Total de visualizações de página

domingo, 9 de abril de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA – De Partir – Geraldo Maia


De Partir

E de repente já não me amavas
De repente o raio pirata
A lâmpada inverno
De súbito o amor inferno
O vento canalha
A porta fornalha te tragou sem fé
e te levou para qualquer horizonte
Foi de repente que a viola engasga
A lágrima rasga o contrato com o coração
De repente a rede moinho o passo carinho
A casa partida nem disse adeus
aos mares de mal
à bocacidade
De repente restos de sonhos em meio à lama
Pedaços de alma espalhados no chão
De repente o dia se espalhou por séculos
Por trás dos óculos era tudo breu
O que era eu virou estranho
O que é teu não tem tamanho
e os vestígios dos teus vestidos se divertiram
pelos escombros do abandono
O pranto a meio pano brincou de lava inconsolada
magma de amor rompido pela fúria do deserto que
de teus passos devora carícias devasta
a ternura apaga o perfume do silêncio
De repente te fostes quando chegastes de uma esquina
dessas dentro da lágrima de onde emergistes náufraga
do desejo e da palavra carregada de manhãs brotastes
do campo desolado da dor e da tortura tua chegada
foi uma convocação de bálsamos e unguentos
de procedimentos de perdão e misericórdia
Chegastes com o sol a pique e no abismo do corpo
eu estava morto mas urgias ressurreição imediata
precisavas de sangue e espírito e não lápide ou látego
urgias chamas e chamego e não o argumento da indiferença
precisavas de um canto e cantiga e então louvei a Deus por tua chegada
pela réstia de mãos em teu umbigo a gota de vida em teu viço
Então orei em uma linguagem de sobreviventes pela chama que
ainda ardia em tua risada fui sereno e surpreso em meio à porta
forjei porto e perdição para tua livre lavra
deixei em teu colo a nascente do beijo e da saudade
para que quando resolvesses ir embora não precisasse
de tradução ou relógios e tudo fosse como a tempestade
que agora devora ventos e arrebenta os rios e foge
pelas nuvens para não sentir qualquer dúvida
qualquer tremor em teu passo de partir.


Geraldo Maia, poeta
Estudou Jornalismo na instituição de ensino PUC-RIO (incompleto)
Estudou na instituição de ensino ESCOLA DE TEATRO DA UFBA
Coordenou Livro, Leitura e literatura na empresa Fundação Pedro Calmon
Trabalha na empresa Folha Notícias,

Filho de Itabuna/BA/BRASIL, reside em Louveira /SP.

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário