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segunda-feira, 24 de junho de 2019

CRESCE O CÍRCULO DE INFLUÊNCIA DA CONTRA-REVOLUÇÃO – Paulo Henrique Américo de Araújo


23 de junho de 2019
Lançamento da Frente Parlamentar do Ensino Domiciliar, 
ocorrido no Congresso Nacional em 2 de abril de 2019 
[Fotos: Cleia Viana / Câmara dos Deputados]


Paulo Henrique Américo de Araújo

O auditório encontrava-se lotado. Todos os presentes pareciam muito à vontade, quase como se estivessem em casa. Homens, mulheres, casais jovens; e para completar, muitas crianças corriam e brincavam entre as poltronas, através dos corredores, deixando-se filmar e fotografar. Mas o leitor se enganaria, julgando tratar-se de festa de aniversário ou reunião de pouca importância. Não! Lá estavam vários deputados federais, jornalistas aglomerados; e na tribuna, uma Ministra de Estado.

Um menino mais ousado subiu correndo até a área das autoridades, e se escondeu sob a mesa junto da qual se achava a Ministra. A mãe, em estado avançado de gravidez, rapidamente alcançou o pequeno atrevido, e após pequena luta conseguiu retirá-lo daquele lugar inapropriado. Todos os que presenciaram a cena, inclusive a Ministra, sorriam e achavam graça.

A descrição que acabo de fazer é fidedigna. Eu mesmo a acompanhei, e seria facilmente confirmada por todos os presentes no lançamento da Frente Parlamentar do Ensino Domiciliar, ocorrido no Congresso Nacional em 2 de abril de 2019.1 A alegria distendida da cena pode surpreender o leitor, e foi certamente sentida pelos frequentadores dos carrancudos ambientes parlamentares de Brasília, assim amenizado pela presença incomum de tantas crianças em evento que dizia respeito a elas.

 As crianças amenizaram com sua presença o importante evento

Defender os filhos da corrupção moral

Por cima do debate sobre o ensino domiciliar (home schooling), durante aquela sessão as atitudes, o convívio, as maneiras de ser revelavam algo de profundamente distendido, gentil, suave, algo autenticamente brasileiro. Bem o oposto do que se costuma ver no Congresso: carrancas, manifestações furiosas, gestos histéricos, violentos até.

Como argumento mais recorrente a favor do ensino domiciliar, os deputados integrantes da Frente Parlamentar apontavam sobretudo a defesa da família, sob os aplausos entusiasmados da audiência. A Ministra Damares Alves foi especialmente ovacionada quando afirmou: “O Estado é laico, mas nós somos cristãos”.

Poderia haver nos presentes algumas discrepâncias de métodos, mas um princípio era compartilhado por todos: a educação das crianças cabe primeiro aos pais. Ao Estado cabe apenas a função supletiva, acessória. Os pais têm o direito e o dever de defender seus filhos, especialmente quando se sabe que o ambiente escolar está impregnado de doutrinação marxista e degradação moral. Assim, a bandeira do home schooling adquire, em linhas gerais, um inegável caráter contra-revolucionário.

Algumas ponderações e distinções se impõem. Em seu depoimento aos participantes, uma mãe de dois filhos com problemas mentais indicou que o home schooling não é para todos, mas sim para os pais que desejarem e tiverem condições para tanto. Para os militantes da esquerda, contrários à educação dos filhos em casa, deixou este recado, sob aplausos do auditório: “Nós não somos extra-terrestres!”.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Fracos argumentos contra o ensino em casa

A argumentação contrária ao home schooling alega que a educação cabe primeiro ao Estado, e secundariamente à família. Num evidente embaralhamento de conceitos, exemplifica com crianças hipotéticas, que fora das escolas públicas não teriam oportunidade de interação, convívio com pessoas diferentes (na verdade, recorrem a termos tendenciosamente manipulados, como “diversidade”, “socialização”, “preconceitos”, etc). Os pais que negam isso aos filhos são pejorativamente tachados de retrógrados, conservadores obtusos, religiosos fanáticos.

