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quarta-feira, 7 de abril de 2021

'CANTO ATÉ HOJE', SESSENTA ANOS DE VIDA LITERÁRIA DO BRASILEIRO CYRO DE MATTOS



'Canto até Hoje', Sessenta anos de Vida Literária do Brasileiro Cyro de Mattos

Por Alfredo Pérez Alencart

Escritor brasileiro Cyro de Mattos lendo no Teatro Liceo em Salamanca (foto de José Amador Martín)

Neste dia 8 de abril, a Fundação Casa de Jorge Amado sediará, em suas redes virtuais, o lançamento da obra poética completa do meu bom amigo Cyro de Mattos, que aos 82 anos publicou 56 livros no Brasil e 14 na Espanha, Alemanha, França, Portugal, Rússia, Estados Unidos, México, Dinamarca, Suíça ou Itália. Eu mesmo traduzi uma antologia poética dele, intitulada "Onde estou e estou", que apresentamos no Encontro de Poetas Ibero-americanos de 2013. Anos depois, em 2017, uma edição espanhola foi feita sob o selo Editorial Verbum.

Valioso é a obra poética e narrativa de Cyro de Mattos (Itabuna, Bahia, 1939), poeta, narrador, jornalista, advogado e membro da Academia de Letras da Bahia, que obteve diversos prêmios, como o Prêmio Nacional Ribeiro Couto, o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, o Prêmio Centenário Emílio Mora, o Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo D'oro (Gênova) ou o Prêmio Jorge Portugal das Artes, que facilitou a publicação da obra. Entre seus livros de poesia mais marcantes estão Vinte Poemas do Rio, Cancioneiro do Cacau, Ecológico, Vinte e Um Poemas de Amor, Devoto do Campo e Oratório de Natal, entre outros.

Capa da obra poética completa de Cyro de Mattos. O retrato da contracapa é do pintor Miguel Elías

Agora estão todos reunidos, os publicados no Brasil e em outros países, no "Canto até hoje", um volume de 800 páginas sob o selo da Fundação Casa Jorge Amado e o apoio do Estado da Bahia por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia). O volume, que será distribuído gratuitamente para bibliotecas públicas através da Fundação Pedro Calmon, também estará disponível para download gratuito em sua versão digital. Ao final do encontro de sua obra poética estão artigos e notas de escritores e críticos como Jorge Amado, Eduardo Portela, Nelly Novaes Coelho, Assis Brasil, Muniz Sodré, Heloísa Prazeres, Helena Parente, Graca Capinha, Maria Irene Ramalho, Juan Angel Torres Rechy e este, o que também assina a tradução completa de sua antologia poética 'Donde Estoy y Soy'.

Aqui eu recupero o pórtico que escrevi para aquela antologia sua, por mim traduzido.



 

POESIA E VIDA: CYRO DE MATTOS

A poesia, quando realmente é poesia, tem pouco a ver com literatura. Essa senhora esquiva está ligada à Vida : Poesia e Vida, como respirar e caminhar, como a profundidade milagrosa do Amor : poder salvador para alguns, aliviador para outros, Poesia remove o antifácio com a mão do mundo que é visto (e não visto) : e a vida aparece com sua culinária do futuro, verdadeira, mas especialmente com seu alfabeto do passado , com sua amostra do memorável na história do homem : é relâmpago e cicatriz, vida sem embaçamento...

2.

Eis que Cyro de Mattos nos mostra seu rastro de Vida, suas viagens íntimas : Cyro, o de Itabuna, nos permite viajar com ele; Ele nos oferece a chave para acessar os compartimentos mais seletos de versos dobrados à sua carne : Ele sempre carrega dentro da paisagem de sua pátria e sempre extrai, do fundo de sua inocência, algumas palavras que sustentam seus momentos de muitas décadas: "Naquele pequeno rio / todas as certezas do mundo".

Alves de Faria, Alencart, Tamura, Cyro de Mattos e Fragoso no Colégio Fonseca da Universidade de Salamanca (foto de Jacqueline Alencar, 2013)

3.

O telúrico passa por grande parte de sua criação lírica : "Pendure-me do vento e da chuva / a hora lírica do passado, / aquele que com emoção abençoada / à mão preenche as várias rações...", mas também o erótico : "Essa imensa vontade / de tirar seu corpo / com as duas mãos,/ mordê-lo como fruta, / beba-o como vinho..." : Poesia e Vida, forças suplicantes para engravidar o criado novamente, a paisagem que Cyro carrega na memória, as estações que o senhor sob seu céu, o tempo que passa com suas ameaças diárias : "Cada novo amanhecer / As sombras do tempo. / O autor de memórias" : um presente seguro, um carro alegórico para o tempo de vida eterno : Poesia...

4.

A criação está aos pés do Espírito. O ser humano sabe do Apocalipse, das revelações... Alguns fecham os ouvidos, outros cobrem os olhos – mas Cyro de Mattos racha os silêncios para que sangre Esperança e ensine seu Coração : ele se torna uma criança madura que olha através das fendas do mistério e, sem vergonha, testemunha sua fé : "Mas eu acredito naquela manhã / Anunciado em Belém..." : o cristão não diminui, sobe permeando honestidade a cada passo do poeta.

Alencart, Cyro de Mattos e Torres Rechy, do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca (2013, foto de Pablo Rodríguez)

5.

Eis Cyro de Mattos, voando para trás como um beija-flor : mas depois limpa névoas ou gritos pela degradação do planeta : aqui está e é apresentado completamente um poeta brasileiro que merece um aplauso muito caloroso : Poesia e Vida, um longo caminho que agora é coletado para que não haja banimento : e nem se esqueça.

Purificar a emoção, Poesia!

Junho e Tejares (2013)

Alfredo Pérez Alencart

Universidade de Salamanca

Alfredo Pérez Alencart e Cyro de Mattos (foto de Jacqueline Alencar)



‘Canto hasta hoy’, sesenta años de vida literaria del brasileño Cyro de Mattos (salamancartvaldia.es)


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