Total de visualizações de página

segunda-feira, 20 de junho de 2022

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: Amor e Vida - Raimundo Correia


 

Amor e Vida

Raimundo Correia

 

Esconde-me a alma, no íntimo, oprimida,
Este amor infeliz, como se fora
Um crime aos olhos dessa, que ela adora,
Dessa, que crendo-o, crera-se ofendida.

A crua e rija lâmina homicida
Do seu desdém vara-me o peito; embora,
Que o amor que cresce nele, e nele mora,
Só findará quando findar-me a vida!

Ó meu amor! como num mar profundo,
Achaste em mim teu álgido, teu fundo,
Teu derradeiro, teu feral abrigo!

E qual do rei de Tule a taça de ouro,
Ó meu sacro, ó meu único tesouro!
Ó meu amor! tu morrerás comigo!


                                                            (Sinfonias, 1883.)

 


Raimundo Correia
(R. da Mota de Azevedo C.), magistrado, professor, diplomata e poeta, fundador da cadeira 5 da ABL, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na baía de Mogúncia, MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.

* * *