Total de visualizações de página

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O PREÇO A PAGAR

O preço a pagar


*Querem o cajado de Moisés, mas ninguém quer enfrentar a Faraó.
*Querem a túnica e o anel de José, mas ninguém quer ser vendido como escravo e ir para prisão.
*Querem a harpa de Davi e ir morar no palácio de Saul, mas ninguém quer enfrentar o gigante Filisteu.
*Querem a autoridade do Apóstolo Paulo, mas ninguém quer ir para prisão com Silas.
*Querem o Boaz da Rute, mas ninguém quer honrar a sogra Noemi.
*Querem a sombra de Pedro, mas ninguém quer se converter.
*Querem ter o dom da revelação do Apóstolo João, mas ninguém quer ir para a ilha de Patmos.
*Querem a capa de Elias, mas ninguém quer enfrentar Baal.
*Querem a força de Sansão, mas sem fugir da aparência de Dalila.
*Querem a paciência de Jó, mas ninguém quer a sua lepra e passar pelo teste de perder tudo.
*Querem a coroa de Ester, mas ninguém quer orar e jejuar.
*Querem as riquezas de Salomão, mas ninguém quer pedir a Deus sabedoria.
*Querem a unção de Jesus, mas ninguém quer carregar a sua cruz.
*Querem ser chamados filhos de Deus, mas ninguém quer perdoar 70x7.

Tudo tem seu preço!
Mais ninguém quer pagar...




Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy



(Autor não mencionado)

* * *

MULHERES E GLÓRIA SÃO CONQUISTAS PROBLEMÁTICAS - Carlos Heitor Cony

Mulheres e glória são conquistas problemáticas


Passou metade da vida atrás de mulheres. A outra metade desperdiçou em outros ofícios, inclusive o de não fazer nada. Mesmo assim, respondendo a enquete de uma revista, declarou-se feliz e garantiu que seria mais feliz ainda porque havia muitas coisas que nunca deveriam ter sido feitas; e as mulheres, umas pelas outras, davam para o gasto.

O perfil desse meu amigo pode definir metade da população masculina mundial. Mesmo assim, a única ocupação da qual se orgulhava e tirava proveito era andar atrás do mulherio disponível ou indisponível.

Napoleão Bonaparte, ao desfraldar suas bandeiras em Marengo (segundo historiadores sua maior vitória, superior à de Austerlitz), confessou ao general Ney que conquistar uma mulher era melhor e mais prazeroso que uma vitória num campo de batalha.

Confesso que é um bom desperdício, mas fico com a primeira opção. Tive um colega no CPOR, mineiro de Varginha, que, sem saber, repetia Napoleão: tudo que não fosse dedicado às mulheres era, não só um desperdício, mas perda de tempo e de energia.

Na verdade, as duas opções (mulher e glória) são conquistas problemáticas e, muitas vezes, inúteis. As mulheres traem, fazem exigências e dificilmente estão satisfeitas.

A glória é sempre relativa: os historiadores divergem a respeito. O próprio Napoleão, apesar de suas vitórias, foi chamado de carniceiro. E a glória, periodicamente, é discutida ou negada pela história e pelos próprios contemporâneos. Brutus matou César, e dom Pedro 1º, ao proclamar a independência do Brasil, teve uma diarreia e assim começou a escrever a nossa história num papel higiênico.

De minha parte não dou muita bola para a glória. Prefiro desperdiçar o meu tempo com coisas melhores, inclusive livros, charutos e mulheres.

Folha de São Paulo (RJ), 29/01/2017


 -----------

Carlos Heitor Cony - Quinto ocupante da Cadeira nº 3 da ABL, eleito em 23 de março de 2000, na sucessão de Herberto Sales e recebido em 31 de maio de 2000 pelo acadêmico Arnaldo Niskier.

