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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA – Marília Benício dos Santos

Eu vim para que todos tenham vida


            O outono é muito gostoso. Não tem o calor agressivo do verão, nem o frio triste do inverno.

            O outono este ano veio pra valer, tomou realmente o seu lugar no dia exato, 22 de março.

            Hoje, acordei com a música da Campanha da Fraternidade em minha mente. Parecia ouvir cantar. Mas era a música que estava dentro de mim. E graças a isto, venci a preguiça e parti para o meu passeio matinal e para curtir o outono.

            Como foi agradável! Lá revi os meus companheiros que só conheço superficialmente. Ninguém se cumprimenta. Isto só acontece na roça. Também se houvesse saudações, não faríamos outra coisa.

            A praia é o lugar onde mais se sente a vida. Todos, ali, lutam por uma vida melhor. É uma festa! Homens, mulheres, crianças, velhos, moços, todos dançam ao som do barulho do mar. Quem vem lá? Revejo  aquele casal de velhos que há muito tempo não aparecia. Como é bonito vê-los assim, passeando de mãos dadas! Não têm pressa. Não conversam também, apenas se namoram, um olha para o outro. Senti a falta deles e até comentei com minha companheira Maria Giovannina: “Será  que um deles morreu?” Ela, mais otimista, respondeu: “Não, foram dar um passeio na Europa.” Na certa foi isso que aconteceu. Lá estão eles, agora mais dispostos, mais alegres.

            Vejo aquele senhor hemiplégico que, há dois anos tenta recuperar os seus movimentos. Carrega um peso com uma das mãos e, com muito esforço, tenta andar. Sinto que, aos poucos, está melhorando. Já há mais movimento em sua perna esquerda. Em sua fisionomia há esperança. Belo exemplo nos dá este senhor!

            Lá em cima do Posto 11 está o salva-vidas, atento, olhando o mar que hoje não está calmo.

            Agora vejo um casal que não era meu conhecido. Chamou-me a atenção porque estavam abraçados. Um abraço tão apertado que pareciam uma só pessoa. Olhei disfarçadamente e só pude ver a moça que estava de frente para mim. Ela estava triste, parecia chorar. Ele, com muita ternura, afagava-lhe os cabelos. Era um abraço de despedida. Ele ia partir. Não sei o nome da moça, mas vou chamá-la de Julieta. “Julieta, não fique triste que o seu Romeu  não vai ser igual ao Romeu de Shakespeare. Vai ser um final feliz. Não cante a Valsa da Despedida, cante sim: ‘não se diz adeus, só se diz até logo, meu bem’.”

            Fui até o final do Leblon. Na volta revi outras pessoas, parei para conversar com aquelas que eu já conhecia de outros lugares. A música da Campanha da Fraternidade tornava a voltar aos meus ouvidos: “Eu vim para que todos tenham vida.”

            É isso aí. Jesus veio para que todos  tivéssemos vida. Mas se não desfrutamos da vida, não vivemos. Somos sonâmbulos. Vaquinhas de presépio. Uma das características de quem está vivo,  é a luta. Só é capaz de lutar a pessoa que ama. São João diz: “aquele eu não ama permanece morto.” ((Jo, VI, 51-52).

            O salva-vidas pode salvar a nossa vida física, mas a nossa vida espiritual só a teremos se estivermos unidos a Jesus Cristo. E esta vida poderá ser iniciada aqui, não é preciso morrer para tê-la, só é preciso caminhar com Cristo, desde já. “A sinfonia da vida é uma sinfonia eternamente inacabada”. (H.Rohden).

(ARCO-ÍRIS)
Marília Benício  dos Santos
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DEDICATÓRIA

O “Arco-Íris” nasceu para comemorar o centenário de nascimento do meu querido pai. Ele é, portanto, o grande homenageado. Mas desta homenagem quero que participem meus irmãos e amigos, que tanto me ajudaram a descobrir neste mundo, vale de lágrimas, vale de alegrias.
(Marília Benício dos Santos)

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