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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

JOÃO DA CRUZ E SOUSA, O maior simbolista brasileiro



            JOÃO DA CRUZ E SOUSA (Florianópolis, 1861 – 1898) era negro, filho de escravos. Sua vida, sulcada de lutas e sofrimentos, foi um penoso esforço de ascensão. Orgulhoso e indômito, busca na arte o meio de superar as barreiras levantadas pela sua origem.

            Em 1890 fixa-se no Rio de Janeiro, onde se une ao grupo de poetas simbolistas, publica um livro de versos e colabora na imprensa. Vive de um modesto emprego na Estrada de Ferro Central do Brasil. Casa-se em 1893 e seu lar é entristecido pela loucura da esposa. O poeta, minado pela tuberculose, morre alguns anos depois, em Minas, longe de seus filhos.

            Cruz e Sousa, o Cisne Negro, é a figura central do simbolismo brasileiro. Impugnado pelos contemporâneos, teve a glorificação dos pósteros. Traduziu em versos frementes toda a angústia e revolta de sua alma sofredora, opressa pelo estigma da raça.

          São os seguintes os livros em verso do poeta negro: Broquéis (1893), Faróis (1900), Últimos Sonetos (1907) e O Livro Derradeiro (1961.

            Em prosa escreveu Tropos de Fantasias,  Missal, Evocações.
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ACROBATA DA DOR

Gargalha, ri, um riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, gravoche, salta, clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! Retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d ‘aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.


CRUZ E SOUSA – A LITERATURA BRASILEIRA ATRAVÉS DOS TEXTOS, de Massaud Moisés, Ed. Cultrix, São Paulo, 1979. Pag. 300



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