Nesse sentido, é reveladora a declaração de Telma Vinha, professora de Psicologia Educacional da Unicamp: “Se a família tem visões racistas ou preconceituosas, a escola tem que transformar esses valores em socialmente desejáveis. Cada família vai estar centrada nos seus valores e achar que são únicos, só que a gente tem que pensar que educa as pessoas para uma sociedade democrática, plural”.2

A mensagem da professora não poderia ser mais tendenciosa: deve-se corrigir as famílias de seus “racismos” e “preconceitos”, quer dizer, de seu posicionamento contra o homossexualismo ou contra a ideologia de gênero, por exemplo. E a escola se apresenta como o lugar ideal para libertar as crianças de tais ideias religiosas “radicais” e “discriminatórias” vindas dos pais…

Ainda mais ostensivamente contrária é a opinião da jornalista Renata Cafardo, num pequeno artigo para “O Estado de S. Paulo”: “Com 45 milhões de estudantes nas escolas brasileiras, o governo de Jair Bolsonaro escolheu priorizar em seus primeiros cem dias o ensino em casa, praticado por cerca de 7 mil famílias”.3 Note-se que o vozerio altissonante da esquerda em favor das minorias (sobretudo a autointitulada LGBT) aplaude qualquer iniciativa governamental que as favoreça, mas isso não vale para as minorias do home schooling, nas quais não reconhece o direito de existir.

Com esta comparação se percebe como a iniciativa da educação em casa tem causado dores de cabeça aos revolucionários de nossos dias.

A reação anticomunista se fortalece

Após a referida reunião no Congresso Nacional, em 12 de abril o Governo Federal apresentou projeto de lei para regulamentação do ensino domiciliar.4 É claro que os contrários esperam barrar essa iniciativa, para manterem como obrigatória para todas as crianças a escola que no entanto qualificam como “plural”, “diversa” e “cidadã”. Os campos estão bem delimitados, nessa batalha que não deve terminar tão cedo.

O ambiente distendido e alegre no Congresso Nacional, por ocasião do lançamento da Frente Parlamentar do Ensino Domiciliar, em nada diferia das multidões pacíficas, tipicamente brasileiras, que se aglomeraram nas principais cidades do País a partir de 2013. Pois os pais que se preocupam com os perigos da doutrinação esquerdista e a degradação moral nas escolas acompanham e apoiam também as incontáveis outras reações sadias da opinião pública nos últimos anos — manifestações firmes, serenas, contra o socialismo e a imoralidade, sem nada de agressões nem agitações.

Esse panorama trouxe-me a recordação de uma entrevista concedida por Plinio Corrêa de Oliveira ao Prof. Marcelo Lúcio Ottoni de Castro, na ocasião em que este preparava sua dissertação de mestrado em História.5 Quando o diálogo tratava do desequilíbrio de forças da Revolução e da Contra-Revolução, especificamente entre as décadas de 60 e 90 do século XX, o entrevistado deixou claro o que pensava:

“No desequilíbrio de forças, a da Contra-Revolução aumentou mais. Por quê? Porque a Revolução se tornou mais radical. E tornando-se mais radical, muita gente que era da chamada ‘terra de ninguém’, entre Revolução e Contra-Revolução, se assustou e voltou para trás. São os ‘agredidos pela realidade’. Esses voltaram e acrescentaram em algo o círculo de influência da Contra-Revolução. Não ficaram propriamente contra-revolucionários, mas ampliou-se o círculo de influência da Contra-Revolução”.

A constatação acima se apresenta ainda mais verdadeira ao analisar os fenômenos de opinião pública ocorridos no Brasil recente. Nos 13 anos dos governos Lula-Dilma, aguçou-se uma reação veemente de grande parte dos brasileiros contra a cavalgata esquerdista. E aí está o fenômeno do “ensino domiciliar”, a comprovar o fato. Assim cresce o círculo de influência da Contra-Revolução.

