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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

CONHECENDO E DISSEMINANDO A MENSAGEM (VIII) – Clóvis Silveira Góis Júnior


4.8. Área Urbana de Itabuna

            Enquanto a primitiva Boqueirão prosseguia em suas atividades, outro grupo formava-se, dessa vez na zona urbana, no centro da cidade. A primeira data conhecida para a organização da igreja local, aquela que seria a futura sede de Itabuna, foi o ano de 1921, conforme relato do pastor Henry Meyer, presidente da União Este Brasileira, a seguir transcrito:

“Prazer me foi estar com os crentes de
Itabuna. Faz apenas pouco tempo que
a obra tomou pé nessa região. Os
irmãos já fizeram bons progressos e
também operaram com diligência para
tornar a outros conhecida a última
mensagem de advertência. Teve lugar
a 26 de abril uma festa batismal,
sendo, pois, organizados os irmãos em
igreja que atualmente conta 24
membros”.

            Movido pela promessa bíblica constante em Mateus 28: 19 e 20, os crentes Itabunenses desenvolveram aqui uma igreja que seria ícone para outros lugares do Brasil. Em 1924, o casal José Aniceto de Souza e Catarina Souza, depois de muitos anos já sabedores da mensagem, finalmente selaram sua fé em Cristo, batizando-se.

            Portanto, até 1924, com base em depoimentos e nos registros encontrados, temos: Pedro Lima (batizado em 1910 pelo pr. John Lipke), Joaquim de Souza Porto (batizado em 1910/11), Antonio Caldas, Vitória (Vitorinha) de Jesus, José Aniceto de Souza (batizado em 1924) e Catarina de Souza (batizada em 1924 – esposa de Aniceto). Certamente, muitos outros nomes existem, mas a ausência documentária só permite, até aqui, evidenciar estes seis.

            A administração da Obra, sentindo o potencial da cidade, somou esforços para realização de conferências bíblicas, em 1925, capitaneadas por Gustavo Storch, que, além de  bom conhecedor das Escrituras, tinha uma carta na manga – o projetor – como ele mesmo conta:

“num grande salão no centro da
próspera cidade de Itabuna, realizei
uma série de reuniões em que usamos
alguns slides. Estas reuniões duraram
trinta noites consecutivas e o
atendimento foi muito bom”.


            Naquele momento, poderia ele ter ficado para trabalhar com os interessados, mas, em virtude do tamanho do campo e da insuficiência de ministros ordenados, precisou sair para o  Boqueirão e depois Pontal (Ilhéus), que também precisavam de assistência. Ele lamentou o açodamento das ações assim:

“O grande erro que geralmente somos
obrigados a fazer, por falta de tempo,
é deixar o ferro quando esse já está
quente, pois no tempo de maior
interesse, tenho que sair para ir a
outra cidade”.

            Ele usou uma alegoria bastante pertinente para o momento: “preparou-se o ninho e outros estão tentando estabelecer seus ovos nele”.

            A preocupação de Storch não era sem razão. Um dia após o final de trinta noites, um suposto médico iniciou uma série de palestras, contradizendo sua fala. Diante desse fato, é possível entender a preocupação apontada no parágrafo anterior. O pastor desejou que Jesus dissesse ao falsário o mesmo que bradou ao antigo Paulo, em sua fase pré-cristã: “dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões”, retirando dele igualmente a ignorância e a cegueira espiritual”.

            O pastor Leo B. Halliwell escreveu à Revista Adventista, em 1927, falando do progresso da obra na Missão Bahia-Sergipe, e confirma a existência de diversos interessados em Itabuna, os quais estavam sendo preparados, dessa vez, pelo colportor Cyríaco Leite. O próprio Halliwell dá continuidade aos trabalhos, apresentando uma série de reuniões doutrinárias, buscando não se reeditar a incômoda situação ocorrida em 1925. Dessa  vez, a exposição da Palavra alcançou qualidade invejável e resultados satisfatórios, mexendo inclusive com alguns membros de outras igrejas evangélicas, os quais chegaram a ser excluídos  por seus líderes: “Há completamente uma comoção dos círculos religiosos da cidade, especialmente porque dois membros foram expulsos da sua igreja por ter assistido as reuniões”.


(A GÊNESE DO ADVENTISMO GRAPIÚNA Cap. 4.8.)
Clóvis Silveira Góis Júnior

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Sobre o autor:

Clóvis Silveira Góis Júnior é trineto de Genoveva França Jacó (integrante do primeiro batismo adventista realizado em Boqueirão, no ano de 1918).
Servidor público federal há 30 anos, é graduado em Administração e licenciado em história. É casado com Iara Souza Setenta Góis, pedagoga, e tem dois filhos: Felipe e João.

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