4.8. Área Urbana de Itabuna
Enquanto a
primitiva Boqueirão prosseguia em suas atividades, outro grupo formava-se,
dessa vez na zona urbana, no centro da cidade. A primeira data conhecida para a
organização da igreja local, aquela que seria a futura sede de Itabuna, foi o ano
de 1921, conforme relato do pastor Henry Meyer, presidente da União Este
Brasileira, a seguir transcrito:
“Prazer me foi estar
com os crentes de
Itabuna. Faz apenas
pouco tempo que
a obra tomou pé nessa
região. Os
irmãos já fizeram bons
progressos e
também operaram com
diligência para
tornar a outros
conhecida a última
mensagem de
advertência. Teve lugar
a 26 de abril uma festa
batismal,
sendo, pois,
organizados os irmãos em
igreja que atualmente
conta 24
membros”.
Movido
pela promessa bíblica constante em Mateus 28: 19 e 20, os crentes Itabunenses
desenvolveram aqui uma igreja que seria ícone para outros lugares do Brasil. Em
1924, o casal José Aniceto de Souza e Catarina Souza, depois de muitos anos já
sabedores da mensagem, finalmente selaram sua fé em Cristo, batizando-se.
Portanto,
até 1924, com base em depoimentos e nos registros encontrados, temos: Pedro
Lima (batizado em 1910 pelo pr. John Lipke), Joaquim de Souza Porto (batizado
em 1910/11), Antonio Caldas, Vitória (Vitorinha) de Jesus, José Aniceto de
Souza (batizado em 1924) e Catarina de Souza (batizada em 1924 – esposa de
Aniceto). Certamente, muitos outros nomes existem, mas a ausência documentária
só permite, até aqui, evidenciar estes seis.
A administração
da Obra, sentindo o potencial da cidade, somou esforços para realização de
conferências bíblicas, em 1925, capitaneadas por Gustavo Storch, que, além
de bom conhecedor das Escrituras, tinha
uma carta na manga – o projetor – como ele mesmo conta:
“num grande salão no
centro da
próspera cidade de
Itabuna, realizei
uma série de reuniões
em que usamos
alguns slides. Estas
reuniões duraram
trinta noites
consecutivas e o
atendimento foi muito
bom”.
Naquele momento,
poderia ele ter ficado para trabalhar com os interessados, mas, em virtude do
tamanho do campo e da insuficiência de ministros ordenados, precisou sair para
o Boqueirão e depois Pontal (Ilhéus),
que também precisavam de assistência. Ele lamentou o açodamento das ações
assim:
“O grande erro que
geralmente somos
obrigados a fazer, por
falta de tempo,
é deixar o ferro quando
esse já está
quente, pois no tempo
de maior
interesse, tenho que
sair para ir a
outra cidade”.
Ele usou
uma alegoria bastante pertinente para o momento: “preparou-se o ninho e outros
estão tentando estabelecer seus ovos nele”.
A preocupação
de Storch não era sem razão. Um dia após o final de trinta noites, um suposto
médico iniciou uma série de palestras, contradizendo sua fala. Diante desse
fato, é possível entender a preocupação apontada no parágrafo anterior. O pastor
desejou que Jesus dissesse ao falsário o mesmo que bradou ao antigo Paulo, em
sua fase pré-cristã: “dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões”,
retirando dele igualmente a ignorância e a cegueira espiritual”.
O pastor
Leo B. Halliwell escreveu à Revista Adventista, em 1927, falando do progresso
da obra na Missão Bahia-Sergipe, e confirma a existência de diversos
interessados em Itabuna, os quais estavam sendo preparados, dessa vez, pelo
colportor Cyríaco Leite. O próprio Halliwell dá continuidade aos trabalhos,
apresentando uma série de reuniões doutrinárias, buscando não se reeditar a
incômoda situação ocorrida em 1925. Dessa vez, a exposição da Palavra alcançou qualidade
invejável e resultados satisfatórios, mexendo inclusive com alguns membros de
outras igrejas evangélicas, os quais chegaram a ser excluídos por seus líderes: “Há completamente uma
comoção dos círculos religiosos da cidade, especialmente porque dois membros
foram expulsos da sua igreja por ter assistido as reuniões”.
(A GÊNESE DO ADVENTISMO GRAPIÚNA Cap. 4.8.)
Clóvis Silveira Góis Júnior
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Sobre o autor:
Clóvis Silveira Góis Júnior é trineto de Genoveva
França Jacó (integrante do primeiro batismo adventista realizado em Boqueirão,
no ano de 1918).
Servidor público federal há 30 anos, é graduado em
Administração e licenciado em história. É casado com Iara Souza Setenta
Góis, pedagoga, e tem dois filhos: Felipe e João.
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