— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ”Não se perturbe o vosso
coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há
muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar
para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos
levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. E, para
onde eu vou, vós conheceis o caminho”.
Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos
conhecer o caminho?” Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”.
Disse Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” Jesus respondeu:
“Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Felipe? Quem me viu, viu o
Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou
no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim
mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me:
eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas
mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará
as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o
Pai”.
Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Pe. Paulo
Ricardo:
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VIVER COMO
RESSUSCITADOS: encontrar-se na própria casa
“Vou preparar um lugar para vós..., a fim de que onde
eu estiver estejais também vós” (Jo. 14,3)
O evangelho deste domingo (5º Dom Pásscoa), tomado de João,
não descreve uma aparição do Ressuscitado, mas é o mesmo Ressuscitado que se
apresenta e fala para a comunidade dos seus seguidores.
Trata-se de um texto pós-pascal, pois à medida que vamos
entrando no texto caímos na conta que Aquele que fala é o Vivente. A sua voz
não é aquela de um morto que apareceu, mas a Voz da Vida. O contexto deste
evangelho é o discurso de despedida de Jesus na Última Ceia. Nos versículos
anteriores, Ele havia anunciado a traição de Judas, a negação de Pedro, o
anúncio da partida. Tudo isso deixou os discípulos desconcertados, abatidos e
com medo.
Jesus sente a tristeza e a perturbação dos seus discípulos;
esquecendo-se de si mesmo e do que lhe espera, dirige-lhes palavras para
animá-los na esperança, fortalecê-los no meio da angústia, devolver-lhes o
horizonte de vida. E uma das imagens que Jesus usa para pacificá-los é a da
“morada” ou “estâncias” no coração do Pai; imagem que pode oferecer o
sentimento de proteção e acolhimento. Uma morada significa muito mais que
uma presença. Uma pessoa pode estar presente em seu local de trabalho, na rua...,
mas a morada, a habitação ela a tem em sua casa. E Deus quis ter uma morada e
uma habitação em nosso interior. Somos sua casa!
“Na casa do Pai há muitas moradas”; há lugar para todos,
talvez de formas diferentes, por caminos diversos, mas há lugar abundante. A
casa de Deus é ampla, é a casa de todos os seres humanos, casa de reconciliação
e justiça, aberta antes de tudo para aqueles que foram e são oprimidos. Aqueles
que não cabem na casa deste mundo (os que foram expulsos de suas casas) podem
entrar na casa da Vida de Jesus.
Jesus Cristo, durante seu ministério, construiu com suas
palavras uma morada para as pessoas, na qual estas se sentiram seguras. Ele
falou de tal forma que as pessoas encontraram harmonia consigo mesmas. E elas
tinham o sentimento de poder habitar em suas palavras, e por meio de suas
palavras, encontrar uma pátria n’Ele. De fato, o ser humano sempre aspirou
viver em um espaço onde pudesse se sentir seguro, em paz; um espaço humanizador
que lhe permitisse ativar todas as suas potencialidades de vida e deixasse
transpare-cer a própria identidade; um espaço onde pudesse se “sentir em casa”.
É da nossa condição humana buscar um espaço, um lugar
hospitaleiro e acolhedor, o lugar onde nos situamos no mundo e onde podemos ser
encontrados; esse espaço nos ajuda a fazer contato com nossas “moradas
interiores”: lugar de intimidade com Deus, espaço de contemplação, ambiente de
discernimen-to e construção de decisões. Nesse sentido, a morada interior
já é antecipação da nossa morada eterna, no coração do Pai.
Um dos dramas vivido pelo ser humano no atual contexto
social pós-moderno é que ele perdeu não somente seu lar exterior, mas também se
afastou de sua morada interior. Comprovamos hoje um “déficit de interioridade”.
As pessoas perderam o caminho da direção do seu coração; vivem fora de si
mesmas e não conseguem colocar as grandes perguntas existenciais: “de onde
venho? Quem sou? Para onde vou?...”. Elas já não sabem mais quem são.
Muitas já não conseguem mais recolher-se e voltar para “dentro
de sua morada” para recuperar o centro gravitacional de suas vidas, o ponto de
equilíbrio interior; já não são capazes de velejar nas águas da interioridade,
passando a viver uma vida superficial e sem sentido. Elas se percebem sem o
sentimento de acolhida e proteção, pois perderam seu sentido de pertença, além
de não mais saberem o que as sustenta. Não sabem mais onde poderão encontrar
segurança e acolhimento.
O que é “estar em casa” para nós hoje, num mundo estranho e
em constante mutação? O que significa “morada” para nós atualmente? Que tipo de
sentimento está conectado a ela? Onde nos sentimos de verdade em casa?
“A infelicidade do ser humano moderno consiste em que ele
não é mais capaz de permanecer em sua cela” (Pascal). “O ser humano só está em
casa no mistério de Deus” (Clemenz Schmeing). Nas palavras de Jesus na Última
Ceia, Ele deixa transparecer que, só quando cremos que o mistério de Deus
habita em nós, é que podemos nos sentir em casa; só podemos permanecer em nós
mesmos porque o próprio Deus já está em nós e nos mantém. Nós podemos fazer
morada em nós, porque Deus mesmo já fez morada em nós.
Nossa morada interior é o espaço no qual Deus mesmo habita
em nós. Ali, nós somos plenamente nós mesmos, salvos e íntegros.
Verdadeiramente em casa. Nós precisamos apenas olhar para dentro. O céu está em
nós e ali, no céu interior, está a verdadeira pátria que ninguém pode nos
roubar ou pode destruir. E ali, as nossas próprias preocupações e temores não
tem nenhum acesso. Ninguém pode nos ferir ali.
Aspiramos um espaço onde possamos ser nós mesmos. Espaço no
qual podemos entrar em contato com algo que nos plenifica e nos expande.
Vivemos das forças e da energia que emanam da nossa casa interior. Desejamos
encontrar-nos conosco mesmos, desenvolver nossas possibilidades, descobrir e
clarificar nossa identidade. O sentimento de ser totalmente nós mesmos nos dá a
sensação de ter encontrado o suporte numa torrente de vida e de amor. Desse
modo, em meio às incertezas deste mundo, podemos experimentar um ambiente de
tranquilidade e de acolhimento.
Num mundo de muita superficialidade, onde a imposição do
imediato, da rapidez, da produtividade e da eficácia se apresentam como deveres
imperiosos, somos chamados, como seguidores(as) de Jesus, a “ser pessoas de
interioridade”. Diante da “cultura líquida” na qual vivemos, é urgente gerar
espaços que facilitem reabrir as vias da interioridade, possibilitar o retorno
à “morada interior”, onde é gestada a nossa identidade e as nossas opções mais
sólidas.
Precisamos, sob a ação da Graça, destravar nossa “morada
viva e sempre inédita”, de tal maneira que dali brote a novidade que tudo
renova e dá sentido à nossa existência.
Texto bíblico: Jo 14,1-12
Na oração: Existe uma crise de moradia muito mais grave que
a falta de casas: é a escassez de pessoas interiormente acolhedo-ras e
disponíveis para seus irmãos.
Casa: lugar do lava-pés, do mandamento novo; lugar da
Ressurreição e Pentecostes.
Lugar do encontro com o Senhor; Ele vem. Sua presença causa mudança.
Deixe ressoar a voz do Senhor: “Eu quero, em tua casa, celebrar a Minha Ceia!”.
Como me sinto em minha casa? Preciso abri-la, arejá-la?
Modificá-la? Iluminá-la? É acolhedora? Humanizadora?...
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é o título conferido a
Maria, Mãe de Jesus, representada em um ícone de estilo Bizantino venerado
desde 1865 em Roma, na Igreja de Santo Afonso, dos Missionários Redentoristas.
Vindo da Ilha de Creta, passando pela Igreja de São Mateus,
em Roma, durante trezentos anos este ícone foi venerado e reconhecido pelos
sinais prodigiosos operados pela fé de muitos devotos da Mãe do Belo Amor,
nosso Perpétuo Socorro. Esta devoção se expandiu graças ao trabalho dos
Redentoristas que, desde 19 de janeiro de 1866, a pedido do Papa Pio IX,
espalham por todas as paróquias e santuários onde atuam, esta importante
devoção.
Santo Afonso escreveu um tratado completo sobre o papel de
Maria no plano da salvação chamado: “As Glórias de Maria”. Dizia que Maria, por
ser tão amada por Deus e corresponder plenamente ao Seu amor, se tornou novo
modelo perfeito de vida cristã. Segundo a biografia de Afonso, a devoção a
Maria vem desde a sua infância. A ela dedicou sua vida, seu amor e uma grande
obra para que pudéssemos, como ele, venerá-la com a mesma intensidade.
Dizia Santo Afonso: “Maria, a cheia de Graça que adianta as
nossas orações, ampara-nos nas aflições, protege-nos e dá-nos santas
inspirações para vivermos profundamente a caridade. Mais ainda, ela anima e
fortalece nos momentos mais difíceis. É fiel defensora dos seus filhos”.
No Brasil, temos diversos santuários onde existem novenas,
um estilo popular de rezar e cantar a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
invocando as suas bênçãos pelos objetos, pela água, pelos enfermos e por todas
as necessidades das pessoas.