* * *

VIAGEM PARA A VILA DE ITABUNA – Helena Borborema

Viagem para a vila de Itabuna


            O pequeno barco já deixara o porto de Salvador e singrava bamboleando em busca do porto de Ilhéus. A bordo o coronel Firmino, impávido aos balanços, sereno como um velho lobo do mar, charuto na boca, circulava pelo pequeno barco com a naturalidade de um veterano naquelas viagens. Um viajante comercial, que ia representar as suas mercadorias nas casas comerciais de Ilhéus, uns poucos sergipanos em demanda do Sul da Bahia, a pequena tripulação meio rude, meio pressurosa e, estirado numa espreguiçadeira no estreito tombadilho, sentindo as agruras de uma viagem marítima que enfrentava pela primeira vez, olhar perdido no horizonte, coração apertado,  o jovem advogado buscava o encontro com o seu novo e definitivo destino. Que surpresas o aguardariam naquela terra?

          Três dias durou a viagem. A alimentação a bordo constava de café com bolacha, servido em canecas, feijão, arroz e alguma carne. O barco às vezes esquentava tanto que era preciso se chegar bem perto à amurada para receber no rosto a brisa do mar, mas para isso era preciso firmeza nas pernas e muito equilíbrio para não escorregar no vai-e-vem do balanço. O ruído das máquinas lá em baixo, o calor, a má acomodação só despertavam uma vontade: chegar!

          Na tarde do terceiro dia um ar mais animado se estampou nos rostos dos passageiros. Estavam passando ao largo da “pedra de Ilhéus” e os coqueirais e contornos de morros já se delineavam ao longe. Logo mais entravam na barra e umas horas mais desembarcavam em terra firme. A tarde começava a cair. O coronel Firmino e o jovem Lafayette hospedaram-se por aquela noite em casa do coronel Eustáquio Bastos, no Pontal. No dia seguinte prosseguiriam viagem de canoa até o Banco da Vitória e, de lá, para Itabuna, iriam a cavalo. Seriam dois dias de viagem podendo até durar mais a depender da maré e das montarias que se tinha de arranjar. Pela manhã bem cedo deixaram o Pontal embarcando numa grande canoa. Esta começou a deslizar silenciosa e monótona, ora beirando o manguezal, ora enfrentando as águas mais profundas do rio Fundão, que subiam ou desciam conforme a maré. Nessa viagem já os acompanhava um homem de confiança, para cuidar das bagagens e providenciar as montarias. No Banco mais um pernoite. No dia seguinte, pela manhã, os viajantes prosseguiram montados até a vila de Itabuna. A longa viagem no lombo de um burro, para quem nunca tinha montado em toda a sua vida, era penosa. O grupo agora era composto de mais outro homem. Na frente ia o “camarada” mostrando o caminho, abrindo passagem,  decepando ramos baixos ou entrelaçados com o afiado facão. Por último outro “camarada” conduzia  a besta com as bagagens. Depois de horas de viagem no meio de uma vegetação rasteira bordada de flores silvestres, ora arbustivas, atravessaram um pedaço de mata para mais adiante surgir uma visão inédita para o moço Lafayette: cacau! Estavam entrando numa das grandes fazendas do coronel Henrique, passagem obrigatória para quem demandava aquele itinerário. Ali estava a riqueza sonhada por muitos. As árvores dos frutos de ouro se estendiam incontáveis. Nos seus troncos e galhos, frutos verdes e amarelados se amontoavam num prenúncio de safra propícia. Era um mundo de sombra e silêncio. Na grande quietude só se ouvia, a pedaços, o murmúrio do Cachoeira, que corria perto, ou a estridência de alguma cigarra. No mais, o farfalhar das folhas secas que estalavam sob as patas das cavalgaduras. De vez em quando um alerta:

             - Abaixa a cabeça, coroné!

            Era mais um galho de cacaueiro ameaçador para o viajante distraído ou desavisado. De repente, lá pelas tantas, os cavaleiros estacam de supetão os seus animais. O que estaria acontecendo? Que tiroteio era aquele? Cautelosos, avançam mais alguns metros e, com surpresa e aliviados vêm que é uma explosão de alegria dos cabras da fazenda saudando, à maneira deles,  a chegada do coronel Henrique vindo de Ilhéus. A saudação era feita ainda a caminho já perto da entrada da fazenda. Um verdadeiro séquito armado e a cavalo, viera recebê-lo numa explosão de tiros de saudação.

