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sábado, 4 de maio de 2019

VOU PARA O MEU MUNDO - Marília Benício dos Santos


                  Esta é a expressão da minha amiga Mírian depois do lufa-lufa da semana.

            Mírian tem um pequeno sítio em Itapoan, onde costuma passar os finais de semana.

            Ao dirigir-se para este recanto, ela diz: “vou para o meu mundo”.

            Como é bom a gente constatar que tem um mundo. Mas, nem todos podem dar-se ao luxo de ter um sítio onde possa isolar-se e gozar de seu mundo.

            O silêncio é importante em nossa vida. Mas, como o homem profano vive entre ruídos, o silêncio, então, representa a morte.

            Humberto Rohden diz: “Silêncio é receita – ruído, despesas.” E quem tem mais despesas do que receitas, abre falência. Então, a nossa humanidade está permanentemente falida.

            E como fazer para que o nosso silêncio não seja interrompido pelo ruído?

            Para tudo há jeito. Não é necessário comprar um sítio. Muitas vezes compramos casa de campo, sítio, fazenda, mas o ruído nos acompanha.

            O importante é construir o nosso mundo e ao fazê-lo, cuidar para que ele seja à prova de som. Só assim, onde formos não seremos importunados.

            Há uma quadra popular que diz:
                         “Dizem que há mundo lá fora
                          Eu não sonho, nunca vi;
                          Que me importa outro mundo,
                           Se o meu mundo é todo aqui.”

            Quando estamos satisfeitos com o nosso mundo, é assim que vivemos.

            Que me importa os ruídos, os blás-blás do exterior. A nossa sociedade constrói um mundo exterior, onde predomina a aparência. Mas nessa mesma sociedade existem homens que tentam construir um mundo interior. E este mundo interior, só será construído com a dinâmica do silêncio. Por isso Jesus Cristo antes de partir para a vida pública, ficou no deserto durante quarenta dias. Construiu o seu mundo interior. Como Jesus Cristo, os grandes místicos e os grandes cientistas se refugiaram no silêncio.

            Einstein achava a solidão a melhor companhia, a mais agradável. Esta solidão só se torna agradável quando ela deixa de ser solidão para ser companhia. E se colocarmos em nossa solidão o Cristo, seremos felizes e poderemos dizer: “Que me importa outro mundo, se o meu mundo é todo aqui.”

(CARROSSEL)
Marília Benício dos Santos
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“Lendo este livro, ou melhor, saboreando suas páginas, aos poucos nos apercebemos de que o trivial é, para Marília, o lugar próprio de encontro e de diálogo. Assim, ela nos prende e nos encanta desde o primeiro momento, precisamente pelo fato de que canta a vida, em suas alegrias e em suas tristezas, mas, sempre, na perspectiva feliz da esperança”.  (Lygia Costa Moog).

- Trecho do Prefácio do livro CARROSSEL -

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