Total de visualizações de página

domingo, 27 de novembro de 2022

🔴Agora a pouco Movimentação no Rio de Janeiro

 Raquel

 Cyro de Mattos

 


          É uma criatura afável, que sorri com prazer quando o assunto é literatura, em especial poesia. Comunicadora social de mão cheia. Integra o corpo de membros efetivos da Academia de Letras de Itabuna, na qual ocupa a cadeira 25, cuja patrona é Elvira Foepel.  Com os seus gestos atenciosos e ao mesmo tempo vibrantes, a entidade ganha brilho, reveste-se com generosos cantos, cores suaves. Trescala bem-estar por entre os seus pares.

           Ficamos seduzidos com o que ela faz pela Academia. Disponibilidade anímica, muitas vezes com sacrifício pessoal, está sempre de prontidão pelo bom fazer da Academia de Letras de Itabuna. Emerge dela com uma candura que impressiona a todos que recebem sua presteza.  

          Exerce a profissão de psicanalista, é querida pelos pacientes, que muito agradecem seus cuidados e acertos para afugentar os bichos temerários da alma. Eles fogem com as maneiras competentes de Raquel, os ramos de luz que se entreabrem dos fundos de sua alma e molham de alento os que vão em busca de seu auxílio. 

           Sua casa está sempre iluminada, ventilada, juntamente com o maridão Wald e às filhas Mel e Lunna, duas pérolas.  O convívio ameno dos quatros demonstra que o sentimento mais forte que temos só pode ser o amor, principalmente quando se propaga entre o homem e a mulher por anos lavados de entendimento, sem medos. 

          Conheci Raquel quando era presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania. Certa vez, ao adentrar em meu gabinete encontrei em cima da mesa um DVD, a secretária disse-me que foi uma moça que havia deixado para que eu quando pudesse e quisesse fosse assistir o documentário que ela fez.  Foi o que fiz em casa.  Era um documentário sobre a Amazônia, dirigido por Raquel, que demonstrava com as tomadas de cena um talento e sensibilidade marcantes, de cineasta que sabe das coisas.  Assim nasceu nossa admiração e amizade.

          Indiquei mais tarde Raquel para que dirigisse um documentário sobre Itabuna, para constar da programação do centenário da cidade. Foi outra maravilha que ela realizou para ser exibida na tela.  Os que lotaram as dependências do teatro do Centro de Cultura Adonias Filho de Itabuna vibraram a cada lance das entrevistas tomadas com pessoas simples e significativas de uma cidade do interior, seus hábitos e falares que faziam rir, alguns comoventes.   A cineasta colocava na tela com toques de humanidade capturados do cotidiano o cidadão puro e verdadeiro, advindo do bom relacionamento que se tem pela vida.

          Criatura leve, leitora proveitosa da boa literatura. É isso aí o que por enquanto tenho a dizer sobre a amiga e confreira Raquel. Vocês saberão mais quando tiverem a sorte de conhecê-la de perto. 

 ------------

Cyro de Mattos é escritor e poeta. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Publicado nos Estados Unidos, Dinamarca, Rússia, Portugal, Espanha, Itália, França e Alemanha. Membro efetivo das Academias de Letras da Bahia, de Ilhéus e Itabuna.  Doutor Honoris Causa da UESC.

* * *

LÍNGUA TURCA: AMA AZUN! - Marco Lucchesi


Idioma de densas camadas

Entrei cedo na escola dos ventos, nas ondas frias e atrevidas. Não sei aonde me vou, se nas águas do Bósforo ou da Guanabara.

Tecida de onda e vento, a língua de Istambul. Ouço rumores do livro didático: tekneler yavas geçiyor, nos barcos que deslizam vagarosos.

Rio de Janeiro, também uma Istambul dos trópicos. Leio o diário de Baghdãdĩ, ao narrar a chegada de um navio otmano, vindo para uma secreta missão ao império do Brasil. Disfarçados, assistem à missa de Páscoa na antiga Igreja da Sé.

