Quantos de nós não conhecemos uma, ou várias pessoas, que
falam demais? Mas mais importante do que esta pergunta, é: quantos de nós não
falamos demais? E falamos o que não deveríamos falar? Melhor do que apontarmos
o dedo para alguém, é apontar os próprios erros para si mesmo, em primeiro
lugar. Que os erros alheios nos sirvam principalmente como reflexão e exemplo
do que não repetir. Mais vale um bom raciocínio sobre o assunto, do que falar
sobre o que erra.
Eu já fui o tipo de pessoa que falava demais e sobre tudo.
Com a vida, tempo e maturidade, pude perceber com clareza a necessidade por
trás dos tantos falatórios: insegurança, falta de consciência de mim mesma, do
mundo em que vivia e da forma como a vida funcionava.
Hoje, quando percebo alguém que fala demais, ofereço meu
silêncio, bem como a minha compaixão com o que já fui um dia. Até que se tenha
consciência do quanto um falar demais nos é prejudicial, seria maravilhoso
poder contar com a generosidade dos que já caíram em si.
Sabe aquela pessoa no trabalho, que fala demais? Não será
porque ela faz de menos? E então falando demais, ela tenta inconscientemente
compensar o menos que fez? As reuniões que se estendem, devido aos colegas que
insistem em falar e repetir suas próprias palavras, como se amassem o som da
própria voz? Não será uma soberba arrogância, disfarçada de participação e
falsa liderança?
E aquele vizinho que está sempre falando dos erros das vidas
dos outros? Não teria ele uma vida tão vazia, a ponto de sentir necessidade de
diminuir a vida dos demais?
Aquele que tanto critica a aparência dos outros, não estará
tentando esconder para si mesmo a insatisfação consigo mesmo? Os que falam
demais, na maioria das vezes, tentam encobrir as poucas ações que fazem. E os
que falam mal ou com maldade, também tentam justificar para si mesmos os erros
que não aceitam em si próprios.
Se eu sou alguém que falo demais ou de mal, devo estar
atento para o fato de que muitas vezes, aquilo do que falo, trata-se de mim
mesma. O que mais me incomoda no outro, pode vir a perturbar, justamente por
ser um erro em mim mesma.
Se num determinado momento da minha vida, eu me pego falando
demais, devo observar toda a situação, os envolvidos e os assuntos, para que eu
mesma tenha condições de entender, o porquê de aquilo confundir minhas emoções
e a minha mente.
Nem sempre, e na verdade, eu diria que muito pouco,
estaremos rodeados de pessoas que não irão julgar as nossas palavras e
principalmente o excesso delas, além do significado das mesmas.
A maturidade de silenciar o meu comentário negativo e passar
por cima de comentários arrogantes ou vazios, leva tempo, demanda vida e alguns
bons tapas na cara. Até lá, vale o aprendizado, ainda que a conta-gotas. O silêncio
é ouro.
Se em qualquer momento desejo provar algo para alguém ou a
mim mesma, faço a nobre tentativa de fazer isso através de atitudes e não de
palavras. Há um sábio e simples ditado que diz: agir ao invés de falar! Seja o
que sai da reunião de trabalho ou de estudo o mais silencioso e cheio de
atitudes no dia-a-dia. Assim como na escola, universidade, em casa ou na
academia.
Uma ação é cheia de si e fala por si só, mesmo que em
silêncio absoluto. E vale mais do que milhares de palavras vazias, ainda que
ditas em alto falante.
CAROLINA VILA NOVA
Brasileira, 41 anos, formada em Tecnologia em Processamento
de Dados, pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. Atua numa
multinacional na área administrativa como profissão. Escritora, colunista e
roteirista por paixão. Poliglota. Autora de doze livros publicados de forma
independente pelo Amazon, além de quatro roteiros para filme registrados na
Biblioteca Nacional. Colunista no próprio site www.carolinavilanova.com e
vários outros na internet. Youtuber no canal Carolina Vila Nova, que tem como
objetivo divulgar e falar sobre as matérias do próprio site. Carolina Vila Nova
é autora dos seguintes livros: "Minha vida na Alemanha"
(Autobiografia), "A dor de Joana" (Romance), "Carolina nua"
(Crônicas), "Carolina nua outra vez" (Crônicas), "Vamos vida, me
surpreenda!" (Crônicas), "As várias mortes de Amanda" (Romance),
"O dia em que os gatos andaram de avião" (Infantil), "O milagre
da vida" (Crônicas), "O beijo que dei em meu pai" (Crônicas),
"Nosso Alzheimer" (Romance) e "Quero um amor assim"
(Crônicas). Todos disponíveis no site www.amazon.com e www.amazon.com.br Mais
matérias e informações em: www.carolinavilanova.com.
http://lounge.obviousmag.org/reading_terapia/2017/04/cuidado-nao-apenas-com-o-que-voce-fala-mas-com-o-quanto-voce-fala.html
http://lounge.obviousmag.org/reading_terapia/2017/04/cuidado-nao-apenas-com-o-que-voce-fala-mas-com-o-quanto-voce-fala.html
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