Heloísa agora é imortal
Na casa de Machado
de Assis, em recente votação, ninguém estranhou a quantidade de votos obtidos
pela escritora, crítica literária a ensaísta Heloísa Buarque de Hollanda: 34
votos, quase a totalidade dos imortais existentes.
Na vaga nº 30, que
foi lindamente ocupada por Nélida Piñon, a primeira mulher a ser presidente da
Academia (fui o seu Secretário-Geral), Heloísa é uma das principais
formuladoras e compiladoras do pensamento feminista brasileiro. É a décima
mulher imortal da ABL.
A votação, pela
primeira vez, aconteceu utilizando urnas eletrônicas. Consagrou a autora da
coletânea '26 Poetas Hoje' e premiou a professora emérita da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, instituição na qual fez o seu doutorado em
literatura brasileira.
Conheci Heloísa por
intermédio da minha madrinha Rachel de Queiroz. Elas eram muito amigas e, na
casa de Rachel, no Leblon, tivemos a oportunidade de um encontro que ficou
marcado para sempre.
Com a morte de
Nélida Piñon, aos 85 anos de vida, abriu-se a vaga na qual Heloísa Buarque de
Hollanda foi eleita. No dia da comemoração, em Copacabana, ela contou que era
prima do cantor Chico Buarque. Com muito orgulho.
São suas palavras:
'a ABL é uma instituição muito poderosa, de muito respeito e prestígio. Está
num momento de abertura, o que muito me encanta. Prometo trabalhar muito na
instituição.'
Depois, lembrou
suas relações com Nélida: 'Era muito sua amiga, frequentava bastante a sua
casa. Vou procurar dar continuidade ao seu trabalho, de defesa da literatura e
das mulheres.' Não deixou de citar o que hoje a ABL faz pela literatura,
particularmente pelos jovens e os escritores das periferias. Daí ter lançado
diversos autores dessas regiões.
O presidente Merval
Pereira destacou aspectos da sua personalidade, a paixão pelo feminismo, onde
pesquisou bastante.
Heloísa é formada
em Letras Clássicas pela PUC/Rio e tem mestrado e doutorado em Literatura pela
UFRJ. E tem pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Colúmbia
(USA). Hoje, coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, no projeto
Universidade das Quebradas. Um dos seus últimos livros é 'O feminismo como
crítica da cultura', lançado em 1994. E lançou a coleção Pensamento Feminista,
em 2020.
Como se vê, uma
escritora altamente qualificada.
Chumbo Gordo,
26/04/2023
Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL,
eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17
de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos
Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia
Brasileira de Letras em 1998 e 1999.
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