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quinta-feira, 31 de maio de 2018

HOUVE UM TEMPO - Jose Admiral

Houve um tempo



Houve um tempo de um mundo mais colorido, mas com outros matizes. Eu e meus irmãos éramos crianças e tudo era muito diferente de hoje. E nele (naquele tempo), a minha mãe nos colocava no banho e dizia: "Vamos Sair." E então, ela caprichava escolhendo a roupa mais nova e mandava-nos pentear o cabelo. Geralmente era ao entardecer e íamos, a família inteira, visitar uma "casa de amigos". E COMO ERA CALOROSO aquele "chegar de surpresa". Como eu me sentia bem recebido...

E vale comentar aos mais novos, que nesse tempo que se chegava era de surpresa mesmo! Pois telefone só tinha fixo, era caro e praticamente não tinha em nenhuma casa. Carta avisando, só se fosse num local muito, muito longe. Foi um tempo que televisão era coisa da capital, e carro então, era um bem acessível a poucos. Mas isso não era problema. Toda a família ia a pé, alegre e ansiosa pra chegar. As visitas eram inesperadas, mas no final, tudo "funcionava feito um reloginho". Lembro-me de ouvir a frase mágica da satisfação pela visita: "O café está na mesa." E não era só café, tinha bolo, pão de queijo, queijo fresco, pão de sal, manteiga, doces e até suco de fruta colhida do pé.

Lembro-me de ouvir palavras que hoje estão em total desuso, como "Comadre e Compadre". Essas palavras acompanhavam o senso da felicidade das conversas animadas, e eram a solidez e a estabilidade que o ambiente exalava. Recordo também da alegria de recebermos visitas em nossa casa, de ver minha irmã mais velha preparando a mesa e café.

Bem, esse tempo simplesmente já não existe mais. Foi-se a época daquela cidadezinha pacata do interior, que todo mundo se conhecia e que as portas e janelas ficavam abertas o dia todo. Tenho a lamentar é que esse tempo passou... Foi-se a imagem da cidadezinha, das ruas, do coreto, da praça, dos jardins e do flamboyant enorme florido. Foi-se também a imagem da menina brejeira que se debruçava na janela, era ela que sonhei um dia namorar. Só resta a foto do passado esmaecido na memória de um tempo que no seu bojo traz uma infinita saudade, e que foi intensamente vivido e que jamais será esquecido.

Hoje sinto que o meio em que vivo está tentando me transformar em autodidata da solidão, com Cursos Intensivos de Televisão, DVD, Netflix, Mídias Sociais ou outros meios de comunicação.
Mas, solidão é, definitivamente, o que eu não quero pra minha vida. Eu prefiro mesmo é uma conversa "tete-à-tete", à uma mensagem do WhatsApp. Quero manter para o resto de minha vida, o espírito da "visita de Surpresa". Quero ser alguém que interaja e que seja capaz de tocar o coração das pessoas. Por isso, sei que bem do fundo do meu coração, eu tenho uma imensa fome e sede de gente e de vida.

 "Gotas de Crystal" <ppscrystal@yahoo.com.br>


* * *

quinta-feira, 20 de abril de 2017

LEMBRANÇAS - Por Rute Caldas

Imagem ITABUNA CENTENÁRIA - ICAL

Lembranças 


Ah! Quantas lágrimas
Eu tenho sufocado,
Em lembrar com saudades
Dos momentos alegres
Que partilhaste conosco.

E mesmo não estando
Mais ao nosso lado
Creio que a glória de Deus
É ignorada por aqueles que,
Não têm a visão do amor
Porque ninguém morre,
Enquanto permanece vivo
Em nosso coração.

Por isso posso dizer
Que sinto saudade
E saudades...

  
“De Rute Caldas
Para Raul Otávio N. Caldas Cortes
Inspirado pela pessoa que muito te amou:
TUA MÃE.”

Vem aí “A História de Rute”


***

sexta-feira, 17 de março de 2017

PARCERIAS INGÊNUAS: HISTÓRIA DE ANGEL, VERSOS DE MIRIAN WARTTUSCH

Lembranças de criança


Ah, quanto eu queria, encontrar-te um dia,
No encanto, no brilho da estrela fulgente
Na força do vento, nos versos das luas,
No cheiro da relva com o cheiro da gente.


Vencer o vazio, quebrando o silêncio,
Do tempo que passa como atroz algoz
Ficar no passado? que triste destino,
Memórias não calam e falam de nós.


Ao som eloquente dos versos que outrora
Eu disse a você, sem pejo, sem medo...
Crianças ingênuas... Paixão inocente,
Tecendo uma história, contando um enredo.


Correr como antes, crianças serenas
Um sonho impossível de pura euforia
Tal qual o fizemos infância saudosa,
Retornar no tempo, que lindo seria!


A bola, a boneca, menina e menino,
Ficou no passado, não volta jamais.
Correr, pega-pega, com tal alegria,
Estar com você, eu gostava demais.


Assim, de mãos dadas, ciranda a rodar,
O mundo era lindo, com tal colorido,
Seria melhor se eu tudo esquecesse
Do nosso futuro não tivesse sabido!


A distância separa, e se dói a saudade
Atada nos laços de um algo sublime.
Vivência isso tudo, que nos tange a alma,
Nos torna passíveis do mais lindo crime.


Amar sem fronteiras, crianças ou não,
O encanto não cessa... Nos traz prisioneiros.
Você não entende? Então não sentiu,
O encanto que mora nesse amor primeiro.




Mirian Warttusch

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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

MINHAS LEMBRANÇAS COM O AMIGO RAMON VANE - Ari Rodrigues

Minhas lembranças com o amigo Ramon Vane


Em um dia de verão do ano de 1985, saindo de um ensaio de uma peça de teatro de rua, estavam Betão, Alba Cristina, Eva Lima, Ramon Vane e eu de intruso, porque estava começando a namorar com Eva (pra quem não sabe,nós fomos casados). 
Nessa época, artista tinha que contar as moedas para tomar cervejas. Eu tinha 20 anos e também era assalariado ou seja, duro também.

Saindo da Sala Zélia Lessa, seguimos pela Cinquentenário e eles resolveram passar no antigo Caçuá (hoje não existe mais, deu lugar a praça Camaçã) para tomar uma rodada de chop's que era o que o dinheiro dava.

Sentamos na pizzaria e as mesas na época eram de cimento, tipo um tampão redondo. Estava tendo um sambão de um grupo super conhecido na cidade (não vou divulgar os nomes porque não estou autorizado). Eram nossos amigos, e conhecidos das baladas.

O sambão estava muito bom, o bar cheio e de repente... Ramon sobe numa mesa e começa a recitar um poema.

O som do sambão estava muito alto e as pessoas não ouviam o que ele dizia e também estavam querendo ouvir a música. Ele insistiu e começou a recitar mais alto, quando viu que ninguém prestava a atenção, proferiu para o pessoal do sambão: Respeitem o artista rebanho de @#$%¨&.

Não sei como, com aquela barulheira toda, os caras ouviram o palavrão. Nossa! não sei em que instante esses caras (uns dez) largaram os tambores e pularam pra cima de Ramon!
Ele Por sua vez, pulou da mesa sentido Caixa Econômica e correu desesperado.

Os caras correram sentido contrário, sentido banco do Nordeste para pegá-lo do outro lado.

Eu na época, tinha 85 quilos e era grosso que nem uma porta. Na realidade, o pessoal do teatro não gostava muito de mim, porque eu era considerado almofadinha, mas era namorado de Eva então eles me engoliam, só que eu dava um boi para não entrar numa briga e... Resultado, saí correndo igual um maluco pelo lado que Ramon correu e consegui chegar na frente dele. Tomei a frente e coloquei ele atrás e fiz barreira.
Com a mão estendida, falei que ninguém encostava nele.
Os caras em número de 8 a dez, não lembro bem, se olharam e iam partir pra cima, Ramon e eu íamos apanhar mais que mala velha. 

A salvação foi (esse eu falo o nome porque é meu amigo pessoal) Reinaldinho do Bradesco, gritou: Parem, Ari é gente minha, deixa isso pra lá. Os outros não gostaram muito, mas, voltaram para o bar.

Nisso, foi chegando o resto do pessoal e me agradeceram e foi aí que nasceu o apelido, ARI FACÃO que o safado do Betão colocou que até hoje em Salvador, a galera me chama assim!



Ari Rodrigues
Publicitário, membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL



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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

