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quinta-feira, 7 de março de 2019

EXCLUSÃO SOCIAL - Antônio Baracho*


Por alguns dias vivi a doce ilusão de que não havia mais desigualdade social no Brasil. Creio que é um direito meu sonhar, ou melhor, me refugiar no devaneio de uma situação estressante. O sonho é um mecanismo de defesa e se não tivéssemos esses mecanismos ficaríamos loucos. Ledo engano, usei esse mecanismo para não me frustrar.

Todo poeta é utópico, porque sua verdade é a que ele acha que é, embora não seja. Há coisas que só acontecem na sua imaginação, embora possam acontecer de fato. A imaginação é o seu limite, dentro dela ele se move como um deus.

Confesso que não estou decepcionado com o meu sonho e sim com essa dívida interna que para alguns economistas é impagável. E por esse motivo muitos brasileiros continuarão sofrendo por causa de suas mazelas. Não seria apenas a cruel concentração de renda que se repete à exaustão, mas também a adoção de um comportamento em que "sociabilidade e moralidade" torna adversários, tudo isso gerando a exclusão social.

Os especialistas advertem que a concentração de riqueza cria uma situação de "polarização social". Em um extremo há um restrito grupo que concentra grande parte da riqueza social; no outro, uma numerosa população de pobres, cerca da metade dos brasileiros. Historicamente, a exclusão social que caracteriza a população com baixa renda, exposição à violência, má qualidade de vida é associada ao grau de escolaridade. A má repartição da riqueza é um grave problema no Brasil, que tem uma das piores distribuições de renda do mundo, atrás de por exemplo de Serra Leoa e a Suazilândia.

Faltaram na história brasileira momentos de maior distribuição de renda como uma reforma agrária ou tributária que transferisse riqueza dos ricos para o grosso da população. Em países desenvolvidos como a Alemanha, quem ganha mais paga mais impostos, que revertem em bons serviços sociais como educação, saúde e assistência social à população, o que reduz as desigualdades sociais.

Há esperança para a solidariedade e honestidade. Essas têm valor fundamental, são a bússola. Basta pensar que estamos na fase de julgamento, envolvendo políticos que desviaram o dinheiro público para fins ilícitos. Uma nova fase no Brasil. Alemães, japoneses e italianos "carregaram pedras" depois da segunda guerra mundial e estão aí de novo. Se eles fizeram aquilo, a gente também pode fazer.

*Antônio Baracho, Poeta Psicólogo.
Pertence a Academia Grapiúna de Letras- AGRAL e ao Clube do Poeta Sul da Bahia.
Tel. (73) 98801-1224 / 99102-7937


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