Em Campinas, Goiânia (GO), na tradicional “Campininhas” onde
chegaram os primeiros Missionários Redentoristas vindos da Alemanha, cresce
cada vez mais esta devoção. A cada terça-feira, se deslocam milhares de fiéis
de Goiânia e arredores para agradecerem graças alcançadas e pedirem benefícios
em oração e súplica a Mãe de Deus e nossa mãe.
Hoje, a Matriz e Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro de Campinas é um grande centro de devoção onde todos os devotos
visitam, rezam e buscam alcançar as graças necessárias. Nas suas angústias,
sofrimentos, alegrias e tantas necessidades querem se aproximar do seu Filho
Jesus, o Redentor do mundo onde encontramos a salvação e a vida plena.
Somos agradecidos a Deus por termos no Centro-Oeste um
santuário que acolhe os devotos de Maria, em seu Perpétuo Socorro. Ao mesmo
tempo, pedimos ao Divino Pai Eterno as graças necessárias para que o mesmo seja
conhecido a todos os povos do Brasil e do mundo, oferecendo cada vez mais, melhores
condições para acolher bem a todos que vão para rezar, agradecer, pedir e
contemplar em Maria o Perpétuo Socorro, recebendo pela fé e oração todos os
benefícios pedidos.
Rezemos com Santo Afonso: “Toda sois formosa e em vós não há
mancha. Ó Mãe puríssima, toda cândida, toda bela, sempre amiga de Deus!
Dulcíssima, amabilíssima, imaculada Maria. Sois tão bela aos olhos do Senhor.
Olhai-me e compadecei-vos de mim e curai-me. Oh belo imã dos corações, atraí
para vós, também, este meu coração. Tende piedade de mim e rogai a meu favor.
Amém!” Que a Mãe do Belo Amor, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, abençoe a
todos!
Pe. João Otávio Martins, C.Ss.R.
Missionário Redentorista
Natural de Lagoa Formosa (MG), nasceu em 19 de abril de
1951. Seus pais tiveram 13 filhos e chegaram a Goiás no início da década de
1960 para viver na cidade de Morro Agudo. Foi lá que João Otávio conheceu os
Redentoristas. Ingressou no Seminário São José, na Vila Aurora, em 1974, e
neste tempo conheceu a Matriz de Campinas, onde atuou pastoralmente na equipe
da missa das 10 da manhã de domingo.
Estudou no antigo Colégio Paulo VI e também no Colégio
Estadual Castelo Branco. Depois mudou-se para Tietê (SP), onde fez o ensino
médio. De volta a Goiânia, cursou a filosofia na primeira turma do Instituto de
Filosofia e Teologia de Goiás. Fez o noviciado na antiga Fazenda Arrozal, perto
de Trindade, e após os votos residiu no antigo Convento dos Redentoristas, hoje
Centro Cultural Gustav Ritter. Neste período em que cursou teologia, trabalhou
como escriturário em uma agência bancária em Campinas, e também como vendedor
de livros.
Foi ordenado presbítero em 1987, em Morro Agudo, e iniciou
então uma caminhada de intensa pastoral: de 1988 a 1990, em Parauabebas (PA);
de 1991 a 1996, na Paróquia Nossa Senhora da Guia, no Parque dos Buritis, entre
Goiânia e Trindade; de 1997 a 1999, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São
Sebastião (DF); em 2000 e 2001, como formador dos seminaristas na Nova Vila, e
pároco da Paróquia Nossa Senhora da Abadia, em Itauçu; de 2002 a 2003, na
Paróquia Santo Afonso, em São Sebastião (DF), e em seguida, na zona rural de
Brasília, na Paróquia São Paulo, entre 2004 e 2006.
Padre João Otávio também atuou, de 2007 a 2008, na Paróquia
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul (DF). Em 2009 foi transferido
para Goiânia, onde colaborou na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, da Nova
Vila. No ano seguinte, assumiu a Paróquia da Vila Brasília, em Aparecida de
Goiânia, onde foi pároco entre 2010 e 2013. Em 2014, foi pároco da Paróquia São
Sebastião, em Nova Xavantina (MT). Desde 2015, é pároco da Paróquia Nossa
Senhora da Conceição e reitor do Santuário-Basílica Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, em Goiânia. Foi o responsável pela coordenação do projeto de
instalação da Basílica Menor.
Em meio a tantas atividades pastorais, padre João Otávio
também realizou estudos acadêmicos. Cursou Ciências Sociais na Universidade
Federal de Goiás, e fez pós-graduação em Filosofia na Universidade Católica de
Brasília (UCB). Concluiu o mestrado em Ciências da Religião pela PUC/Goiás, no
trabalho que resultou no livro “Pesquisa sobre os carreiros”. Foi professor
universitário por 5 anos na UCB, e por 8 anos na Fajesu, em Brasília.