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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

PÁTRIA BRASILEIRA OU PAÍS LAMACEIRO - Evaldo D' Assumpção

Acredito que fazer uma oposição ética e construtiva, será o mais saudável. Afinal, sempre que alguém nos contesta, com racionabilidade, nos faz crescer.

06/01/2019
Ano novo, os eleitos empossados, recorro a Drummond: 'E agora, José?' (Marcelo Camargo/Ag. Brasil)

Por Evaldo D' Assumpção*

Entramos num novo ano – 2019 – repleto de contradições. Para a esmagadora maioria dos brasileiros, um tempo de esperança e de otimismo. Para uma pequena e frustrada parcela, que quase arrasou nosso país, um prato cheio para jogar pedras e enlamear com boatos, ameaças, falsas notícias, insinuações malévolas e outras irresponsáveis peraltices.

Fico surpreso com o comportamento dos adeptos, verdadeiros religiosos fanáticos, do grupo que ocupou o poder no Brasil por quase quinze anos. Desde o impeachment da presidente Dilma, ecoa insistentemente pelo país, acusações de golpe, com contínuas afirmações de que a democracia foi pisoteada.  Como entender isso, se as atitudes dos partidos que compunham o grupo dominante, nunca respeitou as regras democráticas, quando essas não lhes convinham? Invasões de terras, ocupação de imóveis legalmente pertencentes a alguém que pagava seus impostos, eram exemplos constantes. Depois, com a interferência da Policia Federal e dos Procuradores e Juízes da operação Lava Jato, foram eclodindo as mais absurdas usurpações de dinheiro público, como jamais se viu nesse país. Foi com ela que ouvi falar de trilhões de Reais, valor que nunca passou pela minha cabeça de médico zeloso por minha profissão e sua ética.

Depois vieram as eleições de outubro passado, quando até a tentativa de assassinato foi perpetrada para eliminar o candidato que, sendo um dos menos conhecidos, ascendeu como um cometa no meio dos rançosos e mofados políticos ambiciosos e voltados, muito mais para seus interesses pessoais do que para o bem comum do povo brasileiro. Notícias falsas passaram a circular como uma peste negra pelas redes sociais, a mais nova e letal arma pela primeira vez utilizada em campanha política. A todo momento recebíamos e ouvíamos falar de fatos absurdos, inaceitáveis, tendo como protagonistas diversos candidatos. Contudo, as manifestações populares pelas ruas das cidades, iam delineando uma nova liderança, certamente beneficiada com o atentado à sua vida, de que foi vítima. O tiro saiu pela culatra. Duvidou-se da lisura das urnas eletrônicas, usando-se o ridículo argumento, até mesmo ofensivo para a nação brasileira, de que “só existia no Brasil, portanto não devia prestar”. Prestou sim, e muito bem. Nenhuma fraude foi legalmente comprovada, e os resultados desmoralizaram totalmente os institutos de pesquisa pública, levando-nos a crer que sua manipulação era coisa óbvia.

A imprensa dividiu-se, e a maioria usava seus múltiplos recursos de penetração no meio do povo, tentando desmoralizar o candidato desconhecido, que mesmo num leito hospitalar conquistava, a cada dia, mais votos. E as cortinas se fecharam, deixando no palco da política nacional, um vencedor inesperado. Para gáudio de milhões de brasileiros que saíram às ruas em comemorações limpas, pacíficas, civilizadas, sem necessidade de intervenção policial para conter atos de vandalismo, como estávamos habituados a assistir, quando das ruidosas manifestações dos partidários da ala esquerda, a cada dia mais enfraquecida pela ação dos federais.

Encerrado o que a Presidente do TSE poeticamente chamou de “Festa da Democracia”, apurados todos os votos, foi indubitavelmente confirmada a vontade do povo brasileiro, que por sua maioria elegeu o candidato inesperado, Jair Bolsonaro. E como numa festa, especialmente quando nela se exagera, sempre ocorre uma ressaca. E essa veio com a posse dos eleitos. E não foi só a do Presidente, mas praticamente da metade do Congresso Nacional, modificado com a substituição da grande maioria dos antigos, viciados e execrados caciques, por novos representantes do povo, predominando os que caminharam lado a lado com o Presidente eleito.

Ano novo, os eleitos empossados, recorro a Drummond: “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?”.

Perguntas que faço aos adversários, aos derrotados na Festa da Democracia, sem mácula e sem mancha: o que querem agora? Uma Nação reerguida, ou um caos absoluto, com miséria para o povo? Com 13 milhões de desempregados, 12 milhões de analfabetos, quase 3 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, 62% de municípios brasileiros sem saneamento básico, 5 mil municípios brasileiros sem leitos de UTI, 1/3 da população vivendo em cidades sem tratamento para o câncer, milhares de municípios sem hospitais ou com hospitais não funcionantes por falta de verba para mantê-los? Com a seca no nordeste, que se arrasta desde antanho, havendo verdadeira “Indústria da seca” que rende tanto aos poderosos? Se ela não tem solução, como o Estado de Israel tornou-se no país que é? E vem a pergunta que não quer se calar: em quase 15 anos de governo dito “popular”, por que o povo brasileiro não está feliz, empregado, independente, saudável? O que fizeram com as malas cheias de dinheiro?

Sei que posicionamentos políticos, e relações afetivas, não se impõem. Contudo, considerando tudo como está, acredito que fazer uma oposição ética e construtiva, será o mais saudável. Afinal, sempre que alguém nos contesta, com racionabilidade, nos faz crescer. Entretanto, a oposição brutal, eivada de mentiras, o contestar pelo contestar, a guerra suja e sem limites, os boicotes nas sombras como agem os sem caráter, é ação burra. Afinal, é a nação brasileira, o Brasil que é de todos, que está em jogo. Queremos uma PÁTRIA BRASILEIRA ou um país lamaceiro, para deixar para nossos filhos e netos? Coloquemos o dedo na consciência.

*Evaldo D' Assumpção é médico e escritor


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