Páscoa
Cyro de Mattos*
Pai salvador,
Misericordioso, 
Toca no meu peito 
O sofrimento teu.
Fadiga, sede, fome. 
Cuspe, espinho,
sangue,
Chicotada, prego,  
Madeira feita cruz. 
Meu Pai,  perdoai 
Os pecados meus. 
Não sei o que faço
Com tanta rejeição.
Vinde clarear   
Meus cegos passos
Amarrados sempre
Nesses ímpios nós.  
Sei que não mereço
Um grão dessa luz
Que ilumina o perdão
Do filho de Deus.
Ainda assim dizei
Apenas  uma palavra 
Que serei um pássaro 
Solto da garganta. 
O bico desfiando
A divina experiência 
Sem os cravos da dor 
Que Te  ofendeu.
*Cyro de Mattos é escritor e poeta,  Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual
de Santa Cruz. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do
Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Autor
premiado no Brasil, Portugal, Itália e México.
* * *


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