Guardo de tudo hüzün e saudade. Leio Machado e Tapinar, íntimos de Sterne, como se amigos fossem entre si. A música do Memorial de Aires e do Instituto de regulação dos relógios (Saatleri ayaarlama enstitüsü). E reúno versos de Drummond e Nâzım Hikmet, Yunos Emre e Henriqueta Lisboa. Vizinhos potenciais, nas prateleiras, no mundo aberto.

O turco é língua de densas camadas. Pedra acesa na escuridão; fosforescente quanto ao timbre das vogais. Tremas  que cobrem o "o" e o "u"; formas longa e breve do "a"; o "i" com ou sem ponto. Não há vogal de férias. São oito que trabalham. Delas depende a vocação aglutinante, conduzida pela harmonia vocálica. Quase demissonárias, as proporções. Porque os casos gramaticais resolvem tudo, ou quase. Como os desenhos de um tapete universal.

No início, o turco parece um mosaico. Um tipo de quebra-cabeça rigoroso, até ficarmos íntimos das peças. Da língua escura nasce a luz de Caravaggio.

A parte desse undo dedique Bizâncio. Fiz amizade ou traduzi vários poetas: Bejan Matur, Ataol Behramoğlu, Tozan Alkan. Passei a traduzido e interrogado. Sem falar com Yunus e o citado Nâzım.

Minha proximidade com o árabe e o persa foram determinantes, para cantar Yine bir gülnihal, de Dede Efendi.

Tenho o livro-monumento dos poetas otomanos, o divã de Eliot, quase outra língua, sortidae plural. Forma sagrada, corânica, no alfabeto persa.

Mais tarde, com a decisão fonocêntrica, iniciada no século 19 e ultimada com a reforma de Atatürk, ocorreu uma das maiores aventuras língua adentro. Dois autores, dentre outros, levaram-me ao coração do processo, Geoffrey Lewis (The turkish language: a catastrophic success) e Negris Ertürk (Grammatology and literary modernity in Turkey).

Fantasmas sonoros, imagéticos, redivivos, sonhos de laços míticos, laboratório, tubos de ensaio, espelho côncavo.

O mito de Instambul serviu, como Florença, a imprimir na cera a forma de uma língua. Ao mesmo tempo, a chuva torrencial de neologismos, empréstimos das línguas asiáticas afins. E as tantas sugestões de Ataç, Atay, Sayılı. A língua com seus jogadores de cartas.

Depois veio a teoria do sol, a güneş dil teorisi, sonho, baliza e represa ao processo radical de substituição semântica, das palavras persas e árabes, em prol de uma ilusória pureza (öz türkçe). A teoria de Kergic, distante da ciência e pura ideologia, fez do turco a mãe de todas as línguas. Criava, a bem dizer, uma trégua no campo da reforma linguística. Dois espectros de uma suposta fala adâmica de origem turca (sem base etimológica): yaltrik > elétrico e Ama uzum ("Mas é grande") > Amazônia!

Não morreram certas franjas ideológicas. Um olho no Ocidente e outro na mítica Turan, com Ziya Gökalp.

Os relógios de Tanpınar  batem hoje bem mais livres. O instituto perde a razão de ser. A língua mede o presente infinito, porque dispõe de um vasto patrimônio. Cidades invisíveis, como as de Calvino, de Xinjiang e Sarajevo. Não lhe faltam recursos. Importa o modo de aplicar tanta riqueza. Não faltaram poetas, prontos a gastar a generosa herança.

Comecei dizendo que entrei cedo na escola dos ventos, nas ondas frias e atrevidas. O Bósforo e a Guanabara.

O vento de Instambul. Sopra incessante em toda parte. É brisa delicada ou temporal. Corre para um destino irreverssível. Flecha do tempo, abraça agora passado e futuro. Entre o Flamengo e Üsküdar. Ventro que varre as velhas ruas de Bizâncio. Sopra nas ilhas Maricá e na torre de Gálata. Vento que nada pede para si. Apenas beleza de seu torso nu.

comunitàitaliana | novem, 19/11/2022

 

https://www.academia.org.br/artigos/lingua-turca-ama-uzun

--------------

Marco Lucchesi - Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da ABL, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila , foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha. Foi eleito Presidente da ABL para o exercício de 2018, 2019, 2020 e 2021.

