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domingo, 18 de junho de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: UM SONETO - Virgens Mortas

           
                    Virgens Mortas


Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento:
E a alma da que morreu, de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece.

Ó vós, que no silêncio e no recolhimento
Do campo, conversais a sós, quando anoitece,
Cuidado! – o que dizeis, como um rumor de prece,
Vai sussurrar no céu, levado pelo vento…

Namorados, que andais, com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado
E o casto coração das flores inflamando,

- Piedade! Elas veem tudo entre as moitas escuras…
Piedade! Esse impudor ofende o olhar gelado
Das que viveram sós, das que morreram puras!


Olavo Bilac
Poesias, pag. 162
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Olavo Brás  Martins da Silva dos Guimarães Bilac, considerado, já no seu tempo, “o príncipe dos poetas brasileiros”, foi, efetivamente, dos maiores da língua.

Pertenceu à escola parnasiana, de que foi um dos chefes. Nasceu no Rio de Janeiro em 16/12/1865 e aí faleceu em 28/12/1918.

Jornalista, ensaísta, conferencista, deixou também livros didáticos, crônicas e versos humorísticos.

Reuniu todos os seus versos sob a denominação de Poesias (1ª ed. 1888), obra aumentada em 2ª ed. (1902) e várias vezes reeditada (23ª ed. 1949).

Deixou, além desse, um mimoso livro de Poesias infantis, muito lido e divulgado, cuja 16ª ed. Data de 1946, e também: Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Últimas conferências e discursos (1924) e Ironia e Piedade (1916).

Seus sonetos são dos mais célebres da língua portuguesa e distinguem-se pelo apuro e casticismo da forma.

Foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, tendo escolhido por patrono a Gonçalves Dias (Cadeira nº 15), e como sucessor Amadeu Amaral.


(OS MAIS CÉLEBRES SONETOS DA LÍNGUA PORTUGUESA)
José Schiavo
EDIÇÕES DE OURO - 1963.




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UMA PASSAGEM MARCANTE! - Antonio Nunes de Souza

Uma passagem marcante!



Não é novidade que todas as pessoas que vêm ao mundo, nas suas passagens, deixam suas marcantes passagens, quer sejam benéficas ou, muitas vezes, até desagradáveis e tristes!

Claro que para esse segundo grupo, temos que ser benevolentes e perdoa-las, pois, talvez pelas faltas de oportunidades, tenham tido orientações desajustadas e até nem orientação tiveram. Mas, com relação ao primeiro grupo, temos que valorizar e reconhecer que suas passagens, deixaram marcas deslumbrantes e maravilhosas que servirão sempre de bons e invejáveis exemplos! Nessa categoria, obrigatoriamente, não torna-se exagero dizer-se que tratam-se de pessoas superespeciais e, uma delas, posso dizer de cátedra que foi uma lição de vida, pouco vista nos dias atuais: LETY GUIMARÃES DE AQUINO!

Essa pessoa que refiro-me, que tive o privilégio de conviver em torno da sua família por meio século, absorvendo em seus atos e procedimentos, os carinhos e afetividades que para todos ela dedicava, principalmente aos familiares e amigos. Sempre presente nas horas de servir, ombros normalmente disponíveis para choros ou lamentações e, como respostas, bons conselhos pela sua experiência de vida.

Não foi de muitos estudos, pois, na sua época, as moças eram mais criadas para serem prendadas donas de casas, esposas dedicadas e mães protetoras e cuidadosas e, nesses particulares ela fez um mestrado perfeito, tornando uma esposa maravilhosa, mãe de quatro filhos que foram muito bem educados e tratados com um carinho inigualável, pois, como uma ave, colocava todos embaixo das suas asas, dando uma proteção impecável e bendita! E, pela sua personalidade de solidária, ainda aconchegava seus irmãos caçulas, genros, noras e uma grande fatia de amigos!

Com os netos? Ave Maria! Quem quisesse que fosse bulir em um deles! Esses eram intocáveis e cheios de dengos e vontades!

Na vertente religiosa era uma verdadeira fiel aos seus princípios católicos, participando diuturnamente em todos os eventos. Amiga calorosa de todos os padres e, de quebra, ainda fazia e mandava um lanchinho para o Bispo! Nas decorações do templo, sempre estava presente não só ofertando, como trabalhando para dar brilho aos acontecimentos!

Sempre foi um esteio para o abrigo de S. Francisco. Cuidava dos velhinhos com carinho e devoção, como também preocupada com as dificuldades e as necessidades na parte arquitetônica. Foi uma das montadoras do Bazar e, por sua vez, dava seus plantões nas modestas vendas que ajudavam ao humilde abrigo!

Essa pessoa inesquecível e marcante partiu para estar ao lado de Deus e, tenho absoluta certeza, que foi recebida com tapete vermelho pelos anjos, tocando harpas e gritando Aleluia, pois, naquele momento, chegava alguém muito especial: LETY GUIMARÃES DE AQUINO!

Saudades? Até que poderemos ter! Mas, como já disse em um dos meus poemas: “Como poderemos sentir saudades por alguém ter partido, se esse alguém estará sempre em nosso coração partido?”


Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL


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ITABUNA CENTENÁRIA REFLETINDO: Arrogância

Arrogância
  
Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade para percebê-la. O efeito mais habitual de sua ação na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes. Entretanto, um estudo minucioso nos levará a concluir que, raríssimas vezes na Terra, encontraremos condutas livres dessa velha patologia moral.

Relacionemos outros efeitos dessa doença:

1- Perda do autodomínio.
2- Apego a convicções pessoais.
3- Gosto por julgar e rotular a conduta alheia.
4- Necessidade de exercício do poder.
5- Rejeição a críticas ou questionamentos.
6- Negação de sentimentos.
7- Ter resposta para tudo.
8- Desprezo aos esforços alheios.
9- Imponência nas expressões corporais.
10- Personalismo.
11- Autossuficiência nas decisões.
12- Bloqueio na habilidade da empatia.
13- Incapacita para a alteridade.
14- Turva o afeto.
15- Acreditar que pode mais do que realmente é capaz.
16- Buscar mais de que necessita.
17- Querer ir além de seus limites.
18- Exigir mais do que consegue.
19- Sentir que somos especiais pelo bem que fazemos.
20- Supor que temos a capacidade de dizer o que é certo e errado para os outros.
21- Sentir-se com direitos e qualidades em função do tempo de doutrina e da folha de serviços.
22- Acreditar que temos a melhor percepção sobre as responsabilidades que nos são entregues em nome do Cristo.
23- Julgar-se apto a conhecer o que se passa no íntimo de nosso próximo.
24- Desprezar o valor alheio.

A ausência de consciência sobre esse sentimento e suas manifestações de rebeldia tem sido responsável por inúmeros acidentes da vida interpessoal. Mesmo entre os seguidores das orientações do Evangelho, solapam as mais caras afeições, levando muita vez a tomar os amigos como autênticos adversários.
Ter autoconsciência é uma das habilidades da inteligência emocional. Saber dar nome aos nossos sentimentos é fundamental no processo de crescimento e reforma interior. A arrogância que costumamos rejeitar como característica de nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos.
A ignorância de seus efeitos em nossa vida é explorada pelos gênios astutos da perversidade no planeta.


Do livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos.

Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux

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