Total de visualizações de página

terça-feira, 17 de setembro de 2019

LEMBRANDO ALTINO SERBETO - Antonio Baracho


           

            H
á alguns dias revendo o antigo classificador, com recortes de alguns jornais, encontrei um artigo sobre Altino Serbeto de Barros, no jornal da Capital, e confesso que fiquei comovido. Foi no período que, morando na Capital, conheci o ilustre advogado através do meu inesquecível padrinho Josafá Lopes de Almeida. Ambos se nutriam uma sincera admiração e cordialidade, pautando uma vida de bons exemplos. São algumas linhas para lembrar um dos mais insignes cultores do direito do país, aquele que faleceu aos 91 anos de idade bem vividos, na sublimidade do sacerdócio advocatício. Percorreu os mais longínquos e inóspitos rincões da Bahia, montado em lombo de burro, que era o comum transporte da época; pelos sertões, passando por Juazeiro, Caetité, Ilhéus, Barreiras, Itabuna de um a outro extremo do Estado, numa faina incansável, semeando a justiça, como os jesuítas semeavam a fé.


            Na sua passagem pela comarca de Ilhéus, na década de 30, enfrentou as ameaças dos coronéis, mas em pouco tempo pôs ordem nas coisas, deste jeito conquistando admiração e respeito de toda a população.

            Na Capital, frequentava o Fórum Rui Barbosa, diariamente, onde os funcionários o tratavam com singular reverência. Mantinha o seu escritório de advocacia na Avenida Sete de Setembro. Possuía uma vasta biblioteca que doou à Ordem dos Advogados.

            Eis um pequeno excerto feito pelo seu discípulo apanhado do seu feliz artigo:

"Homem simples, bondoso, corretíssimo, de profundos conhecimentos jurídicos e vasta cultura. Ruísta incondicional. Compreensivo com as fraquezas humanas, mas inflexível no cumprimento dos deveres: " Ao consultório médico vão levar as misérias físicas; ao, do advogado, as misérias morais...” Defendia com intransigência os interesses dos bem-nascidos, e, com o mesmo empenho, os humildes e deserdados da vida, que nele encontravam o mais fiel escudeiro nas lutas contra injustiças, do que deixou exemplos memoráveis."

            Sem dúvida, foi um grande advogado, um ilustre filho da nossa Bahia mas ficou esquecido pelos homens. Pois, nem sequer uma simples rua da cidade perpetua-lhe o nome.

            "É que vivemos tempos de ingratidão, de profunda inversão de valores. Afinal, como supremo consolo, a todos nos resta a vala comum, niveladora mãe inexorável do final do destino dos homens e de suas vaidades".


Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL, ocupante da cadeira nº 11.
Tel. (73) 99102-7937 / 98801-1224

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário