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sábado, 27 de julho de 2019

TERRAS DE ITABUNA: ITABUNA MODERNA – Carlos Pereira Filho


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Itabuna Moderna

            Itabuna moderna é a que vemos, rodeada de prestígio econômico, social e político, sendo sede de uma Secretaria de Governo, ocupada, justamente, por um dos seus velhos obreiros, o Dr. Gileno Amado, que ainda brilha como astro de primeira grandeza.

            É a cidade, eixo da região do cacau e da pecuária. Centraliza o maior movimento das terras do Sul e do Sudoeste baiano. É como se fosse o coração da terra do cacau e do gado. Em comércio, em cacau e pecuária, seu avanço, como ressaltamos, se demonstrou espetacular. Uma síntese rápida mostra o que escrevemos, quando registramos que algumas dezenas de aviões cruzam os céus e pousam no seu campo; os seus transportes terrestres conduzem mais de 900 mil pessoas por ano; as suas 180 escolas de cursos elementares e superiores, com 15 mil alunos; as suas rendas municipais chegam a 80 milhões de cruzeiros; a sua população alcança 100 mil; a sua justiça togada é considerada e respeitada; o seu serviço bancário eficiente; e o seu serviço de assistência social hospitalar um dos melhores do País. Ao lado de tudo isso, de fortunas que produzem trezentos mil sacos de cacau, criam trezentas mil cabeças de gado e mais de cento e cinquenta mil de outras espécies; o progresso marcha a passo acelerado, com indústrias que aparecem, e os prédios que surgem em quantidade e o aspecto, não mais de uma cidade do interior, e sim de uma pequena metrópole que se ergue e na cúpula desta movimentação a evolução da cultura, da socialização, do sentido de bem-estar, da tranquilidade pública.

            Seu capitalismo perdeu, em grande parte, a fórmula ortodoxa e se inclina para ajustar-se à realidade do século que vive. O trabalhador não tem o que deveria possuir de assistência, de conforto, de amparo financeiro que dê para uma existência compatível com a dignidade do ser humano. Mas não é também um pária, um marginal, um ente desprezível, um animal de trabalho. Uma nova mentalidade se espalha, e tende a dominar, amoldando, convencendo o espírito do fazendeiro que beneficia as suas instalações, as residências dos trabalhadores e paga o salário mínimo. Melhor não se apresenta este problema pela falta de orientação, de uma política mais objetiva, mas socializante dos governantes nacionais, responsáveis pelo nível de vida do povo, nas cidades e nos campos. Não conhecemos por este País, onde temos palmilhado, maior avanço e mais rápido no atendimento das reivindicações dos assalariados , se compararmos o trabalhador do presente com o do início do século, ou mesmo anterior ao ciclo da primeira guerra.

            Quão diferente é esta Itabuna de hoje, de Tabocas do passado ou daquele povoado que surgiu com Militão Francisco de Oliveira, Firmino Alves, Maximiano Oliveira, e outros, à margem do Cachoeira, no lugar Marimbeta.

            Itabuna moderna é o mais acentuado espetáculo de crescimento, de desenvolvimento, de organização na região do cacau. Cidade encantadora, com o seu casario em destaque, na linha de construções novíssimas, com o seu comércio em prosperidade, com as suas luzes à noite coloridas em anúncios luminosos, com as suas morenas, as mais belas, por certo, das terras do cacau e os seus clubes sociais que orgulham uma civilização.

            Onde se encontram, para onde foram os seus pioneiros, como Olinto Leone, Henrique Alves, Firmino Alves, Tertuliano Guedes de Pinho, Tourinho da Farmácia, Dr. Ápio Lopes, Dr. Soares Lopes, Mares de Sousa, e Carlos Sousa?

            Passaram, morreram. O tempo os acabou, o tempo os desterrou, o tempo os esqueceu. Somente o tempo não venceu Itabuna. Ao contrário, tem dado a Itabuna a grandeza, a imponência, a fama. Parece que é uma filha dileta dele, que cria com carinho, com orgulho, com zelo, como Dona Senhora constrói, pedra a pedra, a Catedral de Itabuna.

            Ao contemplarmos os cinquenta anos de existência de Itabuna cidade, ao analisarmos o que fez o seu povo, o que construíram os seus administradores, pensamos nas responsabilidades que pesam sob os seus novos dirigentes.

            Encontraram eles uma terra cultivada, produtora, enriquecida, transformada em cidade importante, em eixo rodoviário, tudo isto feito num espaço de cinquenta anos, data passada da sua elevação a cidade, data em que Itabuna começou a sentir os efeitos dos seus bons destinos, com a autonomia conquistada.

            Tudo indica que continuarão a grande obra, tudo afirma que seguirão o curso desse grande rio que se avoluma em civilização, em progresso e prosperidade.

            Ai daquele que tentar destruir, sequer impedir a marcha favorável dos acontecimentos que vêm sendo impulsionados pela seiva fecunda de uma terra abençoada e impelida pelo sangue fervente dos seus obreiros.



(TERRAS DE ITABUNA Cap. XXX)
Carlos Pereira Filho
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"TERRAS DE ITABUNA"

          Li com avidez e sumo interesse as noventa e nove folhas datilografadas, onde o jornalista Carlos Pereira Filho retrata em belo colorido, a imagem vida deste Município. Trabalho de fôlego, escorreito quanto ao vernáculo e feliz na escolha de pessoas e fatos que de modo mais estreito e direto formaram o amálgama de nossa vida, como elementos substanciosos à sua estática e dinâmica.

            O Objetivo a que se propõem o ilustre escritor, nessa colaboração valiosa as nossas letras e valiosíssima para as comemorações de nossos 50 hinário, é fielmente colimado em “Terras de Itabuna”. É interessante constatar se o que enriquece de ouro a nossa história, que a nossa formação socioeconômica “tem a coerência e a vitalidade da linha seguida pelos construtores de nossa pátria, sempre em luta por um Brasil melhor”.

            Em Cada linha das belas páginas desse magistral trabalho de real história, amenizada pela ficção, vê-se, com garbo, a grandiosa silhueta da alma itabunense, nos versos de Olavo Bilac lembrados pelo autor:

“Cada passada tua era um caminho aberto
Cada pouso mudado, uma nova conquista
Teu pé, como de um deus, fecundava o deserto”.

            Personalidade definida Desde o primeiro pulsar de sua vida bandeirante, o povo de Itabuna cresceu bastante, sabe o que quer e sabe para onde vai; ama demasiadamente a terra que tratava com suor de seu rosto, e, por isso, suores e lutas formaram sempre o dínamo de seu grandioso progresso, admirável não é estrutura da nacionalidade brasileira.

          “Terras de Itabuna” enche-nos De orgulho e deve ser lido com o mesmo carinho que devotamos ao glorioso passado, o mesmo interesse que dispensamos ao porvir.

            Em 2. III . 1960.

                                                               Pe. NESTOR PASSOS
                                                        Diretor da Secretaria de                                                                    Educação e Cultura de Itabuna


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