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sábado, 29 de outubro de 2016

A ESCRITA INSULAR_ AÇORES, REGIÃO HOMENAGEADA PELA 62ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Casas na Ilha Terceira
A escrita insular
Região homenageada pela 62ª Feira do Livro de Porto Alegre, o Arquipélago dos Açores guarda um passado e uma cultura cuja familiaridade aos porto-alegrenses transcende os livros de História.

Isolamento, melancolia e identidade. Questões de natureza pungente aproximam os povos gaúcho e açoriano. Região homenageada pela 62ª Feira do Livro de Porto Alegre, o Arquipélago dos Açores guarda um passado e uma cultura cuja familiaridade aos porto-alegrenses transcende os livros de História e atinge o caráter mais subjetivo de um povo. Lá, como cá, há preocupação com a identidade coletiva e a forma como ela diferencia esse povo mais isolado daquele que habita o grande centro (o Sudeste brasileiro aqui, o continente europeu lá).
A melancolia provocada pela insularidade açoriana, sentimento próximo do distanciamento cultural dos gaúchos em relação ao país localizado ao Norte do Rio Mampituba, convida à reflexão sobre seu lugar no mundo. Essa perspectiva, aliada a um isolamento forçado — geográfico para açorianos, cultural para os gaúchos —, cria uma visão de mundo que será celebrada na 62ª Feira do Livro de Porto Alegre.

Monte Brasil em Angra do Heroísmo
Oito escritores açorianos integram a programação especial do evento e apresentam para o público gaúcho as tradicionais e as novas questões da literatura açoriana. Nuno Costa Santos, Madalena San-Bento, Urbano Bettencourt, Joel Neto, Vasco Pereira da Costa, Eduíno de Jesus, Francisco Cota Fagundes e Paula de Sousa Lima trazem consigo, além das histórias de sujeitos que emigraram e partiram para o mundo, o vigor da literatura açoriana. Autores que situam a moderna escrita do arquipélago num lugar de dinamismo e contemporaneidade, compromissado com as questões do sujeito e da literatura atual.
Diferentes editoras da Região mostrarão, ainda, o melhor da literatura açoriana que inclui alguns dos mais importantes nomes da cultura portuguesa, como Antero de Quental, Vitorino Nemésio e Natália Correia, entre outros. E diferentes momentos musicais, de dança e mostras, que decorrerão ao longo dos dias, trarão à 62ª Feira do Livro de Porto Alegre um pouco mais de outras dimensões da rica cultura açoriana.

Ilhéu Maria Vaz em Ponta Delgada
Novo velho destino
O Brasil inexiste na perspectiva migratória do açoriano contemporâneo, embora sejam muitos os movimentos, oficiais ou não, de aproximação às comunidades açorianas existentes no Sul do nosso país. Há um esforço permanente de resgate da História da geração que partiu para povoar tanto o Rio Grande do Sul no século XVIII quanto muitas outras regiões em diferentes épocas.
Esse movimento repete-se agora, em 2016. Na bagagem, a comitiva de escritores traz consigo as impressões de um povo que olha para si e para o mundo e tenta redescobrir sua identidade diante das novas fronteiras contemporâneas. O instrumento dessa redescoberta é a escrita. Pela escrita, Porto Alegre e os Açores se aproximam, se reconhecem e resgatam um vínculo nascido no século XVIII. A 62ª Feira do Livro de Porto Alegre é o território desse novo povoamento. Bem-vindo, Açores.

Ilhéus das Cabras e Angra do Heroísmo.
Saiba mais: Região Autônoma dos Açores
É um arquipélago formado por nove ilhas vulcânicas de perímetros distintos (Corvo, Flores, Faial, Pico, São Jorge, Graciosa, Terceira, São Miguel e Santa Maria) localizado no Atlântico Norte, entre 37º e 40º de latitude Norte e 25º e 31º de longitude Oeste — no meio do caminho entre o Velho e o Novo Mundo.
O governo descentralizado espalha-se por diferentes ilhas, tendo a sua sede na ilha de São Miguel, cidade de Ponta Delgada. A Assembleia Legislativa, com 57 deputados, situa-se na cidade da Horta, ilha do Faial, e a Diocese, com o Bispo das Ilhas dos Açores, tem a sua sede em Angra do Heroísmo, cidade patrimônio mundial, na ilha Terceira.
Oficialmente, o arquipélago foi descoberto em inícios do século XV e ainda nesse século começou a ser povoado por pequenos grupos de famílias provenientes de diferentes partes do Reino de Portugal, da Bretanha e Flandres, bem como, em menor número, de outros países europeus. Seus quase 250 mil habitantes desfrutam, hoje, de uma economia estável, um alto índice de desenvolvimento humano e de uma sociedade segura e igualitária. Os Açores são parte integrante também da União Europeia e a sua Autonomia Política e Legislativa celebra este ano o 40º aniversário da sua consagração na Constituição da República Portuguesa de 1976.
 
Fotos: visitazores.com e Governo dos Açores.


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