“Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de
dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão
desprezível era, não fazíamos caso dele” (Isaías 52, 3).
Nesta Sexta-feira da Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, queremos olhar para a face desfigurada de Cristo. Sei que preferimos
olhar para o Cristo belo, de olhos azuis, brilhante e assim por diante. Mas o
Cristo que anunciamos e pregamos é o Cristo Jesus Crucificado!
O Cristo que, hoje, contemplamos pregado numa cruz não tem
uma bela aparência; pelo contrário, a sua aparência é desprezível e repugnante
de olharmos com os nossos olhos. Tão desprezível, desfigurado e amargurado
encontra-se o corpo do Senhor. Ele foi castigado e desprezado pelos homens; Ele
foi pisoteado e cuspido, foi de todas as formas dilacerado pela maldade humana.
De modo que, aquele que está pregado na cruz, nem aparência humana tem.
O Cristo que está atrás de mim é belo, o Cristo que temos em
nossa casa também. O crucifixo que carregamos é apenas a aparência melhorada
pela arte, daquilo que de verdade é o Cristo que foi pregado na cruz. Aquilo
que Isaías nos descreve mostra-nos em que condição Jesus encontrava-se.
Meus irmãos, não desviemos nosso olhar do Cristo
Crucificado. Ele nos leva para a nossa própria humanidade para reconhecermos a
nossa própria pobreza humana, reconhecermos que o ser humano nem sempre é
bonito.
Reconheçamos no Cristo Crucificado a nossa humanidade pobre,
esfacelada, pisoteada. Reconheçamos n’Ele o rosto de tantos desfigurados da
humanidade; o rosto de tantos que passam fome, que são oprimidos pela
violência, pela maldade humana. Reconheçamos o rosto de nossos doentes,
daqueles que estão sofrendo, padecendo em nossos hospitais. Eles são para nós a
expressão do Cristo vivo e crucificado!
Quando alguém é tomado por um doença grave, o câncer, por
exemplo, a pessoa fica desfigurada. Muitas vezes, nem queremos olhar para essas
pessoas porque o nosso coração não têm condições, ficamos assim tão movidos.
Desculpe-me, mas mais cedo ou mais tarde, quando a “irmã morte” nos visitar o
nosso corpo vai se desfigurar. Por mais que coloquemos aparências boas ou
usemos uma maquiagem, quando tiramos a maquiagem somos o pó da terra.
Não tenhamos medo de encarar a realidade humana que somos.
Cada realidade humana desfigurada, remete-nos ao Cristo crucificado e
desprezado, que veio para resgatar, libertar e levar a plenitude àqueles que
nele creem, têm vida e esperança.
Deus abençoe você!
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova. Contato: mailto:padrerogercn@gmail.com – Facebook
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