Embora existam inúmeras Ongs na defesa dos direitos humanos,
leis, decretos etc., acredito que jamais vamos conseguir extinguir esse
sentimento que entranhou dentro dos seres vivos. Digo vivos, pois até no reino
animal, este é comprovado cientificamente.
No nosso país, onde o coquetel de cores é de uma riqueza
esplendorosa, encontramos em todas as camadas sociais, empresariais e
econômicas, uma discriminação tão evidente e clara como a luz solar.
Nas grandes festas e comemorações, as pessoas de cor são agraciadas
com convites, sempre com as expressões ridículas e consideradas normais: Vamos
chamá-lo que ele é um preto muito importante e diretor da Simpson Company, ela
é uma negra lindíssima e atriz de TV, é um cara de muita classe e rico que nem
parece que é preto, ele é preto e um pouco casca grossa, mas é um grande
jogador de futebol e vai abrilhantar a festa. E assim sucessivamente, dizendo
com a maior simplicidade e naturalidade esses chavões grotescos, querendo
separar o joio do trigo, quando na verdade somos todos um monte de joios
metidos a trigo.
As empresas no recrutamento de funcionários, sem dúvida
nenhuma, quando se referem a “boa aparência”, querem dizer nada mais nada
menos, que preto ou mulato, só se for muito bonito e extremamente competente.
E, podem observar através das atrizes e modelos, que os negros aproveitados
nessa área, são os que têm características faciais brancas. Secretárias então,
raramente nos batemos com uma feia ou de cor Não conheço nenhum negro (a)
considerado bonito que tenha suas características faciais normais predominantes
(Narizes chatos, lábios grandes e grossos, cabelos “pimenta do reino” e queixos
pronunciados). Não falo dos dentes, pois nesse particular eles são imbatíveis.
No setor comercial/empresarial ainda existe, além do preconceito racial na
admissão, a evidente discriminação de salários entre os “coloredes” e os
pseudos brancos. Esses últimos, sempre são mais bem remunerados e ocupam os
melhores cargos.
Não é que esse mal seja genético, mas é uma tradição colonial
que enraizou em nossas entranhas através de vários séculos que, infelizmente,
hoje se consegue disfarçar, às vezes até muito bem, mas nunca elimina-lo
totalmente. Talvez, com a miscigenação desenfreada que campeia no mundo, daqui
a alguns milhares de anos, quando fatalmente seremos todos pretos e mulatos
(pela força poderosa da etnia negra), possamos comemorar uma igualdade de cor e
direitos. Mesmo assim ainda correremos o perigo de algum mulato metido a besta,
que por seu tataravô ter sido irlandês, queira se achar com direitos especiais.
Devem todos os farsantes hipócritas tirar suas máscaras de
defensores dos direitos humanos e, em vez de punições tolas que não corrigem o
problema, apenas faz com que as pessoas reprimam as palavras, mas não os pensamentos,
o importante é educar as crianças desde o maternal (e muitos pais também), para
que aprendam desde cedo que nós somos iguais, apenas com características
diferentes.
No âmbito geral o fato é também digno de atenções, pois num
país onde se bate no peito e diz que não existe preconceitos de cor, raça e
credo, diariamente você ouve as expressões mais absurdas contra essas pessoas e
crenças. Por exemplo: Quando alguém de cor comete um lapso: “Só podia ser coisa
de preto!”. Se for estrangeiro: “Esse gringo branquelo pensa que está na terra
dele”. Se for índio ou descendente: “Lugar de índio é no mato!”. Com as
religiões o procedimento é levado para a chacota: Se você não é farrista é
“crente”. Se alguém tem manias é “macumbeiro”. Se a moça não quer ficar é
“freira”. E assim, sucessivamente, existem milhares de exemplos que
caracterizam claramente o sentimento preconceituoso, nada velado, do povo
brasileiro.
Em vez de tantos órgãos para defender (?) os direitos
humanos, muito mais importante seria um investimento maciço na educação,
ensinando o que é respeito humano.
Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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