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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

AMBIENTALISTA MARIO MOSCATELLI É O PALESTRANTE DA SEGUNDA CONFERÊNCIA DO CICLO “O BRASIL EM 2050”


A Academia Brasileira de Letras dá continuidade ao seu Ciclo de Conferências do mês de outubro, intitulado O Brasil de 2050, com palestra do ambientalista Mario Moscatelli. O tema escolhido é Rio de Janeiro, um futuro socioambiental inviável? Diagnose e perspectivas. A coordenação é do Acadêmico e escritor José Murilo de Carvalho. O evento será realizado quinta-feira, dia 10 de outubro, às 17h30, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson, 203 – Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora-geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Os Ciclos de Conferência, com transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, têm o patrocínio da Light.
Serão fornecidos certificados de frequência.
A intitulação O Brasil em 2050, segundo o Acadêmico José Murilo de Carvalho, refere-se às consequências que acontecerão no Brasil nos próximos 30 anos. Uma mudança que está relacionada aos aspectos sociais, ambientais, econômicos e políticos, e à literatura brasileira.
O Ciclo O Brasil em 2050 terá mais três palestras, às quintas-feiras, no mesmo local e horário, nos seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 17, Cláudio Frishtak, A economia brasileira na era da incerteza; dia 24, Sergio Abranches, A grande transição do Século XXI e o futuro do Brasil; e dia 31, Rodrigo Lacerda, Horizontes da literatura brasileira: cenários para 2050.
O Conferencista
Mario Moscatelli é biólogo, mestre em ecologia, especialista em gestão e recuperação/criação de ecossistemas. Responsável pela recuperação de manguezais da Lagoa Rodrigo de Freitas, Canal do Fundão, aterro de Gramacho, Parque Olímpico, entre outros. Criou o projeto de gerenciamento ambiental aéreo Olho Verde.
Leitura complementar
Biblioteca Rodolfo Garcia disponibiliza seu acervo para pequisa e leitura de obras relacionadas ao tema desta conferência, como "A saúde pública no Rio de Dom João""Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro" e "Crônica para a cidade amada".
Para consultar mais materiais como os citados, acesse o link abaixo e visite os "Levantamentos bibliográficos" realizados para este evento.

03/10/2019



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QUANDO ABRI O QUARTO! - Antonio Nunes de Souza


Quando abri o quarto, depois de forçar bastante a porta, deparei com Lúcia sentada, cabeça sobre a penteadeira, respingos de sangue no espelho e, no tapete branco, uma enorme mancha vermelha escura decorrente do seu trágico gesto. Ainda em sua mão, segurava firmemente o revólver causador daquele estrago. Corri desesperado colocando-a em meus braços, mas, infelizmente, já era tarde demais. Lúcia estava morta!

Uma crise de choro apoderou-se de mim, ao tempo que a apertava contra meu corpo, estarrecido e surpreso pela sua grotesca atitude suicida, querendo entender o “por que” de tal gesto.

Mesmo com minha cabeça totalmente debilitada pela cena e o fato, tentei a todo custo rememorar tudo de nossa vida, no sentido de captar alguma coisa ou motivo que pudesse de alguma forma, leva-la a desejar acabar com a sua linda e jovem vida.

Conhecemo-nos há dois anos, estudávamos na mesma faculdade, sendo que eu fazia economia e ela enfermagem. Fomos apresentados por um amigo comum e, logo, logo, nos identificamos e começamos a namorar. Como era nosso último semestre, com as preocupações das provas finais, teses, plantões, etc., nossos encontros eram restritos apenas aos fins de semana, ocasiões que aproveitávamos bastante para conversar, ir ao teatro, cinema, trocar informações, quebrar as tensões dos estudos e curtir nossa alegria e felicidade. Amávamo-nos profundamente! Somente em olhar para o meu rosto, sentia o prazer incomensurável de estar ao meu lado, sendo que essa reação era idêntica da minha parte. Não vivíamos um para o outro, vivíamos ambos, despojando-nos de todos os bons sentimentos, para que nos transformássemos em uma pessoa só. Um amor raro, belo e invejável!

Como éramos do interior, eu morava em um modesto pensionato e Lúcia dividia o apartamento com uma amiga. Ela somente dedicava-se aos estudos, sendo provida totalmente pelos seus pais. Quanto a mim, fazia trabalhos eventuais, principalmente pesquisas e projetos, para complementar minha manutenção, pois meu pai não tinha condições de bancar-me na capital. Além do meu sacrifício, uma tia ainda me ajudava eventualmente. Minha formatura era o esperado orgulho de toda família. Seria eu o primeiro de duas gerações a completar o curso superior, que para eles era chamado pomposamente de doutor.

Depois de desfilar todos os meus pensamentos procurando razões ou motivos, infelizmente, nada encontrei que, mesmo de longe, justificasse tal gesto! Aos prantos, chamei os colegas dela vizinhos e eles se encarregaram de ligar para a polícia. Depois de alguns dias, já feitas as perícias e comprovadas que foi uma atitude solitária e suicida sem nenhuma explicação, ficamos todos na obscuridade de uma justificativa, uma vez que não foi deixado nenhuma carta ou bilhete e o revolver foi comprado por ela mesma em uma loja da cidade.

Hoje, dez anos depois, não consegui esquecê-la completamente e, sinceramente, vivo intrigado como uma pessoa amando e sendo amada por todos, realizando-se profissionalmente, inteligente, educada e feliz, comete tal loucura. Só posso dizer que são fatos inexplicáveis dessa Vida Louca que vivemos!

Quando nessas situações ouço alguém dizer: “Deus sabe o que faz!”, não ouso duvidar, mas...


Antonio Nunes de Souza, escritor,
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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