LEMBRANÇAS DOS MEUS AVÓS PATERNOS – Eglê S Machado

Clique sobre a foto, para vê-la no tamanho original

Lembranças dos meus avós paternos

Ou:  “Oh! Que saudade que tenho da aurora da minha vida...” *
             Emocionantes! São minhas lembranças relacionadas aos meus avós paternos José Pedro e Hercília Melgaço, essas duas criaturas que me tocaram o coração, e levam-me a sentir como se ainda hoje estivesse vivendo  o passado, anos atrás.
             Ela, a ternura em pessoa, abençoava os netos um a um, quando entrávamos na sua casa sempre asseada e aconchegante, todos nós carregando feixes de lenha para abastecer sua cozinha. Ele, olhar sério e firme, mas demonstrando muita bondade e paz. Éramos oito netos, às vezes mais um ou dois amiguinhos que iam conosco. A diferença de idade era sempre entre 1 a 2 anos de um para outro.
             Passávamos por um pequeno corredor entre a sala de visitas e a copa (chamada sala de janta). No meio desse corredor um quarto sempre aberto porque não havia uma porta para fechá-lo, onde o vovô ficava deitado ou sentado na cama. Um por um, entrávamos na sala de visitas que era mantida aberta o dia todo, passávamos pelo tal corredor  em fila indiana forçada porque o espaço era bem estreito, dávamos uma leve  paradinha em frente do quarto, saudávamos  o vovô dizendo: bença vovô?  Ele respondia: çoe!... Um por um: Bença vovô? – çoe!... Bença vovô? – çoe!... Bença vovô? –Çoe!...
             Chegávamos à sala de jantar e logo adentrávamos a cozinha: Bença vovó? – Deus abençoe!... Um por um: Bença vovó? – Deus abençoe!... Bença vovó? - Deus abençoe!...
            A vovó Hercília sorria para nós, terna e carinhosamente. Inesquecíveis aqueles cabelos branquinhos, o vestido de fustão justo na cintura,  com a saia franzida... Tão limpinho... Justamente o oposto das nossas vestes cheias de nódoas de bananas e amarrotadas por causa das nossas estripulias.
            No grande fogão a lenha o café fumegava perfumado, seu feijão  tinha um aroma sem igual.            
            Passávamos da cozinha para uma pequena área e ali  jogávamos os feixes de lenha ( bráááááh), no  canto da parede abaixo de uma janela que trazia iluminação solar  para  a sala de refeições e para o corredor; essa parede era toda descascada e esburacada de tanto receber lenha. Nessa mesma área, mais perto do degrau que descia para o quintal havia um banquinho baixo onde o vovô sentava-se quando não estava no quarto. Aí ele tocava sua viola, interrompendo apenas quando a vovó lhe servia uma fumegante xícara de café. Eu sempre ficava impressionada com o vovô Zé Pedro por dois fatos infalíveis: se estava tomando café, ao final emborcava a xícara no pires; se tocava viola, era sempre a mesma canção formada por nove notas, repetindo-as sempre no mesmo tom. Sua música não tinha letra, não tinha fim... Nunca o ouvi cantar, só tocar... Tocar... Tocar... O vovô falava tão pouco com a gente!... Mas tocava viola e para mim até hoje sua voz era o som da viola.
            Também me impressionavam as camisas do vovô: tecido claro listradinho, com gola de padre, todas parecidas.
            Vovô José Pedro e vovó Hercília moraram por alguns anos, na Fazenda Poço Fundo que era administrada pelo papai; acho que de três a quatro anos. À época eu teria talvez sete ou oito anos e já observava  tratar-se de um acordo, uma espécie de rodízio entre papai e seus irmãos que também administravam fazendas; os vovós ficavam por um tempo com um dos filhos, iam para outro, até completar  a estadia com os oito filhos. Aí começava tudo de novo. E eles, os vovós eram felizes. E eles nos faziam felizes!
             Era uma festa quando os irmãos se reuniam em casa de um deles. Reuniam-se sempre na mesma fazenda em que vovó e vovô se encontravam.  Era fascinante vê-los chegando pouco a pouco, como heróis nas suas elegantes e  lustrosas montarias. Trajavam uma vestimenta para montaria que se chamava “culote”, botas e chapéus de qualidade. Acompanhava-os suas esposas e um ou dois dos filhos mais velhos. Era uma felicidade para os vovós e uma grande farra para as crianças. Após o jantar cujo prato principal era sempre galinha ao molho pardo, ou pato, se recolhia os pratos e a toalha da mesa e  seguiam as conversas e risadas animadas até altas horas. Até a hora de irem para a cama, as crianças participavam de tudo, sentadas no chão da grande sala, quietas e admiradas da sabedoria dos adultos. As visitas duravam quase sempre da sexta feira até o amanhecer da segunda feira.
            E eles partiam  deixando nos corações aquela saudade feliz. Antes da partida já se planejava para quando e onde seria o próximo encontro. Ao se despedirem os tios ofereciam algumas moedas para as crianças, as tias afagavam-lhes os cabelos. Tios e tias, um por um tomavam-lhes a mão direita, as abençoavam e delas se despediam com grande afeto.
            Voltava-se à normalidade,  se é que se pode chamar de normal a vida maravilhosa e sempre cheia de  novidades sem fim que se levava na fazenda, à atenção responsável dos nossos pais e, principalmente à terna benevolência de vovô José Pedro e vovó Hercília, a luta dos dois para  serem felizes e praticarem esta arte a cada dia. Ao recordá-los, após tantos anos revivo emocionada a companhia doce e fortalecedora dos meus avós e os classifico como “os raros santos da terra, que até hoje me levam a cultivar a felicidade, a despeito dos contratempos da vida”.

Eglê S Machado
Academia Grapiúna de Letras-AGRAL


*Casimiro de Abreu

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