Valdelice Soares Pinheiro
Filha de desbravadores da região cacaueira baiana, Valdelice Soares Pinheiro nasceu em Itabuna no dia 24 de janeiro de 1929. Fez o curso
primário nos Colégios Nossa Senhora da Piedade e Municipal de Ilhéus. Licenciada em Filosofia pela Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, ensinou Estética e Ontologia na Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC). Publicou dois livros de poesia: "Dentro de
Mim" e "Pacto".
Trata-se de uma poeta que elabora sua poesia com uma
linguagem medida e despojada, projetando no texto contido uma visão de mundo
preocupada com a condição humana.
O Romancista e Crítico Literário Adonias Filho viu em
Valdelice Soares Pinheiro uma poeta de percepção visual, que trabalha o poema
com inteligência, à sombra de ideias e
conceitos, na medida em que se arma e se processa no texto para se tornar voz
reflexiva. Diria que o sensibilismo piegas repetitivo e enfadonho em suas
ressonâncias líricas cede lugar no texto poético de Valdelice Soares Pinheiro à
poesia celebrada com especulação e síntese.
Poesia reflexiva de grande conteúdo humano, de equilíbrio
entre concepção e execução, harmonia entre poema e ato, verso e matéria. Poesia
que só um poeta questionador, dotado de instrumental filosófico plasmado numa
alma sensível, poderia compor.
Faleceu em 29 de agosto de 1993.
(ITABUNA, CHÃO DE
MINHAS RAÍZES)
Cyro de Mattos
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Rio Cachoeira
Rio torto,
Rio magro,
Rio triste.
Parece que chora,
Sente dor...
Parece que fala em lamentos
Dos afogados que engoliu,
Das flores que já levou.
O remorso, Cachoeira,
O remorso te entortou.
Valdelice Pinheiro
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