* * *

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Vigésimo Quinto Dia Nas Ruas Da Bahia

O Poeta

 Cyro de Mattos

   


    

 Tinha ido comprar remédios para a esposa.

 Encontrei com ele na farmácia.

 Deu-me tapinha no ombro.

- Bom dia poeta, ele disse.

 Senti um friozinho na barriga.

- De que você me chamou? – perguntei.

- Poeta, não gostou?

- Não é bem assim, você exagerou. 

Ele quebrou o silêncio.

- A floresta dos poetas é grande, cabem todos, inclusive o medíocre cheio de bajuladores, acrescentando: - Você cabe nela, por merecimento.

Retornei.

- Poeta foi Homero, Dante, Pessoa, Camões, Eliot, Drummond, Pablo       

 Neruda e Carlos Drummond de Andrade, todos eles geniais.

 Inconformado ele:

 - E daí? Você é dos nossos, para honra e glória da comunidade.

 Ponderei.

 - Você é generoso.

 Perguntou curioso:

 - E como é que você quer que eu diga quando falar de você?

- Inventor de ingenuidades ou leitor curioso de poetas geniais.

Dessa vez, ele não disse nada.

Pagou o remédio que comprou, saiu com a cara de quem nada

gostou do que eu disse no final.

Paguei o remédio que comprei, saí da farmácia pensativo, lá adiante monologuei.

- Meu Deus, o que sou mesmo?

Tinha aquele mesmo friozinho na barriga. 

 

Cyro de Mattos é escritor e poeta. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Publicado nos Estados Unidos, Dinamarca, Rússia, Portugal, Espanha, Itália, França e Alemanha. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa pela UESC.


* * *

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

África

Cyro de Mattos




Longe, tão longe
na savana soprando
o espírito de Deus.
A aldeia uma terra
que na semana usa
manhãs de brilho,
ventos, chuvas,
contas, búzios.
Entre os cânticos,
passos, braços,
calor do peito,
suor do corpo,
ancestral laço.

Longe, tão longe
estrelas piscando.
Cachos de prata
descendo da lua
na noite calma.
 A natureza plena
como deve ser
vista, tocada.
Temida no claro,
caçada no escuro
sob perfeita ordem.
Menos para o golpe
do capitão branco,
de vilania o portador, 
o litoral agitando.

No saque que urdiu
ferro inconcebível
encarnado de sangue
extirpou da mãe
o filho sem dó.
 Homem no porão
(em África venceu o leão)
agora no ferro, preso,
horror e lágrima
dizem que é bicho
recuado no ar fétido,
seu corpo amassado,
sem perdão marcado.

Inapagável é esse borrão
que o fez sustentar
com fortes chibatadas
todo o peso terrestre
de uma cena perversa    
voraz em boca enorme.
Do sonho atrás despido,
jogado na cova rasa,
órfão, sem presteza,
sina fustigada no exílio,
apagado, mais nada. 

 

Cyro de Mattos é escritor e poeta. Publicado por várias editoras na Europa. Premiado no Brasil, Itália, Portugal e México. Membro da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa pela UESC.

* * * 

sábado, 19 de novembro de 2022

A Mata Intacta

Cyro e Mattos

 


É perigoso andar na mata, propaga a voz dos mais velhos.

Cada bicho traiçoeiro vive lá na terra e ar.

 É assim mesmo como dizem?  A natureza estabeleceu sua ordem para que os habitantes da mata saibam que lá existem vida e morte. 

Há movimentos nos ciclos vitais de cada estação, surpresas com os verdes e sustos nos maduros.

 Lá não se mata por prazer, somente para comer, defender-se ou proteger o filhote. Os bichos pulam nos galhos, macaco faz deles seu trapézio dado por Deus. Pendurado no cipó vai de uma árvore distante a outra. Alegres festejam a vida quando encontram nos galhos os frutos maduros e doces.

Tem um sono milenar. A cabeleira verde quase sem fim. Uma magia que não se revela, lavada pela chuva ninguém sabe como aparece. 

No chão coberto de folhas a planta nasce entre os escombros da árvore tombada. Viceja e vira outra árvore. Leva anos para virar de muitos andares, morada dos bichos e pássaros. Vem o homem com a serra, num instante põe abaixo o que natureza demorou anos para fazer com engenho e arte.

Será que nunca sabe que sem as árvores a mata recua, os bichos desaparecem, as nuvens passam longe, levando com elas a chuva. A terra fica deserta, sem os sons e as cores não se vê mais festa nos dias.

No seio fresco da mata a flor é tecida com o sonho, o ramo de luz com o verde. Riacho mina na pedra, desce, dá volta como cobra, barco da noite com a lua no cipoal derrama prata.

Quando vai à mata a índia, na trilha caminha esperta, acode nas asas maternais o bicho que caiu na cilada.  Solta o passarinho no alçapão, protege perdido o filhote, fica admirando o carinho que as araras fazem uma na outra. 

Rio não se esconde da chuva, a terra não dorme amarga.

Abelhas operosas zumbem, de mel fabricam as horas.

 Macaco, tamanduá-bandeira, preguiça, capivara, veado.

 De dia expelem odores. estrelas carregam à noite. 

 

Cyro de Mattos é jornalista, cronista, contista, romancista, poeta e autor de livros para crianças. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

* * *

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

GENERAL VILLAS BÔAS: O voto é Secreto; a Apuração é Pública



As duas semanas que se encerraram foram marcadas por eventos significativos.

A população segue aglomerada junto às portas dos quartéis pedindo socorro às Forças Armadas. Com incrível persistência, mas com ânimo absolutamente pacífico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados à democracia, a independência dos poderes, ameaças à liberdade e as dúvidas sobre o processo eleitoral.

O inusitado diante dos movimentos foi produzido pela indiferença da grande imprensa. Talvez nossos jornalistas acreditem que ignorando as movimentação de milhões de pessoas elas desaparecerão. Não se apercebem eles que ao tentar isolar as manifestações podem estar criando mais um fator de insatisfação. A mídia totalmente controlada nos países da cortina de ferro não impediu a queda do Muro de Berlim. A história ensina que pessoas que lutam pela liberdade jamais serão vencidas.

Concomitantemente, as Forças Armadas emitiram duas notas: a primeira, assinada pelo Gen Paulo Sérgio, Ministro da Defesa, trouxe anexo um relatório com 65 páginas, detalhando passo a passo a auditoria empreendida pela equipe multidisciplinar do MD.

Simplificando, a essência da questão se prende a que o ato de votar deve ser privado, enquanto a apuração deve ser pública e auditável.

Em 11 de novembro último, os Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica emitiram uma nota de apenas uma folha suficiente para demonstrar o apego aos princípios e valores militares bem como ao texto constitucional

Por fim, não pode deixar de ser destacada a liderança, o equilíbrio, a serenidade e a autoridade dos atuais comandantes e do Ministro, condições com as quais asseguram a disciplina e a coesão de seus subordinados. Externamente, reforçam a confiabilidade que a população, não por acaso, elege como as de nível mais alto do país.

 

                                                                                                                             General Villas Bôas, 2022


* * *

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Vercil Rodrigues lança livro sobre 

José de Almeida Alcântara e o 

populismo em Itabuna


 

O professor, historiador, advogado e jornalista Vercil Rodrigues lança no mercado literário o seu oitavo livro pela Direitos Editoria. Nesta nova obra: “José de Almeida Alcântara: o populismo em Itabuna”, ele conta parte da rica e emocionante trajetória do saudoso ex-prefeito de Itabuna, que nas décadas de 1950/1960 arrastava multidões, especialmente os pobres, quando moldou e mudou a forma de fazer política no interior baiano, dividindo suas atenções com todas as classes sociais, sendo o primeiro grande político populista da região cacaueira e que fez “escola”.

