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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

ITABUNA CENTENÁRIA UM POEMA: AUTORRETRATO - Antonio Cicero


Autorretrato


A Flávia Amparo

Um poeta nunca sabe
onde sua voz termina,
se é dele de fato a voz
que no seu nome se assina.
Nem sabe se a vida alheia
é seu pasto de rapina,
ou se o outro é que lhe invade,
numa voragem assassina.
Nenhum poeta conhece
esse motor que maquina
a explosão da coisa escrita
contra a crosta da rotina.
Entender inteiro o poeta
é bem malsinada sina:
quando o supomos em cena,
já vai sumindo na esquina,
entrando na contramão
do que o bom senso lhe ensina.
Por sob a zona da sombra,
navega em meio à neblina.
Sabe que nasce do escuro
a poesia que o ilumina.
  
Antonio Cicero - Sétimo ocupante da cadeira nº 27 da ABL, eleito em 10 de agosto de 2017, na sucessão de Eduardo Portella, foi recebido em 16 de março de 2018 pelo Acadêmico Arnaldo Niskier.

(Fonte: ABL)

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