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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

ACADEMIA GRAPIÚNA DE LETRAS DÁ CONTINUIDADE A CICLO DE PALESTRAS

Por Dr. Vercil Rodrigues 

A Academia Grapiúna de Letras (AGRAL), sediada na cidade de Itabuna, sul da Bahia, realizou no último dia 7/8 (sábado), às 18 horas, reunião ordinária, através da plataforma Google Meet, em função da inviabilidade de reunião presencial, por causa das medidas restritivas acerca de distanciamento social, face à Pandemia Coronavírus (Covid – 19).

O acadêmico Samuel Leandro Oliveira de Mattos, presidente da entidade, abriu os trabalhos agradecendo a presença maciça dos acadêmicos e convidados. E em seguida falou da importância do ciclo de palestras da AGRAL, que foi iniciado em abril e continuará durante a sua gestão, cumprindo com isso um dos papéis de uma academia de letras, que é fomentar a cultura lato sensu.

O ciclo palestras começou com o acadêmico Jairo Xavier Filho, médico-cardiologista, que falou sobre “COVID 19: Fatos e boatos. Ciência e política”. Seguido do professor-doutor em educação física Samuel Macêdo Guimarães, “Acentuações Terapêuticas Corporais na Saúde Mental: Uma Contemporaneidade de Saúde Pública em tempos de Pandemia”. E a do professor-mestre Paulo Sérgio dos Santos Bonfim, “Da solidão do "cogito" à ética da alteridade: uma nova dimensão axiológica de 'ser' humano”.

Nessa reunião, coube ao acadêmico-presidente Samuel Leandro que proferiu palestra intitulada “Legado Cultural Árabe-Islâmico na Bahia”. Ao final, foi aberto o momento para perguntas e discussões. Então, comentaram, pontos da palestra, os confrades Claudio Zumaeta, que mencionou aspectos econômicos e comerciais relacionados à expansão Islâmica, a partir da influência do profeta Maomé na Arábia, Kleber Torres, que citou o livro de Jorge Amado, “A descoberta da América pelos turcos”, cujo tema se irmana com o da palestra e ratifica questões abordadas e Samuel Guimarães, que abordou aspectos da histórica dominação cultural de um povo sobre outro e, ainda, observou que o brasileiro conhece pouco da sua própria história. Após a apresentação, houve manifestações de apreço ao palestrante, pela riqueza cultural apresentada na sua explanação, sobre um capítulo da história do Brasil e da Bahia que não é conhecido pela maioria dos brasileiros.

(Ascom /AGRAL)

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CÃES MUDOS – Péricles Capanema


Péricles Capanema

 

O brado por liberdade e pão. Poucas semanas atrás o povo cubano exprimiu sua indignação pela tirania de décadas que o oprime. Falta de alimentos (fome, em português simples) e de vacinas foram o estopim próximo para a explosão da revolta popular. Manifestantes que lutavam por liberdade e pão acabaram presos, ameaçados, surrados. No mundo inteiro, para vergonha da gente que presta, governos e personalidades se manifestaram não a favor do povo, mas na defesa do governo opressor.

Favorecimento dos torcionários. Destaco quatro reações muito significativas. Lula aprovou o regime e escreveu: “O que está acontecendo em Cuba de tão especial pra falarem tanto? Houve uma passeata. Inclusive vi o presidente de Cuba na passeata, conversando com as pessoas. Cuba já sofre 60 anos de bloqueio econômico dos EUA, ainda mais com a pandemia, é desumano”. O PT secundou as manifestações do seu morubixaba. Cuba continua inspiração, tumor de estimação, para o PT.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, elogiou também o governo cubano: “Se os Estados Unidos e a oposição extremista querem realmente ajudar o povo cubano, levantem imediatamente todas as sanções e o bloqueio contra o povo cubano. Ofereço todo o apoio da República Bolivariana da Venezuela ao povo de Cuba, ao governo revolucionário de Cuba.”

Por seu lado, a China se apressou em sustentar a tirania em Cuba. Entre outras manifestações, em Brasília a embaixada chinesa divulgou comunicado: “A China se opõe à interferência estrangeira nos assuntos internos de Cuba e apoia o que Cuba tem feito na luta contra a Covid-19″.

Finalmente, declarou o ministro das Relações Exteriores da Rússia: “Vamos continuar apoiando Cuba em tudo, não apenas moral, ou politicamente, não apenas por meio do desenvolvimento da cooperação técnico-militar, mas também promovendo ativamente o comércio, projetos econômicos que permitam à economia deste país ser mais firme diante de ataques externos. Acredito que vamos conseguir”.

Uma poderosa voz de consolo. Em sentido contrário, o governo dos Estados Unidos colocou-se ao lado do povo cubano: “Estamos com o povo cubano e seu apelo alto e claro por liberdade e alívio”. Condenou as “décadas de repressão e sofrimento econômico a que foi submetido pelo regime autoritário cubano”. E aduziu: “O povo cubano está reivindicando com bravura seus direitos fundamentais e universais”.

A mão que apaga e a voz que adormece. Nesse ambiente, o Papa Francisco decepcionou os católicos cubanos com declaração ambígua: “Estou muito próximo do povo cubano nesses momentos difíceis, em particular das famílias que sobretudo sofrem. Rezo ao Senhor para que ajude a construir na paz, diálogo e solidariedade uma sociedade cada vez mais justa e fraterna”.


Angústia corajosa e lúcida.
Ninguém expressou melhor a decepção que dona Maria Victoria Olavarrieta [foto], cubana exilada em Miami, em mensagem ao Papa Francisco, carta amplamente divulgada (está na rede), da qual coloco aqui alguns trechos: “Os católicos cubanos, desde que começaram os protestos em Cuba, estamos esperando que o senhor levante sua voz. Dói muito que, enquanto reprimem o povo que saiu às ruas pedindo liberdade, o senhor tenha palavras para felicitar o triunfo da Argentina na Copa América. Nossa Igreja foi perseguida, ameaçada, vigiada, invadida pelos agentes de segurança do Estado. O senhor disse aos jovens: ‘Lutem por seus sonhos, mas sonhem em grande, não deixem de sonhar’.Os jovens cubanos que nasceram na ditadura e foram doutrinados, educados em escolas ateias, em uma sociedade de partido único, que cresceram — alguns comendo e se vestindo com as ajudas de seus familiares no exílio, e outros na miséria mais absoluta —, estão sonhando em ver seu país livre. O senhor os convidou a sonhar, e agora que os estão matando por gritarem seus sonhos, o senhor guarda silêncio! Tive diversos alunos venezuelanos e vi o sofrimento de seus pais, porque o senhor guardou silêncio quando assassinavam os estudantes nas ruas de Caracas. As pessoas morrem de fome na Venezuela, e o senhor não condena publicamente os responsáveis. O sangue correu na Nicarágua. O Papa fala de tudo, mas dos crimes dos ditadores e dessas três tiranias irmãs o senhor não opina. O Vigário de Cristo na Terra não deve discriminar suas ovelhas. As ovelhas vítimas dos regimes comunistas, sentimo-nos como se fôssemos suas ovelhas negras. Hoje quero ser a voz das mães cubanas que estão vendo seus filhos passar fome, que não têm remédio; quero lhe apresentar a dor das avós cujos netos foram fuzilados gritando ‘Viva Cristo Rei!’, a vergonha dos pais que não conseguem sustentar os filhos com o fruto de seu trabalho, e vivem mal, esperando as remessas enviadas por seus familiares do exterior. Apresento-lhe a tortura dos presos políticos; o ódio de irmão contra irmão que os Castros semearam; os idosos que viram partir a família que criaram, e morreram sem nunca mais verem seus filhos e netos! Nós, cubanos, nos sentimos abandonados, órfãos do Papa”.

Cães mudos. Nem há o que comentar, o texto fala mais que qualquer glosa. Enquanto lia a mensagem da angustiada e abandonada católica cubana, vinham-me à mente trechos bíblicos, sua elevação e ensino fortalecerão os católicos cubanos em seu desamparo. “As suas sentinelas estão todas cegas, todas se mostraram ignorantes; são cães mudos, que não podem ladrar, que veem coisas vãs, que dormem, e que amam os sonhos” (Is 56, 9-10). “E, se algum de vós pedir pão a seu pai, porventura dar-lhe-á ele uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, porventura, dar-lhe-á ele, em vez de peixe, uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião?” (Lc 11, 11-12). “Eu vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi o seu clamor causado pela crueza daqueles que têm a superintendência das obras. E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos dos egípcios” (Ex 3, 7-8).


https://www.abim.inf.br/caes-mudos/

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