13/abr/18
Pobre do país que precisa de heróis, disse Brecht. Discordo.
Entendo que o papel de heróis, reais ou mitológicos, é fundamental para forjar
uma nação livre e próspera, para servir como um norte, uma liderança que motiva
os cidadãos comuns. Penso que o verdadeiro problema não é ter heróis, mas sim
escolher os heróis errados. Se o herói for Macunaíma, aquele sem caráter, um
ditador como Vargas, ou um bandido como Lula, aí sim a sociedade estará em
perigo.
Mas se Lula foi o herói de muitos por algum tempo, hoje só
lhe restou o apoio de uma militância desesperada com o risco de perder suas boquinhas,
ou então daqueles muito alienados que encaram o PT como uma seita religiosa. O
verdadeiro herói brasileiro hoje é o juiz Sergio Moro, e isso fica claro pela
recepção que ele tem por onde passa. Pude testemunhar bem de perto isso nesta
semana, quando ele compareceu ao Fórum da Liberdade em Porto Alegre, evento do
qual também participei como palestrante.
Moro foi ovacionado de pé por uma multidão, tratado como um
ídolo de rock. Merecido. É fato que, como lembrou o juiz italiano que liderou a
Operação Mãos Limpas, feliz é o país que não precisa aplaudir tanto um
magistrado que “simplesmente” cumpre sua função. Nesse sentido a frase de
Brecht pode até se aplicar: o ideal, claro, seria não precisarmos desses
heróis. Mas no mundo real o buraco é mais embaixo.
Afinal, cumprir a lei, no caso, implica em declarar guerra a
uma enorme quadrilha poderosa e perigosa. Não é algo trivial. Envolve grandes
riscos pessoais, mudanças radicais no estilo de vida, andar cercado de
seguranças, temer pela segurança dos filhos. Quem quer que desmereça tal ato de
coragem vive numa bolha, aprisionado em abstrações utópicas. Não é à toa que
Moro brincou ao dizer que estava feliz por ver seus similares italianos vivos e
bem de saúde após tantos anos.
Agir com retidão e firmeza apesar de tantos obstáculos e
ameaças demanda coragem e patriotismo, um dever cívico que poucos possuem, e
que não pode ser diminuído por séries da Netflix que tentam retratar tudo como
pura vaidade pessoal. É fácil falar quando não é o seu na reta. Todos que
conhecem o modus operandi dessas máfias, em especial do PT, devem reconhecer
que comprar essa briga não é para qualquer um, certamente não é para os fracos
e covardes.
Claro que todo herói real, de carne e osso, tem suas falhas,
e por isso é mais seguro ter os míticos, alguém como um Batman. Os verdadeiros
podem sempre escorregar: são humanos. Até aqui, porém, Moro tem demonstrado
humildade e mantém um saudável distanciamento de qualquer pretensão política, o
que só aumenta seu valor. Seu reconhecimento pelo público é justo. O Brasil
estava mesmo precisando de um herói decente…
Rodrigo Constantino é economista, escritor e um liberal
sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”
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