Virou rotina. O ex-governador Sérgio Cabral foi condenado
anteontem a mais 14 anos e cinco meses de prisão pela Justiça Federal, acusado
pela Lava-Jato de desviar mais de R$ 200 milhões. A pena chega agora a 198 anos
e seis meses. Ele está preso desde 2016.
Enquanto isso, o seu ex-vice, Luiz Fernando Pezão, também
detido, é acusado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, de receber
mais de R$ 25 milhões em espécie no período de 2007 a 2015, “valor
absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à
Receita”, segundo ela (em valores atualizados, os R$ 25 milhões equivalem a
cerca de R$ 39 milhões). Se a gente lembrar que Garotinho e Rosinha também já
estiveram presos e ainda não estão totalmente livres das grades, pode-se
perguntar que outro estado ostenta em seu currículo esse ineditismo: quatro de
seus governadores passaram pela cadeia.
Essas foram algumas das más notícias do ano no Rio. Foram
tantas — na política, na economia e na segurança pública — que a volta da
árvore de Natal da Lagoa, depois de dois anos de ausência, se transformou num
animado e festivo evento.
A inauguração no sábado da “maior árvore flutuante de Natal
do mundo”, como foi anunciada, atraiu 200 mil pessoas de vários bairros da
cidade, que começaram a chegar com quatro horas de antecedência. A partir das
17h, vários shows musicais aconteceram no palco montado no Parque do Cantagalo.
O ponto culminante foi às 21h, quando se acenderam 900 mil lâmpadas de LED
formando oito decorações diferentes.
Durante o mês, um variado programa, que inclui atrações como
a Orquestra Sinfônica da Petrobras, deve tornar o final deste ano mais alegre
do que foi até aqui. Não só música vai animar quem for apreciar a árvore.
Passeios noturnos de pedalinho, com até uma hora de duração, serão oferecidos
gratuitamente nos fins de semana. Para as crianças, haverá uma casinha onde
Papai Noel irá recebê-las aos domingos.
Enfim, a Árvore da Lagoa parece que está pretendendo ser um
acontecimento redentor, uma espécie de “xô, baixo astral”.
O Globo, 05/12/2018
Zuenir ventura - Sétimo ocupante da Cadeira n.º 32 da ABL, eleito
no dia 30 de outubro de 2014, na sucessão do Acadêmico Ariano Suassuna, e
recebido no dia 6 de março de 2015, pela Acadêmica Cleonice Berardinelli.
* * *