            Um cheiro novo e desconhecido para o moço advogado enchia agora todo o ar, cheiro de cacau fermentado, cheiro de terra molhada, de mato, de mistérios.


(LAFAYETTE DE BORBOREMA - UMA VIDA, UM IDEAL)

 Helena Borborema

----------

HELENA BORBOREMA - Nasceu em Itabuna. Professora de Geografia lecionou muitos anos no Colégio Divina Providência, na Ação Fraternal e no Colégio Estadual de Itabuna. Formada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Exerceu o cargo de Secretária de Educação e Cultura do Município. (A autora)
“Filha do Dr. Lafayette Borborema, o primeiro advogado de Itabuna. É autora de ‘Terras do Sul’, livro em que documento, memória e imaginação se unem num discurso despretensioso para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas. Para a professora universitária Margarida Fahel, ‘Terras do Sul’ são estórias simples, plenas de ‘emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra" (Cyro de Mattos).

* * *

VOCÊ ESTÁ BEM, REINALDO AZEVEDO?

7 de fevereiro de 2017 
Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal


Nos anos que imediatamente antecederam meu ingresso à faculdade, bem como no seu começo, sempre estive a favor do colunista da VEJA, Reinaldo Azevedo, autor de O País dos Petralhas, diante dos ataques constantes que o via receber na universidade. Achava – e continuo achando – que ele era um articulista talentoso, capaz de irritar profundamente as esquerdas radicais por ser uma das poucas vozes a questionar sem dó suas articulações políticas.

Reinaldo se portou como guerreiro em seus textos, combatendo as artimanhas do petismo com desenvoltura e até, nalguns momentos, certa poesia. Estava certo de ser esse o único motivo para merecer o escárnio e a zombaria com que era tratado. Eram de sua autoria algumas das melhores sentenças e definições irônicas do entulho lulista. Não que concordasse com ele o tempo todo, e é natural sempre haver alguma discordância entre duas pessoas que se dispõem a verdadeiramente pensar; mas eu o admirava como colunista.

De uns tempos para cá, porém, a partir do momento em que Lula e Dilma se reduziram aos trapos que merecem ser, comecei a pensar que Reinaldo estava um tanto esquisito em sua eleição de prioridades. Quando teceu suas primeiras críticas a Sérgio Moro e aos procuradores da Lava Jato, observei aquilo com cautela e respeito. Não endosso qualquer discurso, afinal de contas, que santifique pessoas e as torne automaticamente impolutas, por maiores sejam os seus méritos; Moro e os procuradores podiam e podem, de fato, estar equivocados em alguns aspectos. Por que não criticá-los, se este fosse o caso?

O prosseguimento das publicações de Reinaldo, porém, mudou bastante a minha percepção. Percebi que, na contramão de muitos articulistas e colunistas, diante de todos os nossos problemas, ele elegeu as figuras por trás da Operação Lava Jato como alvos prediletos de seus vitupérios, como que numa verdadeira perseguição inveterada. Chovem acusações de que seja tucano, e me sinto bastante desconfortável em fazer ilações sobre sua ética profissional, mas é impossível não vir à cabeça a triste dúvida se, no momento em que quase todos os partidos, e não apenas o PT, ficam com a água no pescoço nas delações avaliadas, a recorrência dessas publicações se tornou tão intensa.

Quando quase todos estavam torcendo para Carmen Lúcia homologar as delações da Odebrecht, Reinaldo deu um chilique na Jovem Pan, taxando-a de aventureira; sobre Donald Trump, ele engole todas as deformações que a imprensa de esquerda fabricou a respeito; numa das últimas de sua lavra, escrachou Moro por ter comentado à imprensa, em nota protocolar, depois de questionado insistentemente, que Fachin é um jurista eficiente e de elevada qualidade. Isso, para ele, foi ir “além das sandálias”. Moro estaria muito vaidoso. Ninguém compreende a lei, apenas ele, Reinaldo, e os especialistas que consulta. Sua forma de criticar quem mereceria um pouco mais de consideração e alardear certezas jurídicas, particularmente na rádio, quase como, com o perdão da expressão, uma franga tendo um ataque histérico, só o tornou ainda mais antipático aos meus olhos.

Agora, comentando o governo Temer, Reinaldo, que se diz liberal, acredita quase em que não é relevante a palhaçada de aumentar o número dos ministérios, abrigando uma desembargadora no Ministério de Direitos Humanos – como se lei já não houvesse – e Moreira Franco, oportunamente premiado com um foro privilegiado, na Secretaria Geral da presidência, alçada a Ministério. Une-se àqueles que me decepcionam ao emular os petistas e fechar os olhos para os eventuais malfeitos de tucanos ou peemedebistas.

Tudo isso, a meu ver, é um erro grosseiro de posicionamento, mas ainda pode ser visto como bastante subjetivo; o mesmo não se pode dizer de bobagens como a que segue, em que, comentando a reeleição de Rodrigo Maia para a Câmara – que, justiça seja feita, Reinaldo afirmou ter sido ilegal -, o colunista disse: “é certo que eu e Maia pertencemos a um mesmo universo mental em matéria de política: somos liberais – o que se chamaria na Europa de ‘conservadores’ e, nos EUA, de ‘direita’. Infelizmente, no Brasil, rematadas bestas reivindicam essa condição e só criam embaraços à agenda liberalizante, com seus direitos fascistoides e regressivos”.

O que Reinaldo diz é de tal maneira uma enormidade de bobagens que fica difícil definir por onde começo. Em primeiro lugar, é discutível se o que é chamado de “liberal” no Brasil é chamado de “conservador” na Europa e de “direita” nos EUA; esse é o tipo de frase que não diz coisa alguma, porque esses termos têm um uso tão elástico entre nossos pobres tupiniquins, quiçá no resto do mundo. Contudo, se é para nos preocuparmos com o que se diz por aí ou como as coisas são chamadas, aquilo que a imprensa mundial faz, e Reinaldo aqui, sub-repticiamente, também, é chamar qualquer coisa que esteja “à direita” de tipos como Rodrigo Maia de “extrema direita” ou “fascista”.

A “direita saudável”, para Reinaldo Azevedo, é Rodrigo Maia, do partido Democratas do Rio – cujo pai fez, há pouquíssimo tempo, campanha em nome da legenda no estado clamando por um “governo público” e contra as privatizações. Rodrigo Maia que foi eleito em entusiástico apoio tanto do governo quanto de forças à esquerda que desejam manter engavetadas coisas como a CPI da UNE. Rodrigo Maia que é uma figura tão “liberal” que se ornou de pedantismo quando disse que quem manda na Câmara é ele, quando o relatório da Comissão que julgou o pacote de 10 medidas chegou à casa legislativa, como se fosse uma espécie de ente superior e o povo que assinou (certo ou errado) o tal pacote não fosse o mesmo a pagar seu salário.

Quer dizer que qualquer um que esteja à direita de figuras fisiológicas como Rodrigo Maia – fisiológicas e sem qualquer carisma, diga-se de passagem –, com quem o próprio Reinaldo se compara, é um fascista? Então quer dizer que Rodrigo Maia é a referência de liderança saudável da direita para Reinaldo Azevedo, e ambos, na cabeça do colunista, são a mesma coisa que, digamos, os Republicanos dos Estados Unidos e os conservadores britânicos. Rodrigo Maia seria uma Margaret Thatcher ou um Ronald Reagan. É isso?

Reinaldo Azevedo, você está bem?

Comentário do blog: Também tenho notado, como milhares de leitores meus, mudanças estranhas no comportamento e nas ideias de Reinaldo Azevedo, que foi meu colega de VEJA e por quem sempre tive admiração e respeito. Sobre o tema “liberalismo” e “conservadorismo” em si, só posso recomendar, a todos interessados no assunto e também ao próprio Reinaldo, meus dois cursos, “A Trajetória das Ideias Liberais” e “Civilização em Declínio: salvando o liberalismo dos ‘liberais’“, em que aprofundo tais questões de forma a elucidar tantas confusões frequentes por aí.


--------


Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.

* * *