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Notas


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PAU QUE DEU EM CHICO NÃO DÁ EM FRANCISCO - Por Patrícia Moraes Carvalho


Dois pesos e duas medidas …


Qual é o problema com o alto escalão do Judiciário brasileiro?

Tempos atrás, a revista Crusoé publicou um artigo dizendo que o nome do ministro Dias Toffoli foi citado durante uma troca de e-mails entre executivos da Odebrecht.

Toffoli se irritou e acionou o ministro Alexandre de Moraes … A partir daí, iniciou-se uma caçada contra a revista, que foi censurada, processada, multada, enfim, até a PF foi acionada para cumprir mandatos de busca e apreensão.

Ressaltando que a Crusoé não agiu de forma ilegal … Não obteve documentos de maneira criminosa.

Pois bem …

Há cerca de duas semanas, o site The IntercePT tem provocado uma anarquia generalizada no país fazendo uma espécie de chantagem ao reter mensagens e áudios obtidos ilegalmente através do hackeamento de celulares de agentes públicos (juízes, promotores, políticos e sabe-se lá mais quem).

Se a intenção do jornalista fosse realmente ajudar o país ou ‘fazer justiça’, o mesmo já teria procurado a PF e o Ministério Público e entregado uma cópia dessas supostas provas (*** obtidas de maneira ilegal ***)

Mas não …O ativista, travestido de jornalista, está fazendo todo um país refém de algo que ‘supostamente teria ocorrido’ … Em outras palavras, Greenwald está conspirando contra uma Nação.

Agora a(s) pergunta(s):

“Por que é que o STF, especificamente os ministros Toffoli e Moraes, não agem da mesma maneira que agiram com a Revista Crusoé?”

“Por de que é que esses ministros não abrem um inquérito e colocam a PF para ‘chutar as portas’, como foi feito com a Crusoé?”

“Por que é que os ministros não censuram as matérias do site The IntercePT?”

“Por que é que o jornalista Glen Greenwald não foi conduzido ‘sob vara’ para depor sobre o caso?”




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‘O LUGAR DA LITERATURA NA IMPRENSA HOJE’ É O TEMA DO MÊS DE JUNHO DO SEMINÁRIO ‘BRASIL, BRASIS’


A Academia Brasileira de Letras dá continuidade à sua série de Seminários “Brasil, brasis” de 2019 com o tema O lugar da literatura na imprensa hoje, sob coordenação geral do Acadêmico, professor, escritor e poeta Domício Proença Filho (quinto ocupante da Cadeira 28, eleito em 23 de março de 2006), e coordenação do Acadêmico e romancista Antônio Torres (Oitavo ocupante da Cadeira 23, eleito em 7 de novembro de 2013). Participante convidado: jornalista e escritor Rogério Pereira. O seminário está programado para o dia 25 de junho, terça-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr, Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro. Entrada franca.

O Seminário Brasil, brasis, com entrada franca e transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, tem patrocínio do Bradesco.

O CONVIDADO

Rogério Pereira nasceu em Galvão (SC), em 1973. É jornalista, editor e escritor. Em 2000, fundou em Curitiba o jornal de literatura Rascunho. De janeiro de 2011 a abril de 2019, foi diretor da Biblioteca Pública do Paraná. Entre as curadorias realizadas, destacam-se as bienais do livro do Paraná, Manaus e Minas. Em 2006, criou o projeto Paiol Literário, do qual participaram cerca de 70 escritores. Tem contos publicados no Brasil, Alemanha, França e Finlândia. É autor do romance Na escuridão, amanhã, finalista do prêmio São Paulo de Literatura, menção honrosa no Prêmio Casa de Las Américas (Cuba), e traduzido na Colômbia.

17/06/2019


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