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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

DISCURSO DE POSSE DE EFSON LIMA NA ACADEMIA GRAPIÚNA DE LETRAS - AGRAL


"Senhores e senhoras, boa tarde!

Saúdo o presidente da Academia Grapiúna de Letras, Samuel; saúdo o magnifico reitor da UESC, Alessandro Fernandes de Santana, um porto seguro para a cultura no sul da Bahia; cumprimento de forma muito especial Padre Acácio, representando Dom Carlos Alberto, Bispo da Diocese de Itabuna; Vice-Presidente da Academia Grapiúna de Letras, Prof. Jailton Alves;

Senhores e senhoras, homens e mulheres só chegam a algum lugar com o apoio de sua família. Portanto, aproveito o momento para agradecer a minha família na pessoa de minha mãe, Maria Geni; das minhas irmãs Edielda e Edleuza e de meu sobrinho Biancardy, por sinal, estudante desta Universidade. Obrigado por estarem sempre ao meu lado, nos acertos e nos erros da vida.

Agradeço também as presenças do Senhor Thiago Fernandes, Coordenador do Cesol Litoral Sul, que na caminhada só tem me dado orgulho; igualmente, do Senhor Diego Felisardo, presidente da Organização Social Beneficente Josué de Castro, entidade gestora do CESOL Litoral Sul e de Itapé. Mais que pessoas que trabalham próximas a mim, têm sido parceiros nessa minha trajetória.

Mestra Janete Lainha, Washington Alves Pereira, Marta Almeida, João Victor...

Saudações especiais ao Professor e Historiador Antônio Ernesto Viana Soares (para membro-correspondente) e a Professora Doutora Josanne Francisca Morais Bezerra (membro efetivo). Quanta emoção! Somos contemporâneos de um momento histórico.

Senhoras e Senhores, chego à Casa de Jorge Amado, por meio do convite formulado por Doutor Vercil Rodrigues. Quem não conhece esse homem tão importante para a difusão do pensamento cultural e jurídico do sul da Bahia? Pergunto mais por estilo, que esperando a resposta dos senhores e das senhoras. Para além do convite, o doutor Vercil Rodrigues sempre abriu as portas do Jornal Direitos para as minhas publicações. Foi no Jornal Direitos que publiquei meus pequenos artigos da área jurídica. As minhas publicações no Jornal Direitos estão no meu Currículo Lattes, mas também elas foram importantes para a composição de meus títulos quanto ao meu ingresso no Mestrado em Direito na Universidade Federal da Bahia, inclusive, possibilitando minha aprovação em primeiro lugar na Linha.

Para além de me inserir nesse seleto rol, certamente, o doutor Vercil cumpriu o papel de mentor intelectual e mais que isso ofereceu as condições para que um dia pudéssemos nos encontrar e celebrar. Meus agradecimentos não lhe pagam, é verdade, mas reconhece a sua importância em minha vida. Obrigado, gratidão!

Reconhecimento, gratidão, generosidade palavras necessárias para o menino que saiu de Itapé aos 11 anos de idade para Ilhéus, em 1995; que, tardiamente, conseguia ler aos 10 anos de idade, mas que aos 35 anos se tonava doutor. Não fui morto, é verdade, tinha tudo para ter sido tragado pela violência dos centros urbanos brasileiros. Por qual razão “sobraria eu” em detrimento dos meus amigos da adolescência no Alto do Conqueiro? Talvez, tenha sido o destino..., mas não me resta dúvida do papel da família e da escola. Aqui, é fundamental eu destacar: da escola pública. De meus professores que enxergaram em mim potencialidade. Na escola pública vou acreditar sempre. Sempre, sempre, sempre!

Aqui lembro de imediato o patrono da Cadeira de n. 13, Anísio Teixeira, a qual vou ocupar. Anísio Teixeira é um grande educador. Defensor da Escola Nova.

