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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

LAVAGEM DO BONFIM! - Antonio Nunes de Souza


Tem dias que, por mais que não desejarmos, temos que ser saudosistas. Hoje é um desses dias, vendo através da TV o tradicional e maravilhoso cortejo da “LAVAGEM DA ESCADARIA DA IGREJA DO NOSSO SENHOR DO BONFIM”!

Lembro-me, como se hoje fosse, das dezenas de vezes que participei dessa maravilhosa jornada a pé, acompanhando centenas de carroças enfeitadas, trios elétricos (atualmente proibidos), dançando e cantando, esquecendo até que era uma festividade religiosa. Aquilo era como uma prévia do carnaval. E na verdade era!

Foguetórios, bandas, charangas, centenas e mais centenas de pagadores de promessas, multidão de Baianas vestidas a caráter, nos perfumando com água de colônia e, ao mesmo tempo, rezando nosso corpo com suas folhas benditas, descarregando os nossos pecados!

Em alguns trechos do cortejo via-se políticos, padres, paroquianas e também uma série de turistas encantados, tirando fotos para levar para seus países de origem, ou mesmo em nosso Brasil.

Não podemos deixar de confessar que, ao longo do trajeto, tomávamos nossas cervejinhas, capetas e caipiroscas, não só para enfrentar o calor, como para encorajar a caminhada!

Na chegada, isso depois de umas três horas, triunfalmente começamos a subir a sagrada colina e nos depararmos com a nossa deslumbrante e milagrosa paróquia do Nosso abençoado Senhor!

Ouve-se a Banda Marcial do Corpo de Bombeiros tocando o Hino em louvor e, uma grade maioria fazendo um coral lindo e celestial! Temos que confessar que, já mais pra lá do que pra cá, a preocupação agora era ver a lavagem propriamente dita e, logo em seguida, procurar uma barraca com samba de roda cachoeirano ou santamarense, onde as paqueras corriam soltas e nada santificadas!

Por mais bobo que fosse o baiano, sempre saía com uma companhia turística abraçado. Juntava a fome com a vontade de comer. Depois de rolar todas essas façanhas, voltávamos para nossas casas para descansar da maratona religiosa(?).

Dia seguinte quando alguém nos perguntava se tínhamos ido a lavagem, simplesmente respondíamos assim: Mermão a lavagem foi fantástica! Tomei todas até a noite, sambei e ainda me armei com uma gaúcha linda e sapeca!

-Pô cara, e não rezou não?

-Rapaz, não é que me esqueci! Mas, Nosso Senhor me perdoa por essa falha. Saravá meu Pai!


Antonio Nunes de Souza, escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
antoniodaagral26@hotmail.com

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