25 de janeiro de 2020
Pátio do Colégio, em 1824, pintura de Jean Baptiste Debret
Paulo Roberto Campos
Neste dia 25 de janeiro, em memória da comemoração do 466º
aniversário de fundação da capital paulista, oferecemos aos leitores trecho
(transcrito abaixo) de memorável discurso de Plinio Corrêa de Oliveira,
publicado em 21-7-1935 no jornal “O Legionário”, então órgão oficioso da
Arquidiocese de São Paulo.
Enquanto líder católico, o ilustre orador que então contava
com 27 anos, proferiu uma saudação ao prefeito Fábio da Silva Prado (no
quadriênio 1934 a 1938). Essa histórica saudação foi uma homenagem à cidade em
nome dos 15.000 jovens Congregados Marianos concentrados na área externa da
Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
Na ocasião, Plinio Corrêa de Oliveira — descendente, pelo
lado materno, dos paulistas denominados “de quatrocentos anos”, isto é,
originários dos fundadores ou dos primeiros habitantes da “Vila de São Paulo” —
exalta os extraordinários talentos que a Divina Providência prodigalizou ao
povo paulista e tece profundas considerações sobre a grandeza e glória da
Pauliceia, fundada pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta no Pátio do Colégio e
desenvolvida pelos heroicos desbravadores bandeirantes.
Diversos Bandeirantes
“Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal
Incumbiu-me a mocidade que aqui se congrega, de homenagear,
na pessoa de V. Exa., a gloriosa capital paulista.
Nada de mais grato para nossos corações do que celebrar, na
festiva data de hoje, a grandeza e a glória da nossa Pauliceia, tão digna de
todas as homenagens, pela sólida catolicida de que a distingue e pelo valor de
sua atuação na vida nacional.
Há 466 anos, em 25 de janeiro de 1554, foi realizada, diante
da construção feita de taipa de pilão erguida no Pátio do Colégio, a missa pela
fundação da cidade de São Paulo do Piratininga
Em 25 de janeiro de 1554, foi realizada, diante da
construção feita de taipa de pilão erguida no Pátio do Colégio, a missa pela
fundação da cidade de São Paulo do Piratininga
Consagrando ao Apóstolo das Gentes a cidade que acabava de
fundar, Anchieta implorou e obteve, para a raça que dela brotasse, o idealismo
abrasador, a energia inexaurível, a combatividade invencível, a audácia viril e
realizadora que Paulo de Tarso soube pôr a serviço da maior das causas, a causa
de Cristo e da sua Igreja. […]
Não é apenas no idealismo candente e no vigor da ação, que
os filhos desta cidade se têm mostrado dignos do Patrono que lhes deu Anchieta.
É também pela universalidade de sua ação.
São Paulo, o Apóstolo das Gentes, não concebia limites para
a sua doutrinação. O mundo inteiro era pequeno para a grandeza de seu ardor
apostólico.
Representação da cabana do cacique Tibiriça, na qual
sacerdotes jesuítas se abrigaram no dia da fundação de São Paulo, 25 de janeiro
de 1554
Assim também a ação vigorosa e fecunda dos paulistanos se
destaca pela sua universalidade. Nem a distância dos lugares, nem a dificuldade
das comunicações foram diques capazes de conter a ação da gente bandeirante,
que se tem derramado em influxos benéficos sobre o Brasil inteiro. E desde as
bandeiras até à reconstitucionalização do País, todos os episódios de nossa
história têm sido um transbordamento do coração e da energia de São Paulo, para
além de nossas fronteiras em benefício de nosso grande Brasil. […]
São Paulo não é grande por ser rica. Mas São Paulo é rica,
porque o paulista é grande. Nossa riqueza foi arrancada ao solo virgem de nossa
terra depois de uma luta titânica contra a natureza bravia. Nossa capital não
se construiu em fértil e luminosa planície, embelezada por todas as graças da
natureza. Foi edificada em terreno montanhoso e sob um céu cheio de brumas, em
que tudo no ambiente nos lembra, constantemente, a vocação do paulista; porque
as brumas nos dizem lutar e o solo acidentado nos brada subir.
Se nosso Estado é próspero e nossa capital é bela, não o
devemos nós, portanto, senão à mercê de Deus e à fibra de nossa gente. Porque
foram sempre a mercê de Deus e o valor de nossa fibra a maior riqueza com que
contamos”.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário