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quinta-feira, 15 de julho de 2021

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: Cigarra /Dualismo – Luiz Gonzaga Dias


                                             Cigarra

Luiz Gonzaga Dias

 

Para cantar nasceste! Alma inquieta,

Sempre vibrando em gozos e torturas.

Tua canção – lirismo de poeta,

Tem sons de tédio e brados de amargura!

 

Em pleno campo a tua voz afeta,

Algo de brando e muito de ternura.

Contudo dentro em nós, mágoa secreta,

Desperta ao teu cantar cheio de agrura.

 

Ah! Cigarra boêmia peregrina!

Ao poeta comparo a tua sina,

Quando te encontro assim preludiando...

 

Fado tão belo e igual não pode haver,

Pois teu destino é de cantar morrer,

E o do poeta é de morrer cantando!

 

........................

 


                                               Dualismo

Luiz Gonzaga Dias

 

Entre a cigarra boêmia e vagabunda,

E a previdente e prática formiga,

Eu admiro a primeira e da segunda

Imito a vida cheia de fadiga.

 

Sou a cigarra cujo canto inunda

De regozijo a criatura amiga;

E sou também formiga na fecunda

Luta insana a que a vida nos obriga.

 

Vibrar pelas campinas! Ser cigarra!

Prados cheios de luz, manhã festiva,

Liberdade... Prazer que ninguém narra!

 

A luta mata o sonho... A vida obriga,

À lida pelo pão. Alma cativa

Eu retorno tristonho a ser formiga.


* * * 

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