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sexta-feira, 20 de abril de 2018

ABL ELEGE O JURISTA JOAQUIM FALCÃO PARA A CADEIRA 3, NA SUCESSÃO DO ACADÊMICO, JORNALISTA E ESCRITOR CARLOS HEITOR CONY


A Academia Brasileira de Letras elegeu na quinta-feira, dia 19 de abril, o novo ocupante da Cadeira 3, na sucessão do Acadêmico, jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, falecido no dia 5 de janeiro deste ano. O vencedor, por unanimidade, foi o jurista e educador Joaquim Falcão. Participaram da eleição 24 Acadêmicos presentes e onze por cartas (quatro não votam por motivo de saúde). Três votos foram, em branco. Os ocupantes anteriores da Cadeira foram: Filinto de Almeida (fundador) – que escolheu como patrono Artur de Oliveira –, Roberto Simonsen, Aníbal Freire da Fonseca e Herberto Sales.

A Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira, logo após o fim da sessão, disse: “Joaquim Falcão é não só um jurista notável, é também uma figura incontornável da cultura brasileira. Seu lugar é nesta Casa e já tardava esta eleição. Joaquim é muito querido entre os Acadêmicos, como prova a sua votação”.

O NOVO ACADÊMICO

Jurista, educador, intelectual público, Joaquim Falcão, 74 anos, nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, mas mantém origem e vínculos com Olinda, Pernambuco. Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (Summa cum Laude), é mestre em Direito na Harvard Law School, mestre em Planejamento de Educação e doutorado na Universidade de Genebra. Foi Diretor, na década de setenta, da Faculdade de Direito da PUC-Rio. Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco e Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundador e professor titular da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.

Trabalhou diretamente com Gilberto Freyre, que o convidou para criar, na Fundação Joaquim Nabuco, o Departamento de Ciência Política. Desse período, organizou, com Rosa Maria Araújo, o livro O Imperador das Ideias, publicado em 2010 pela Topbooks, Rio, no qual analisa as disputas entre Gilberto Freyre e a USP. Foi chefe de gabinete do Ministro da Justiça Fernando Lyra e indicado pelo Presidente José Sarney para a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, a Comissão Afonso Arinos. Os artigos da atual Constituição sobre veto legislativo (art. 57, 3º, IV) e sobre a ampliação de patrimônio cultural, integrado por bens materiais e imateriais (art. 216), de sua inciativa, foram aceitos pela Assembleia Nacional Constituinte.

Indicado pelo Senado, foi conselheiro representante da sociedade civil na primeira gestão do Conselho Nacional de Justiça, na época presidido pelo Ministro Nelson Jobim. Quando, então, se combateu o nepotismo e os adicionais salariais dos magistrados. Trabalhou diretamente com o Ministro da Cultura Celso Furtado, que o convidou para presidir a Fundação Nacional Pró-Memória, responsável pelas principais casas de cultura do Brasil, tais como Biblioteca Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Cinemateca Brasileira, Museu Lasar Segall e tantas outras. Antes, tinha trabalhado com Aloísio Magalhães e o Ministro da Educação, Cultura e Desportos Eduardo Portella, na modernização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Trabalhou diretamente com Roberto Marinho, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, que o convidaram para dirigir a Fundação Roberto Marinho, na década de noventa. Na época, criou o Telecurso 2000, que chegou a ter mais de dois milhões de alunos. Criou, também, o pioneiro Globo Ecologia, com Cláudio e Elza Savaget, e o Canal Futura, com Roberto de Oliveira.

Ruth Cardoso o convidou para conselheiro da Comunidade Solidária, quando importantes avanços na organização e mobilização da sociedade civil foram feitos, inclusive a criação do GIF. Seu livro Democracia, Direito e Terceiro Setor, publicado pela Editora FGV – Rio de Janeiro, em 2006, reflete esta mobilização. Com um jovem grupo de professores de direito, de formação nacional e global, criou a Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas.

A convite de Otávio Frias Filho, começou a colaborar na Folha de S. Paulo, no movimento pela redemocratização do país, no final dos anos setenta. Escreveu durante anos na página dois, onde depois Carlos Heitor Cony, a quem substitui na cadeira 3 da Academia Brasileira de Letras, veio a escrever. Seu livro A Favor da Democracia, publicado em 2004, pela Editora Massangana/Bagaço - Pernambuco, com prefácio de Raimundo Faoro, é fruto desse período. Iniciou, desde então, um ativismo através da tecnologia da informação em favor da democracia, colaborando permanentemente para O Globo, o Correio Brasiliense, o Jornal do Commercio, no Recife, e o site jurídico Jota. Tem hoje mais de seiscentos artigos escritos. O livro Mensalão - Diário de um Julgamento: Supremo, Mídia e Opinião Pública, publicado pela Elsevier - Rio de Janeiro, em 2013, descreve uma nova estratégia de “difusão de massa do conhecimento jurídico”, traduzindo para o grande público, as grandes questões sobre estado democrático de direito.

Na área jurídica, especializou-se no Supremo Tribunal Federal e publicou o livro O Supremo, pela Edições de Janeiro – Rio de Janeiro, em 2015. Organizou com colegas os livros Onze Supremos, publicado pela Editora Letramento – Belo Horizonte, em 2017; Impeachment de Dilma Rousseff: entre o Congresso e o Supremo, em 2017, editora Letramento – Belo Horizonte; e em breve sairá o novo livro o Supremo Criminal. Entre outros livros que escreveu estão também: Os advogados: ensino jurídico e mercado de trabalho, pela Editora Massangana, 1984; Quase Todos, em 2014, pela Editora FGV.

Faz parte de múltiplas instituições como: Vice-Presidente do Instituto Cultural Itaú; Conselheiro da Fundação do Câncer; Conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo; Membro do Instituto dos Advogados do Brasil; Conselheiro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Membro da Ordem dos Advogados do Brasil; Conselheiro da Transparência Internacional.

19/04/2018


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Joaquim Falcão é um nome de marca na área jurídica e um intérprete sensível e profundo de nosso país. Possui uma cultura ecumênica e plural, raro conhecedor do STF e dos desafios do Brasil. É um grande nome para a Casa”, declarou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.



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JABURU OU SABIÁ? - Péricles Capanema


18 de Abril de 2018
Péricles Capanema

 O sabiá-laranjeira, ave-símbolo de São Paulo, por decreto de 3 de outubro de 2002 foi declarado ave-símbolo do Brasil. Satisfaz-nos a representação, está presente em todos os lugares, é vivaz, enérgica, alerta, simpática. Para João Capistrano de Abreu (1853-1927), em carta a João Lúcio d’Azevedo, quem bem representava o brasileiro era outra ave, o jaburu: “O jaburu, a ave que para mim simboliza a nossa terra. Tem estatura avantajada, pernas grossas, asas fornidas e passa os dias com uma perna cruzada na outra, triste, triste, d’aquela ‘austera e vil tristeza’”. Aqui, o historiador faz alusão à crítica de Camões à pátria, “metida no gosto da cobiça e na rudeza duma austera, apagada e vil tristeza”.Para o severo cearense, o brasileiro era um povo triste, parecia o jaburu [foto abaixo].

A respeito, a conventional wisdom é esmagadora. Somos tidos por alegres, extrovertidos, gozadores da vida, até patuscos. No Nordeste, mais, no Sul, menos. Carnaval no Rio, Carnaval na Bahia, frevo no Recife, esticados, festanças e pândegas de rua em tantos outros lugares. Quase virou marca do País lá fora: Brasil, carnaval-futebol. E ele sai com essa de povo triste?

Capistrano de Abreu não está só. Vou pisar o estradão do politicamente incorreto, avançar veloz na contramão e pelo caminho esbarrar em ídolos cultuados na superficialidade.

Coloco ao lado do historiador outro homem de pensamento, desempoeirando livro de Paulo Prado “Retrato do Brasil — ensaio sobre a tristeza brasileira” [capa abaixo], publicado em 1928, reeditado continuamente, mas pouco comentado. À vera, muitos o leem, com facilidade percebem a seriedade esclarecedora do texto, mas quase ninguém sente ambiente para sobre ele discorrer. Não dá ibope.

Paulo Prado (1869-1943) foi e representou um tipo humano que começou a ter destaque na vida brasileira pela amplitude e finura de apreciação. Teria sido vantajoso pessoas assim se se firmarem na arena púbica e assim influir mais, mas vêm perdendo importância e desaparecendo para desgraça nossa. Com muita simplificação, o velho paulista foi intelectual e homem de ação. Esmiuçando, pensador, comerciante, fazendeiro, aristocrata, homem que sabia viajar. Como muitos de seu tempo de forte nacionalismo, refletiu sobre quais seriam as características autênticas do Brasil, suas lacunas e possibilidades, e como poderia, desabrochando potencialidades, fulgurar no futuro.

Por que lamentei o desaparecimento de tal tipo humano? Por que sua falta empobrece e deforma a vida pública do Brasil e até a formação do povo. São padrões humanos educativos, quando nada pela vista e exemplo, em certo sentido “role models”, agora virtualmente eliminados do horizonte das novas gerações.

Esse tipo de homem de pensamento vivia imerso em muitos ambientes e a reflexão em seus espíritos borbotava embebida de premissas pujantes, às vezes com uma agradável nota de verdor caseiro — conversa brilhante em ambiente informal. Trabalhavam material de primeira, filtrado por olhos que tinham aprendido a ver. Assim, não pulava diante de nós o raciocínio simplificador, ossos e esgares à vista, ao qual infelizmente vamos nos acostumando. Vinha educado, bem expresso, matizado, sentia-se ali riqueza na conjugação de várias realidades. Brotava de camadas mais fundas, fluía mais límpido.

