Os Cem Melhores Livros da Crônica
Cyro
de Mattos
Ultimamente
a crônica tem sido considerada e bem divulgada no Brasil. Infelizmente a
universidade, que há tempos comanda a literatura brasileira, não tem dado
importância à crônica, em teses de mestrado e doutorado.
Não se vê
a crônica estudada e comentada por lá, se não estou equivocado. Uma pena. A
lista dos cem melhores livros de crônica no século XXI elaborada pela
conceituada revista da crônica RUBEM é um reconhecimento valioso do gênero.
Pode não estar completa, haver discordância, como faz referência disso quem
elaborou a lista.
Não se
deve estranhar a ausência nessa lista de ícones do gênero, como Rubem Braga,
Drummond, Rachel de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Hélio
Pólvora e Stansilaw Ponte Preta. É porque a relação enumera livros da crônica
em primeira edição e não os melhores cronistas do século XXI Foi uma boa
surpresa ver nosso livro Alma mais que tudo ser selecionado nesta
classificação. Cometeu a lista pecado de omissão com o cronista Antônio Lopes?
Teve esse autor livro de crônica publicado em primeira edição no século XXI? Em
caso positivo houve omissão na lista.
Fui o
primeiro a escrever na Bahia sobre o cronista Antônio Lopes. Ele apareceu lá em
nosso apartamento com uns textos breves de prosa, esboços de assuntos e
esquetes publicados na imprensa local. Pediu-me para ler e, se gostasse,
fizesse um texto de apresentação sobre seu primeiro livro de crônicas breves.
Gostei e fiz. E lá estão na orelha do livro minhas impressões sobre Buerarema
falando para o mundo. De lá para cá, o autor só fez crescer com suas crônicas
prazerosas.
Foi uma
pena o escritor e jornalista Antônio Lopes ter se desligado da Academia de
Letras de Itabuna. Faz falta. Agora soube que também se desligou da Academia de
Letras de Ilhéus. Quais seriam os motivos que afastaram o cronista das duas
entidades Não se sentia útil no ambiente ou vice-versa? Como se trata de ato
pessoal, devemos respeitar, não censurar nem patrulhar. Não deve ter sido fácil
tomar as duas decisões. Depois que se afastou, vem mantendo uma postura ética
louvável, não fala mal das duas instituições e de seus membros, continua amigo
de seus antigos confrades e confreiras.
Lopes
andou residindo em Juiz de Fora alguns anos, mas agora retornou ao Sul da
Bahia. Mora em Ilhéus. Parece esquecido no ambiente literário local, mas não
ficarei surpreso se aparecer a qualquer momento com um bom livro de crônicas ou
de ficção para brindar seus leitores com a novidade. Talento tem para isso,
nunca precisou do espaço acadêmico para aparecer ou impulsionar sua genuína
carreira literária.
Quanto
aos melhores livros da crônica no século XXI, convenhamos que você ter um livro
de sua autoria numa relação dessa importância sobre o gênero, elaborada por um
veículo cultural de valor indiscutível, como a revista da crônica RUBEM, é um
reconhecimento valioso. Ainda mais quando nessa lista figuram livros de Luís
Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar, Affonso Romano
SantAnna, Ignácio Loiola Brandão, Rui Castro, Danuza Leão, Rubem Alves,
Fabrício Carpinejar, Fernanda Torres, Milton Hatoum, Daniel Munduruku, Luís
Ruffato, Domingos Pellegrini, Walcyr Carrasco e tantos cronistas de excelente
expressão e qualidade.
Que
sorte! Um cronista do interior baiano no meio de tanta gente boa. Agradeço à
Literatura, em primeiro lugar a Deus.
Cyro de Mattos é escritor e poeta. Autor
de 70 livros pessoais e, entre eles, cinco de crônicas. Também editado no
exterior. Advogado e jornalista. Colabora quinzenalmente com a revista da
crônica Rubem, há mais de quinze anos editada pelo jornalista e cronista
Henrique Fendrich em Brasília, como homenagem a Rubem Braga, o melhor cronista
do Brasil. Conquistou o Prêmio Casa das Américas em 2023 com o livro Infância
com Bicho e Pesadelo e outras histórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário