24 de janeiro de 2017
Merval Pereira, em sua coluna de hoje, fala sobre a busca por critérios de
Michel Temer na escolha do nome que irá substituir Teori Zavascki, morto num
acidente (ou atentado) com o avião que o levaria a Parati recentemente. Um dos
nomes que têm dominado as especulações é o de Ives Gandra Filho, filho do
respeitado advogado Ives Gandra Martins.
Mas o nome, como Merval aponta, gera
reações contrárias dos “progressistas”, por seu viés mais conservador:
Também a flexibilização das leis trabalhistas certamente
será levada ao Supremo quando a reforma da legislação entrar em discussão, e é
por isso que o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra
Martins Filho é um dos nomes com que o presidente Michel Temer trabalha no
momento. No TST ele tem defendido que o negociado se sobreponha ao legislado,
ponto que será central na reforma trabalhista do governo.
Ele vem sendo muito criticado, porém, por suas posições
conservadores em termos de costumes, que está em choque com a tendência do STF
nos últimos tempos. Membro da Opus Dei, Ives Gandra Filho escreveu um artigo em
2010, publicado em livro coordenado, entre outros, pelo ministro Gilmar Mendes,
onde critica o casamento de homossexuais, que o Supremo aprovaria
posteriormente, e expõe uma visão retrógrada sobre as relações familiares,
afirmando que a mulher deve obediência ao marido.
Provavelmente Ives Gandra se posicionará a respeito nos
próximos dias, para tentar neutralizar os efeitos desses conceitos na sua
eventual indicação.
Qual exatamente o problema em ser da Opus Dei? A turma tem
lido muito Dan Brown, pelo visto, e pouco Paul Jonhson.
No Brasil, maior país
católico do mundo, parece ter se tornado um pecado mortal defender o legado
Cristão, os valores tradicionais, a família. O cristão tem que pedir desculpas,
enquanto a feminista radical que enfia um crucifixo no ânus em praça pública em
frente às senhoras e crianças de uma passeata católica é tida como ícone da
“liberdade de expressão”. Só há espaço para a esquerda. O estado é “laico”, ou
seja, antirreligioso, ou mais especificamente anticristão (é preciso “tolerar”
as religiões africanas e o Islã, essa grande “religião da paz”). Na prática, a
única religião aceita é mesmo o esquerdismo.
Sobre o casamento gay, o ponto de vista liberal é deixar a
religião de fora, mas isso vale para os dois lados: a Igreja jamais deveria ser
obrigada a aceitar como matrimônio aquilo que fere seus valores. Pelo estado o
relevante seria apenas o contrato social. Há ainda outro aspecto liberal: dar
mais autonomia aos estados e retirar tanto poder da esfera federal. Por fim,
existe a questão do respeito à Constituição, da qual o STF deve ser o guardião.
E nela está escrito que casamento é entre homem e mulher.
Sobre a “obediência” da mulher ao marido, recomendo C.S.
Lewis em Cristianismo Puro e Simples, onde ele aborda a questão de forma bem
interessante. Para o cristão, isso é importante frisar, a mulher deve
“obedecer” ao marido da mesma forma em que o marido deve se sacrificar pela
mulher e o casamento como Jesus teria se sacrificado pela Igreja. Ou seja, a
mulher aceita uma espécie de “voto de minerva” do marido, desde que o marido
siga esse mandamento de colocá-la em primeiro lugar sempre.
Lewis desenvolve ainda o argumento de que é necessário um
dos dois ter essa “última voz” para que o casamento prospere, caso contrário a
taxa de divórcios irá aumentar bastante. Mas isso não é o foco aqui. Basta
notar que defender certos valores que até “ontem” eram tidos como absolutamente
normais e legítimos passou a ser um completo absurdo no mundo moderno e
feminista de hoje.
E como o STF foi aparelhado por ministros “progressistas”, a
imensa maioria apontada por Lula e Dilma e de acordo com essa visão socialista
de mundo, alguém com um perfil mais conservador não faria mal algum nesse time.
Muito pelo contrário: digo até que se faz extremamente necessário colocar lá um
conservador para contrabalançar um pouco o esquerdismo atual, com ministros
como Barroso que desejam até se meter na legislação, invadindo outro poder,
para mudar as leis sobre aborto e coisas do tipo.
Ives Gandra Filho seria, em minha opinião, uma excelente
escolha. Michel Temer daria, assim, uma ótima contribuição ao esforço de
limpeza do “progressismo” que tomou conta de nosso país na última década.
Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
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