Total de visualizações de página

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CONVITE: LETRASELVAGEM & CASA DAS ROSAS

LETRASELVAGEM & CASA DAS ROSAS
Convidam para o lançamento do romance

“Sombras sobre a terra”,

do uruguaio  Francisco “Paco” Espínola

Data: 16 de novembro de 2016 (quarta-feira), às 18h30.
Local: Casa das Rosas (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura). Av. Paulista, 37 (Metrô Brigadeiro) - São Paulo/SP - Brasil. Entrada franca.

FORMATO DO EVENTO:
1ª Parte: Na abertura do evento, o autor uruguaio e sua obra serão apresentados pelos escritores e críticos brasileiros Carlos Felipe Moisés, Ronaldo Cagiano, Erorci Santana (tradutor) e Joaquim Maria Botelho, com a participação especial do escritor e crítico uruguaio Leonardo Garet, que também discorrerão sobre o tema: “A América Latina através da Literatura de Ficção”.
2ª Parte: Sessão de autógrafos.

SOBRE O AUTOR:

Francisco Espínola (“Paco”, como os amigos o chamavam) nasceu em São José de Mayo, em 4 de outubro de 1901, no seio de uma família de tradição blanca, abraçando ele a mesma divisa, até que, em 1962, se filiou à esquerda. Foi docente, crítico literário e teatral. Combateu contra a ditadura de Gabriel Terra e amargou prisão em Paso Morlán em 1935. Curiosamente, seus captores o reconheceram e felicitaram por Sombras sobre a terra.
Francisco Espínola fez parte de uma geração que vivia num ritmo lento e podia passar largas horas conversando no bar. O poeta Alfredo Mario Ferreiro, um dos amigos de Paco, recordou num artigo que costumavam ouvi-lo e houve vezes em que Espínola falava por espaço de oito a dez horas. E parecia um minuto. Vestia-se sempre de escuro com gravata e colarinho quebrado, usado em camisas destinadas a trajes formais como o smoking, fortemente engomado, com as pontinhas de pé, modelo popular no início da década de 1900. Em suas fotos e caricaturas, Paco aparece sempre com um aspecto severo e formal, porém sua figura torna-se plena de sensibilidade quando os que o conheceram falam dele e de suas numerosas anedotas.
Morreu na madrugada de 27 de julho de 1973, ao mesmo tempo em que morria a democracia em seu país. Todos o choraram em silêncio, enquanto nas rádios troavam as marchas militares.
Espínola era um incansável trabalhador da palavra, tornando-se de imediato reconhecido não só pelos voos da imaginação e profundidade moral de seus textos, como também pelo esmero com que os tecia, carreando, de imediato, para Raza ciega (primeira coletânea de contos, 1926), o unânime elogio da crítica. Alberto Zum Felde, o principal crítico uruguaio da época, viu similitudes entre o novel escritor uruguaio e o genial autor de Crime e Castigo. Fato notável é que Sombras sobre la tierra, vazado em gênero mais complexo, sete anos depois de Raza ciega, surge impregnado do mesmo “sentido do profundo”.

SOBRE A OBRA:

Nessa narrativa candente e de profundo mergulho existencial, o protagonista é um órfão de pai assassinado e de mãe vítima da tuberculose, falecida após longo padecimento. É num imenso e solitário casarão, onde passa seus dias, cuidado pela negra Basília, que Juan Carlos experimenta uma errância e uma insularidade psicológica e interior, enfrentando desde cedo os perigos do mundo, crescendo à revelia de valores, encurralado por uma realidade crucial que o move numa luta para defender-se dos abismos, vícios, delitos e impossibilidades ofertados pelo quotidiano miserável. 
Numa espécie de marginalidade social e moral, a dilacerante experiência de abandono é tratada pelo autor com uma pródiga carga de solidariedade com seu personagem. No espaço-tempo em que emergem os dilemas e dramas do jovem Juan Carlos, as figuras do pai e da mãe são evocadas não apenas como lembrança, mas como instância questionadora e de apaziguamento. Numa cena, diante de sua amante, a prostituta Nena, em cujo rosto amplifica a imagem de sua mãe, ele acaba por expiar-se, como num processo de auto-imolação, na captura de uma memória ancestral, em que afloram sentimentos e afetos que se (con)fundem numa mesma e desesperada tentativa de se reconhecer e se inquietar diante do seu destino tumultuado, traçado pela prostituta, como um caminho indesviável.
Sombras sobre a terra (1933) é um romance paradigmático, pois encontra parentesco com a temática encontrada em Juan Carlos Onetti, de Junta-cadáveres; em Alejo Carpentier, de Os passos perdidos; no Vargas Llosa, de Pantaleão e as visitadoras, ou ainda em José Donoso, de O obscuro pássaro da noite, obras que, no mesmo diapasão, tratam com pungente realismo a vida e as relações nos prostíbulos. Ainda, nos descortinam o mundo e a natureza dos apartados e marginalizados que não conseguem debelar o vazio e a agonia de suas vidas. Ao mesmo tempo, esse romance-catarse de Espínola instaura uma discussão sobre o eterno embate entre o Bem e o Mal, entre o Centro e a Periferia, uma vez que, na esfera onde transcorre todo o romance, há o enfrentamento do personagem com as extremidades do espaço geográfico que o confina, num povoado dividido entre o Centro e o Baixo, numa alegórica simbologia das dicotômicas divisões que caracterizam a vida das cidades e dos povos, ou uma metáfora do maniqueísmo invocado nas relações humanas, onde Céu e Inferno, Carne e Espírito, Sagrado e Profano convivem em esquizofrênica simbiose.
Francisco (Paco) Espínola é um autor fundamental para a consolidação de uma consciência estética e uma fiel apreensão da nossa latinidade. Com este monumental Sombras sobre a terra, na impecável tradução de Erorci Santana, junta-se a outros autores que tradicionalmente popularizaram o melhor da novelística uruguaia do século 20 (como Ángel Rama, Eduardo Galeano, Enrique Amorim, Felisberto Hernández, Horacio Quiroga, Juan Carlos Onetti, Mario Arregui, Mario Benedetti, Ricardo Güiraldes e Rômulo Gallegos), familiarizando-nos com o contexto histórico, geográfico, social e psicológico, de modo que possamos compreender o caráter e a formação da identidade e dos valores desse imenso, polifônico e trágico continente, com seu dualismo, sua fragmentação e seus sortilégios, com uma perturbadora – e ao mesmo tempo poética –  dimensão humanista. (Texto de “orelhas” do escritor e crítico brasileiro Ronaldo Cagiano).

Título: “SOMBRAS SOBRE A TERRA” (romance)
Autor: Francisco Espínola
Editora: LETRASELVAGEM
Edioma: Português
ISBN 978-85-61123-20-8
360 pág.
14 x 21 (Brochura)
1ª Edição / 2016
Preço: R$40,00

________________________________________________________
LETRASELVAGEM: Estrada Municipal Jesus Antônio de Miranda, 1301, Caixa Postal 63, Bairro Ribeirão Grande, CEP 12.400-970, PINDAMONHANGABA-SP/ BRASIL.
Telefones: (12) 99634-5623 / (12) 99203-3836.
letraselvagem@letraselvagem.com.br

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário