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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

ITABUNA CENTENÁRIA UM SONETO: A Ideia - Augusto dos Anjos


A Ideia

De onde ela vem? De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
Num mulambo da língua paralítica!


(AUGUSTO DOS ANJOS – Coleção NOSSOS CLÁSSICOS:  AUGUSTO DOS ANJOS – POESIA,  Livraria AGIR Editora, Rio de Janeiro, 1960.)
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UM POETA “SUI-GENERIS”

            AUGUSTO DE CARVALHO RODRIGUES DOS ANJOS nasceu na Paraíba, em 1884. Formado em Direito (Recife), não exerceu a advocacia, tendo-se dedicado ao ensino da Literatura. Em 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro e daí, tuberculoso e neurótico, transferiu-se para Leopoldina, MG, onde faleceu em 1914.
            Augusto dos Anjos é um poeta “sui-generis”: sua poesia não encontra classificação dentro das escolas estudadas. Deixou um único livro – “EU E OUTRAS POESIAS”, de um estilo mesclado de forte realismo, pessimismo doentio e linguagem científica.
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