“José de Almeida Alcântara: o populismo em Itabuna”, tem 222 páginas divididas em 5 capítulos, com uma narrativa precisa dos fatos, baseada em apurada pesquisa e depoimentos, além de diversas fotos que tão bem retratam o momento e a época. Vercil Rodrigues, que é autor dos livros “Breves Análises Jurídicas” (2010), “Análises Cotidianas”, “Dicas de Direito Imobiliário”, “Dicas de Direito Previdenciário”, “Jornal Direitos, 12 anos de História...Entrevistas”; “Tribunal do Júri – História, origem e evolução no Direito Processual Penal” e “Jornal O Compasso, 10 anos de História Maçônica... Entrevistas” (2022) todos pelo selo Direitos Editoria, não esconde que esse livro é um sonho antigo que ele finalmente realizou.



Para o autor a política grapiúna e a forma de administrar Itabuna tem dois momentos: o primeiro, até Alcântara e o segundo, pós Alcântara. O livro tem um corte temporal nas décadas de 1950/1960 e conta um período dos tempos áureos da região cacaueira e da retomada da democracia no Brasil, além do surgimento de políticos populistas e próximo ao povo e seu eleitorado.

Essa obra mostra uma nova faceta desse inteligente e multiprofissional Vercil Rodrigues, que divide o seu dia como professor, advogado, historiador, jornalista e imortal das academias de Letras de Ilhéus (ALI), Academia Grapiúna de Letras (AGRAL) e Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia (Aljusba) e ainda arruma tempo para realizar esse projeto inovador, rico em história de Itabuna e regional e que servirá como fonte de pesquisa para essa e as futuras gerações.

 

Quem é Vercil Rodrigues

O autor é casado com a empresária Angélica Rodrigues e apesar das inúmeras profissões e graduações, não esconde de ninguém que tem alma “camelô”, “vendedor” e “comerciante”, ou seja, de empreendedor. O bem sucedido e multiprofissional é filho de uma comerciante/camelô e cresceu se aventurando pelos campinhos de terra da Mangabinha e tomando banho no rio Cachoeira. O menino cresceu, virou cobrador de ônibus, vendedor, produtor de bandas regionais (sempre estudando muito), virou professor, advogado, historiador, jornalista e hoje é um dos grandes autores que Itabuna tem, com oito livros lançados nos últimos 10 anos. “Trabalho diariamente pelo menos 18 horas por dia, pois acredito que o trabalho e o conhecimento são a base do sucesso profissional do indivíduo”, diz Vercil Rodrigues.

 

Por Arnold Coelho

Designer Gráfico, diagramador e jornalista MTB 6446/BA

* * *

3ª Edição do Festival Literário Sul – Bahia acontecerá em Ilhéus entre os dias 17 e 19 de novembro

 


                A cidade de Ilhéus vai receber a 3ª edição do Festival Literário Sul – Bahia (FLISBA), que acontecerá entre os dias 17 e 19 de novembro de 2022. Pela primeira vez, o FLISBA ocorrerá de forma presencial e as mesas principais serão transmitidas pelos canais do  Flisba na internet. O Festival este ano tem como tema: Resistência Cultural - Literatura, Educação e Liberdade. O objetivo dos organizadores é reunir os escritores e as diversas pessoas interessadas nas diversas linguagens artísticas para refletirem sobre a literatura e as artes e suas conexões com a educação e a liberdade. A programação envolve mesas, conversas, saraus, música e oficinas, além do Slam Sul – Bahia Magnus Vieira, competição de poesia falada.

                O FLISBA DE 2023 homenageia duas grandes personalidades da cultura sul-baiana, a professora Tica Simões e o professor Apolônio Brito. Ambos possuem uma forte atuação na área da educação na Bahia. O professor Apolônio Brito nasceu em 1919 num remanescente de quilombo. Em pleno século XX, foi escravo por um ano em troca do enxoval de casamento de sua irmã, conta o professor Samuel Mattos no livro “Apolônio, o multiplicador”, de lá para cá se tornou um referencial no sul da Bahia. Por sua vez, a professora Tica Simões consolidou uma carreira de ensaísta e docente na antiga FESPI e atual UESC, onde colaborou para as pesquisas nas áreas da cultura e do turismo, desenvolvendo inúmeras ações de promoção nas respectivas áreas. Ela acabou de ser eleita para fazer parte da Academia de Letras de Ilhéus e já integra a Academia de Letras de Itabuna desde a fundação.

                As mesas e conversas contarão com diversos escritores e escritoras, como: Aleilton  Fonseca, Maria da Luz Leite, Marcus Vinicius Rodrigues, Marcos Luedy, Rita Santana, Efson Lima, Katiana Rigaud (Clube de  Lu), Valdeique Oliveira (Café com poema),  Lia Sena (Mulherio das Letras – Bahia), Clarissa Melo, Ramayana Vargens,  Ruy Póvoas, Ana Lúcia Santos,  Daniel – Ladrão de Livros,  Alex Simões, Pawlo Cidade, Silmara Oliveira, Geraldo Magela, Adroaldo Almeida, Gabriel Nascimento, Mestra Janete Lainha, Jailton Alves, André Rosa,  Luh Oliveira, Indy Ribeiro, Fabrício Brandão e Dan Gomez, entre outros convidados que participarão das discussões.

                Haverá no primeiro dia do evento, dia 17/11, além das mesas e conversas uma concentração cultural na frente do Teatro de Ilhéus,  que marcará a abertura oficial do evento. Vão ocorrer também apresentações circenses e de grupos culturais da região. Todas as atividades do FLISBA são gratuitas e a expectativa dos organizadores é reunir as pessoas interessadas na literatura, educação e gestão cultural.

                Algumas editoras vão participar do evento com exposições e vendas de livros, além de lançamentos literários que serão promovidos durante o FLISBA, confirmando um dos objetivos dos organizadores que é aproximar os escritores de seus leitores.

                Para Luh Oliveira, integrante do coletivo FLISBA e uma das organizadoras do evento,  “o Flisba vem imprimir sua marca nas ruas de Ilhéus e traz para a nossa cidade uma rica contribuição com o tema Resistência Cultural, derramando mais literatura, mais arte, mais debates sobre a cultura. Ilhéus é uma cidade fértil para as artes, em especial, para a Literatura”, concluiu a imortal da Academia de Letras de Ilhéus.

                Para os membros do FLISBA será uma oportunidade de comemorar o retorno das atividades presenciais e celebrar a literatura e as artes como estratégias de resistência cultural. O FLISBA é uma realização de professores, estudantes, escritores e gestores culturais do sul da Bahia e conta com o apoio das Academias de Letras de Ilhéus, Canavieiras, Itabuna e Grapiúna. A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Espore do Estado da Bahia (SETRE) apoia a iniciativa, assim como o Centro Público de Economia Solidária ( CESOL) – Litoral Sul e Casa de Taipa.

                Para o escritor e presidente da Academia de Letras de Ilhéus,  Pawlo Cidade, “o FLISBA vem se consolidando como um coletivo que prima, sobretudo, pela excelência da literatura sulbaiana", conforme atesta a programação do evento. Para Silmara Oliveira, uma das organizadoras do FLISBA, o sentimento de fazer o  Flisba presencial é de colaborar para o renascimento do fomento às artes na região e colaborar para a diversidade da cultura na região sul da Bahia.

                Mais informações poderão ser obtidas pelo e-mail dos organizadores: festivalliterariosulbahia@gmail.com  e pelas redes sociais: @flisba

 

 


Alguns membros do Coletivo Flisba: Indy Ribeiro, Roger Ferreira, Sheilla Shew, Luh Oliveira e Tácio Dê, coletivo responsável pela organização do evento.

