A paquistanesa Malala Yousafzai completou 21 anos na
quinta-feira 12. Nos dias que precederam seu aniversário, a pessoa mais jovem
laureada com o Nobel da Paz visitou o Brasil pela primeira vez. Por aqui, ela
ressaltou a urgência de iniciativas que valorizem a educação e os direitos das
mulheres. “A educação é o melhor investimento sustentável em longo prazo”,
afirmou, ao discursar em São Paulo, na segunda-feira 9. No dia seguinte, a
ativista que tinha apenas 15 anos quando foi baleada por integrantes do Talibã
por ter se posicionado contra a proibição do ensino para meninas no Paquistão,
esteve em Salvador, na Bahia. Além de visitar o Pelourinho, ela anunciou que
três brasileiras integrarão a Rede Gulmakai, braço do Fundo Malala dedicado a
promover a educação de meninas.
A rede já conta com ações semelhantes no México,
Afeganistão, Líbano, Índia, Nigéria e Turquia, além do próprio Paquistão.
Malala também afirmou que irá anunciar um projeto global para que a educação
seja prioritária nas campanhas eleitorais. No Brasil, o tema tem sido
relegado a um plano secundário nos programas dos pré-candidatos. Não deveria. O
País que nunca recebeu um Nobel precisa acordar para a lição da mais jovem
ganhadora do prêmio. A educação é o maior problema brasileiro, pois dela
derivam os demais. Ao incapacitar os cidadãos intelectualmente, produzimos
intolerância e violência, criamos eleitores que se deixam iludir facilmente e
condenamos o País ao eterno atraso.
Há um mês, o monitoramento do Plano Nacional de Educação
(PNE), feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), traçou um diagnóstico do caos no ensino público. Das 20 metas
estabelecidas pelo PNE para o período de 2014 a 2024, apenas uma foi alcançada:
houve aumento no número de mestres e doutores no ensino superior. Entre as
outras 19, o quadro é alarmante. Há casos em que os índices retrocederam como
no item “desempenho da aprendizagem”.
A meta é chegar a 2024 com todas as crianças alfabetizadas
até o fim do terceiro ano do Ensino Fundamental. Em 2014, esse índice era 56%.
Caiu para 55% em 2017. A mulher que sobreviveu a um atentado por defender o
direito à educação em
um país dominado pela intolerância religiosa tem muito a ensinar aos brasileiros. A maior lição que podemos aprender com Malala é que, se continuarmos tão mal na educação, não haverá futuro. Apenas trevas.
um país dominado pela intolerância religiosa tem muito a ensinar aos brasileiros. A maior lição que podemos aprender com Malala é que, se continuarmos tão mal na educação, não haverá futuro. Apenas trevas.
Educação ruim gera intolerância e violência, produz
eleitores que se deixam enganar e condena o País ao eterno atraso.
Celso Masson
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