em dois volumes. Ficou famoso o seu poema “Vila
Rica”, editado após sua morte, em 1839, bem assim a sua “Memória Histórica e
Geográfica da descoberta de Minas”. É considerado pelos críticos como um dos
mais notáveis sonetistas da língua portuguesa.
JOSÉ SCHIAVO
(em “Os 150 Mais Célebres Sonetos da Língua Portuguesa” EDIÇÕES DE OURO, 1963).
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