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terça-feira, 11 de abril de 2017

FILHOS DE ITABUNA: Telmo Padilha


Telmo Padilha

Nasceu  em Itabuna, a 5 de maio de 1930.

Foi jornalista e Membro da Academia de Letras de Ilhéus, por indicação de Adonias Filho.

 Publicou os seguintes livros: "Girassol do Espanto"(1956); "Ementário"(1974); "Onde tombam os pássaros"(1974); "Pássaro da Noite" (1977); "Canto Rouco"(1977); "O Rio"(1977); "Vôo Absoluto" (1977); "Poesia Encontrada"(1978); "Travessia"(1979); "Punhal no Escuro"(1980) e "Noite contra Noite" (1980), todos no melhor gênero da poesia. Muitas obras de sua autoria foram traduzidas para o italiano, o espanhol, o inglês, o francês, o alemão e o japonês.

Destacou-se como poeta no cenário nacional e foi agraciado com muitos prêmios como "Melhores Livros", da Câmara municipal de Itabuna (1956); "1º Concurso de Poesia - A Tarde"; "Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Nacional do Livro" (1975); Prêmio do Concurso Internacional de Poesia San Rocco, Itália (1976); 1º Prêmio do Concurso de Poesia Firmino Rocha, da Prefeitura Municipal de Itabuna (1981); e Prêmio Sosígenes Costa da Prefeitura Municipal de Ilhéus (1981).

Poeta de reflexões existenciais, que constantemente indaga-se, questiona-se, numa linguagem repleta de sutilezas líricas. Inquieto, reafirma uma poética cuja temática indaga de forma intimista o viver, o morrer, a infância, a solidão e, ainda, sua relação com a realidade da sua terra, da cultura do cacau e do tempo que estabelece esta história que se escoa pelas frestas cotidianas. Sua poesia reside numa lírica lucidez, num abismo interior, entre a febre e insônia, expressa num processo criativo maduro e num estilo impecável.

Telmo Padilha faleceu no dia 16 de julho de 1997, quando sofreu um acidente de automóvel.




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É de Telmo Padilha o poema... 


FALE-ME DE ITABUNA


Fale-me sobre Itabuna, ele me disse.

Pássaro noturno escondido em seu ninho,
Pobre de roupas e orgulho eu fui outra vez
O tímido menino ausente de palavras
Para nomear as coisas, poço onde só eu me banhava.
Não era o adulto, ancho de olhos e de cascos,
A longa crina do sexo, a verdejante copa do cacaual,
O orgulho do fruto, 
Largo de gestos e aromas escondendo
Sob a língua o terrível discurso.
Fale-me sobre Itabuna, ele pediu.
Não era como falar de mim, de um tema sobre o qual havia pensado; era algo mais fundo
Como o fundo de um poço, uma nuvem passada, uma árvore inexistente no caminho da infância,
Um salto sobre o abismo
Para outra vez achar-me.



 Telmo Padilha

* * *

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