Fiquei muito emocionado quando soube que ocuparia a cadeira n.º 13, pois, a cadeira tem como fundador, o Bispo Dom Ceslau Stanula. Homem, que além da fé, escrevia, semanalmente, para o Jornal Agora, com circulação em todo sul da Bahia. Por sinal, gostaria muito de manter viva essa memória, colaborando na organização de um livro sobre as reflexões esposadas naquele periódico, cujas orientações foram tão necessárias ontem, no dia de hoje e sempre. Independentemente, de minha fé ou não fé, não posso negar o papel da religião na formação de meu caráter e na minha caminhada em favor dos menos favorecidos, cobrando por justiça social.

Patrono, meu antecessor, são memórias caras a mim e a toda sociedade. Certamente, fazer parte da AGRAL muito me envaidece, mas também tomo esse meu ingresso como um múnus público com a obrigação de manter viva a memória dos que partiram, o respeito aos meus queridos confrades e queridas confreiras, certamente, venho para aprender e na caminhada, humildemente, espero contribuir para uma AGRAL forte e comprometida com a cultura, as artes, a acesso à educação de qualidade, à leitura e as liberdades.

Estou muito feliz com esse momento. Esse momento Reitor Alessandro Santana é histórico. Estamos voltando para o mundo presencial. Significa que milhões de brasileiros acreditaram na ciência e foram se vacinar, em detrimento, de autoridades públicas que desdenharam da vacina e da ciência. Professor Samuel, vacina e ciência são expressões da cultura de um povo. A AGRAL é símbolo de cultura, é expressão das artes e objetiva promover o progresso de nossa região por meio das conquistas culturais. Obrigado a cada confrade, a cada confreira que me recebe neste dia! Para mim é um grande dia. Obrigado!

 

Campus Soane Nazaré de Andrade, 03 de novembro de 2021."

* * *

O TEMPO – Gibran Khalil Gibran

 


O Tempo

 

E um astrônomo disse: “Mestre, que dizes do tempo?”

E ele respondeu:

“Gostaríeis de medir o tempo, o ilimitado e o incomensurável.

Gostaríeis de ajustar vosso comportamento e mesmo reger o curso de vossa alma de acordo com as horas e as estações.

Do tempo, gostaríeis de fazer um rio, na margem do qual vos sentaríeis para observar correr as águas.

          

 Contudo, o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida também escapa ao tempo.

            E sabe que ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, o sonho de hoje.

            E aquilo que canta e medita em vós continua a morar dentro daquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.

            Quem, dentre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado?

            E, porém, quem não sente esse amor, embora ilimitado, circunscrito dentro do seu próprio ser, e não se movendo de um pensamento amoroso a outro, e de uma ação amorosa a outra?

            E não é o tempo, exatamente como o amor, indivisível e insondável?

            Contudo, se em vossos pensamentos deveis dividir o tempo em estações, que cada estação envolva todas as outras estações,

            E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho.”

         


(O PROFETA)

GIBRAN KHALLIL GIBRAN


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O Jardim do Profeta: Um Livro de Ternura e Nostalgia

 

 Gibran estava trabalhando neste livro quando a morte chegou.

Nos seus planos, o livro fazia parte de uma trilogia, assim concebida:

O Profeta: As relações do homem com o homem.

O Jardim do Profeta: As relações do homem com a Natureza.

A Morte do Profeta: As relações do homem com Deus.

 

Deste último livro, Gibran deixou somente a ideia do epílogo. E é de uma amargura profunda: Al-Mustafa volta à cidade de Orfalese, e lá apedrejam-no na praça pública.

No Jardim do Profeta, pelo contrário, a ternura abrange até os seres inanimados: “Tu e a pedra não sois senão um só. A única diferença está no ritmo das pulsações do coração. Teu coração bate um pouco mais rapidamente.”

O Profeta termina com a partida de Al-Mustafa da cidade de Orfalese. O Jardim do Profeta abre-se com a chegada de Al-Mustafa à sua ilha natal, onde reencontra a casa que foi de seu pai e de sua mãe e aqueles que foram seus companheiros de infância. Dialoga com eles de mil assuntos da vida. Depois despede-se e se vai... “E seus pés eram rápidos e silenciosos; e, num momento, como uma folha levada pelo vento, encontrava-se muito longe deles, e eles viram como uma luz pálida subindo para as alturas.”

Um livro fresco e belo, cheio de conceitos profundos, de ternura e de nostalgia.

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