Vamos a Paulo Prado: “Numa terra radiosa vive um povo triste. Legaram-lhe essa melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo e a povoaram. O esplêndido dinamismo dessa gente obedecia a dois grandes impulsos que dominam toda a psicologia da descoberta e nunca foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a sensualidade livre e infrene que, como culto, a Renascença fizera ressuscitar”.

Garante exatamente o contrário a sabedoria convencional entre nós: a luxúria é fonte de alegria, a bem dizer condição indispensável e insubstituível para manter o ambiente alegre. Paulo Prado, com coragem intelectual, abrindo caminhos, avança no rumo contrário, a luxúria infrene está na raiz da tristeza do brasileiro. Para ser alegre de fato, precisaria correr para o rumo oposto, cultivar a pureza.

Com segurança, vai adiante o intelectual paulista, menos difícil em homens de sua posição, no topo da inteligência, da vida social e, em algum sentido, dos negócios: “A volta do paganismo, se teve um efeito desastroso para a evolução artística da humanidade, que viu estancada a fonte viva da imaginação criadora da Idade Média, […] teve como melhor resultado o alargamento das ambições humanas de poderio, de saber e de gozo”. Lembra Nietzsche e sua idealização do super-homem, oposto à mansidão de Nosso Senhor: “Era preciso alterar o sinal negativo que o cristianismo inscrevera diante do que exprimia fortaleza e audácia. Guerra aos fracos, guerra aos pobres, guerra aos doentes”.

Continua: “A era dos descobrimentos exaltava a vida física, como mais tarde a Revolução Francesa foi a exaltação da vida intelectual, arrogante e independente”.

Outro ponto que não mudou desde os Descobrimentos e até hoje gera tristeza, a cobiça, a busca desbragada da riqueza. A alegria está na temperança, na despretensão, na conformidade sensata com os bens que a vida nos oferece.

Enquanto perdurar tal situação, Paulo Prado tem razão, será mentirosa a fama de alegre do brasileiro. Estaremos mais para jaburu que para sabiá.


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NOVA YORK PROIBIRÁ CARROS NO CENTRAL PARK


Emblemático parque de Manhattan recebe cada ano a 42 milhões de pessoas - AFP/Arquivos

20/04/18 - 18h03

Os automóveis não poderão circular mais pelo Central Park a partir de 27 de junho, anunciou nesta sexta-feira (20) Bill de Blasio, que quer priorizar “a segurança e a saúde” dos visitantes, sejam pedestres, ciclistas, corredores ou patinadores.

Embora a circulação já fosse proibida no norte do emblemático parque de Manhattan, visitado anualmente por 42 milhões de pessoas e que no ano que vem festejará seus 160 anos, os carros ainda podiam circular pelas três ruas pavimentadas do sul, West Drive, Terrace Drive e Center Drive.

Mas a decisão, adotada antes do Dia da Terra em 22 de abril, não concerne às quatro ruas que cortam o parque, resguardadas por muros e cercas e vários metros abaixo de onde circulam os pedestres.

Nossos parques são para as pessoas, não para os automóveis”, disse de Blasio no comunicado. A decisão “reduzirá a contaminação do ar no parque e melhorará a segurança”, afirmou.

A medida começará a valer em 27 de junho, dia seguinte do fim das aulas nas escolas públicas de Nova York, e no primeiro dia de abertura das piscinas públicas da cidade.

De Blasio já proibiu em janeiro a circulação de automóveis no Prospect Park, um grande parque emblemático do nordeste do Brooklyn, projetado por Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux assim como o Central Park.


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NUNCA MINIMIZE AS PESSOAS...


Nunca minimize as pessoas, mesmo aquelas que te decepcionam.
Por detrás de uma pessoa que fere, sempre há uma pessoa ferida.

Ninguém te machuca gratuitamente, ninguém calunia, ninguém  exclui, se primeiramente não foi excluído.

Toda pessoa egocêntrica, individualista e egoísta, é autopunitiva, não é feliz.

Hoje, nós estamos convictos de que sob os ângulos da gestão da emoção e sob os fenômenos que estão nos bastidores da mente humana, em relação à última fronteira da ciência, ninguém que é autoritário, radical, que só pensa em si, vai ter uma mente relaxada, generosa, pacificada, tranquila e saudável.

Nunca se esqueça: você tem de valorizar cada ser humano que está ao seu redor. Se você o fizer, mesmo àquelas que te decepcionam, você não vai vender sua paz por nada e por ninguém, ela vai valer ouro, o resto é lixo, o resto é irrelevante.

Mas é quase que inacreditável como o ser humano moderno é frágil, marcadamente imaturo, emocionalmente infantil, ele compra aquilo que não lhe pertence.

Alguém criticou, rejeitou, houve um problema à distância, e a emoção é terra de ninguém, ele paga caro, aquilo que ele não construiu. Ele absorve o lixo social.

Por favor, valorize todas as pessoas que estão no teatro social.

Reitero, a tua paz vale ouro, o resto é lixo, o resto é irrelevante.


"Gotas de Crystal" gotasdecrystal@gmail..com


(Autor não mencionado)


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