8 de abril de 2017
John Bolton, que foi embaixador americano na ONU, disse nesta sexta que os ataques de mísseis
autorizados pelo presidente Donald Trump marcaram o fim da era Obama na
política externa dos Estados Unidos:
Ele explicou melhor o que quis dizer na Fox and Friends.
Para Bolton, é ridículo esperar alguma reação que não a de repúdio por parte da
Rússia, cujo governo é o maior aliado de Assad. Também é questionar se o
presidente americano tinha ou não o direito constitucional para agir. A Síria
era membro da Chemical Weapons Convention, e sempre que algum país descumpre o
tratado designado para a prevenção do aumento de armas de destruição em massa,
a segurança nacional dos americanos é diretamente afetada.
“O presidente tem plena autoridade constitucional sob a
cláusula do comandante-em-chefe para agir”, afirmou Bolton. O que ele fez. “Ele
fez um ataque bem limitado e preciso por um motivo bem limitado e preciso. Eu
acho que foi a coisa certa a fazer, e eu acho que ontem à noite a era Obama na
política externa americana terminou”, concluiu.
Bolton também disse a Sean Hannity que a Rússia deve estar
muito constrangida com o que fez Assad, não por questões humanitárias, mas
porque eles sabem que agora têm um problema. O principal interesse da Rússia em
proteger Assad é garantir suas bases navais em Tartus e Latakia, e por isso
Putin deve apoiar Assad pelo tempo que for necessário. Só aceitaria
substituí-lo por alguém que permitisse a permanência russa nesses locais.
A Rússia, claro, foi a voz mais estridente a condenar os
ataques, que chamou de “violação da lei internacional”. Mas a atitude de Trump
encontrou suporte em vários países ocidentais. Se o próprio Obama tinha
ameaçado agir em caso de armas químicas, que os democratas alegaram não mais
existir no país após o então presidente “persuadir” o governo a abandoná-las,
então só havia uma coisa a ser feita para a América não perder sua
credibilidade: atacar.
Sobre a reação de muitos, não seria diferente. Sempre haverá
aqueles dispostos a condenar qualquer ação militar americana, especialmente sob
um governante republicano. Mas a imensa maioria deles é movida por um
antiamericanismo infantil, e não quer fazer análise de verdade. Thiago
Kistenmacher resumiu bem a postura enviesada dessa turma:
Quando é o Trump: “Presidente milionário ataca covardemente
a Síria a fim de manter o imperialismo estadunidense e favorecer a indústria do
petróleo.” Se fosse o Obama: “Primeiro presidente negro dos EUA se solidariza
com o sofrimento do povo sírio e, a fim de promover a paz mundial, ataca o país
em retaliação às atrocidades cometidas pelo ditador Bashar al-Assad.”
Esses “analistas”, inclusive vários que são convidados para
entrevistas em nossos canais de televisão, devem ter concluído seus estudos na
Faculdade Facebook, e ostentam esse incrível diploma:
Felizmente ainda há quem queira fazer análise séria,
refletir, ler muito material de verdadeiros especialistas, para finalmente
chegar a uma conclusão embasada. Nem todos são obrigados a concordar que a
resposta de Trump foi a melhor, claro. Mas daí a ficar “horrorizado” com o
“irresponsável” e “cruel” presidente americano, sem dizer uma só palavra sobre
Assad, as armas químicas que não deveriam mais existir na Síria e Putin, vai
uma longa distância, que separa as pessoas decentes dos antiamericanos bobocas.
Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
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