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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A FLOR – Castilho

A flor


            Despontou o botão cresceu!
            Entreabriu! Corou!
            Despertou-se! Desdobrou-se de todo!
            EIS A FLOR!

            Nunca a planta pareceu tão maravilhosa!
            Sobretudo, nunca se mostrou assim amável!
            As cores, o cheiro, as formas encantadoras desta efêmera maravilha, apelidada flor, namoram até os espíritos mais rústicos, mais ignorantes, ou menos reflexivos.

            O camponês se detém para considerá-la;
            O menino, que ainda não fala, a pede por acenos;
            A formosa a cobiça para se alindar;
            Mil insetos e vermes folgam de se ir embalar nela aos zéfiros;
            A ave a espreita do seu ninho;
            A abelha lhe vai pedir mel;
            Os olhos do velho, uma saudade;
            O pintor se apressa de retratá-la, a floreira de esculpi-la;
            O destilador de lhe recolher o espírito em cristais;
            O sábio de descrevê-la, estudá-la, enquanto o poeta lhe deve e lhe consagra um canto íntimo.

            E o religioso extrai dela uma das suas orações mais fervorosas!

Autor: CASTILHO
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(LÍNGUA PORTUGUESA  Luso=Brasileira
ANTOLOGIA F. T. D. – livro de leitura
Organizado por Mário Bachelet)

LIVRARIA FRANCISCO ALVES
1944


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