Espelho
“Por qué duplicas, misterioso hermano,
el menor movimento de mi mano?” ...Jorge Luis Borges
Espelho frio, inerte duplicador
a quem você só procura espelhar,
deixando-o ver apenas seu exterior,
onde su’alma se não pode afigurar.
Frigido espelho, falso refletor,
se já tem vidro e aço pra agasalhar,
já bem no âmago do seu interior,
por que, também, o psiquê guardar?
Esconde no imo dos seus reflexos
os mais indecifráveis complexos,
que se escondem por traz da razão.
Espelho, não duplicas o virtual.
Prende-se só, à frieza do real
e esquece q’a vida é duplicação.
Oscar Benicio Dos Santos
1926 - 2019
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