 

 

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

  

17 de NOVEMBRO (Quinta-feira)

09h às 20h

Feira de Livros

Local: Hall do Teatro Municipal de Ilhéus            

 





9h às 10h30min

Mesa 01

Uma viagem literária a bordo de Adonias Filho, Marcos Santarrita e Jorge Amado

Com Maria da Luz Leite, Silmara Oliveira e Tica Simões

Mediação:  André Rosa

Local: Academia de Letras de Ilhéus

       

 


11h às 12h30min

Mesa 02

“Com o mar entre os dedos”: liberdade de expressão e a produção cronística de Antônio Lopes

Com Aleilton Fonseca e Efson Lima

Mediação: Jailton Alves

Local: Academia de Letras de Ilhéus       

 

14h às 17h

Oficinas

 

Oficina 1 – Audiovisual ( cinema), com Adroaldo Almeida, Cristina Almeida, Bruno D’DUck e Mariana Diniz

Local: Museu da Capitania/ Palácio Paranaguá 1º andar

     


          

Oficina 2 - Escrita Criativa, com Marcus Vinicius Rodrigues

Local: Casa da Arte Baiana, Rua Lavigne de Lemos          


 

17h às 18:30h

Roda de Conversa 1

Educação literária como prática de liberdade

Com Clarissa Melo, Ramayana Vargens e Ruy Póvoas

Mediação: Indy Ribeiro

Local: Academia de Letras de Ilhéus       

 

19h às 20h30min

Concentração Cultural

Falas institucionais e Homenagens

Coletivo FLISBA, Academias de Letras - ALITA, ALAC, AGRAL, ALI, SECULT/Ilhéus CESOL/ SETRE

Local: Praça Pedro Mattos

 

19h às 22h

LANÇAMENTO COLETIVO DE LIVROS

Local: Hall do Teatro Municipal de Ilhéus            

 

21h às 22h - Mostra Cultural

(Música, poesia, dança, rap, etc.)

Dan Gomez(música e poesia)

Local: Praça Pedro Mattos

 

18 de NOVEMBRO (Sexta-feira)

09h às 20h

Feira de Livros

Local: Hall do Teatro Municipal de Ilhéus            


 

9h às 10h30min

Conversa com poetas

O que em mim principia, a poesia

Com Marcus Vinicius Rodrigues, Marcos Luedy e Rita Santana

Mediação: Tales Pereira/ Tallýz Mann

Local: Academia de Letras de Ilhéus       


 

11h às 12h30min

Roda de Conversa 2

Tecendo redes: o movimento literário nas redes sociais

Com Katiana Rigaud (Clube de Lu), Valdeique Oliveira (Café com poema), Kali Oliveira ( Conta Preta Conta) e Lia Sena (Mulherio das Letras – Bahia).

Mediação: Tácio Dê

Local: Academia de Letras de Ilhéus

 

14h às 16h

Oficina 1 – Audiovisual ( cinema), com Adroaldo Almeida, Cristina Almeida, Bruno D’DUck e Mariana Diniz

Local: Museu da Capitania/ Palácio Paranaguá 1º andar

Oficina 2 - Escrita Criativa, com Marcus Vinicius Rodrigues

Local: Casa da Arte Baiana          

17h às18h30min


 

Mesa 3

Versos periféricos: pode o subalterno rimar?

Ana Lúcia Santos, Daniel – Ladrão de Livros e Alex Simões

Mediação: Fabrício Brandão

Local: Academia de Letras de Ilhéus

 

Roda de Capoeira

Formatura do Mestre Juninho Pula Pula

Dia 18/11, às 18:00 horas

Local: Praça Pedro Mattos

 

19h às 21h30

SLAM MAGNUS VIEIRA

BATALHA DE POESIA FALADA

MOVIMENTAÇÃO CONCOMITANTE: RIMA, TRANÇA, ETC

Local: Praça Pedro Mattos

 

19 de NOVEMBRO (Sábado)

09h às 12h

Feira de Livros

Local: Hall do Teatro Municipal

 

09h às 10:30h

(Re)pensando a cultura

Com  Pawlo Cidade, Bruna Setenta, Geraldo Magela e  Adroaldo Almeida

Mediação:  Mestra Janete Lainha

Local: Academia de Letras de Ilhéus

 

10:30h às 11h

Exibição de Curta-metragem

DENTRO E AO REDOR

De Bruno D'Duck

OS HOSPEDEIROS FALSOS

De Adroaldo Almeida

Local: Academia de Letras de Ilhéus

 

11h às 12h 30min

Lançamento do Livro "O rio do sangue dos meninos pretos", do professor Gabriel  Nascimento  e Movimentação Cultural com a presença de gestores culturais, artistas, escritores.

Local: Academia de Letras de Ilhéus

 

12:30h  Encerramento com a apresentação da Carta do Flisba

Local: Academia de Letras de Ilhéus 


* * * 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

NOTA DIVULGADA PELOS COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS:




"Às Instituições e ao Povo Brasileiro:

 Acerca das manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros locais do País, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira reafirmam seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil, ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história.

A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas Instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional.

Nesse aspecto, ao regulamentar disposições do texto constitucional, por meio da Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, o Parlamento Brasileiro foi bastante claro ao estabelecer que: “Não constitui crime [...] a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais”.

Assim, são condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade.

A solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito. Como forma essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que “Dele” emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação.

Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.

A construção da verdadeira Democracia pressupõe o culto à tolerância, à ordem e à paz social. As Forças Armadas permanecem vigilantes, atentas e focadas em seu papel constitucional na garantia de nossa Soberania, da Ordem e do Progresso, sempre em defesa de nosso Povo.

Assim, temos primado pela Legalidade, Legitimidade e Estabilidade, transmitindo a nossos subordinados serenidade, confiança na cadeia de comando, coesão e patriotismo. O foco continuará a ser mantido no incansável cumprimento das nobres missões de Soldados Brasileiros, tendo como pilares de nossas convicções a Fé no Brasil e em seu pacífico e admirável Povo.

 

Brasília/DF, 11 de novembro de 2022.

 

Almirante de Esquadra ALMIR GARNIER SANTOS

Comandante da Marinha

 

General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES

Comandante do Exército

 

Tenente-Brigadeiro do Ar CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA JUNIOR

Comandante da Aeronáutica"


* * *

24º Batalhão de Infantaria de Selva - Vídeo Institucional

Academia de Letras de Itabuna

dá a Cyro de Mattos o título

 nobre de presidente de honra

 


           O presidente Wilson Caitano divulgou, na sessão virtual ocorrida no dia 10 deste mês, que a diretoria da Academia de Letras de Itabuna conferiu a Cyro de Mattos o título de Presidente de Honra da instituição.  O diploma da distinção nobre será entregue ao escritor e acadêmico em sessão solene, a ser realizada no dia 17 de dezembro deste ano.  Cyro de Mattos é um dos fundadores da Academia de Letras de Itabuna, para a qual vem contribuindo com atitudes e projetos, que se tornaram importantes no correr dos anos para a evolução e consolidação da entidade.

          A concessão do título nobre ao acadêmico foi ideia da vice-diretora, acadêmica Janete Ruiz Macedo, que contou com o entusiasmado apoio do presidente Wilson Caitano e da acadêmica Raquel Rocha. A notícia foi recebida com alegria por integrantes da entidade, presentes à sessão virtual para tratamento do assunto e de outros. Cyro de Mattos foi presidente do Centro de Cultura Adonias Filho e Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania.

           É autor de 62 livros pessoais, entre o romance, conto, crônica, ensaio, poesia e literatura infantojuvenil. Jornalista com passagem na imprensa do Rio, advogado aposentado, pertence também às Academias de Letras da Bahia e de Ilhéus, Pen Clube do Brasil e Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. A crítica especializada destaca seu legado como de grande valor na literatura contemporânea.

            Ele é premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Publicado também em Portugal, Itália, França, Espanha, Dinamarca, Alemanha e Rússia. Seus textos de ficção e poemas estão inclusos em dezenas de antologias, no Brasil e no estrangeiro. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Foi distinguido no ano passado com a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara de Vereadores de Salvador.

* * *