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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

CONTRADIÇÕES DO MOVIMENTO FEMINISTA - Paulo Henrique Américo de Araújo


18 de outubro de 2018
As feministas alegam defender os interesses das mulheres, mas os fatos as desmentem

♦  Paulo Henrique Américo de Araújo
Simone de Beauvoir

Uma das iniciativas mais funestas, na tarefa em que se empenham os destruidores da Civilização Cristã, é o chamado feminismo. As raízes relativistas, hegelianas e marxistas desse movimento se encontram, em boa medida, nas ideias de Simone de Beauvoir, “companheira” de Jean Paul Sartre, o criador da escola existencialista.1 Beauvoir baseou-se no princípio da luta de classes, arma que Marx inventou contra a “opressão” dos ricos sobre os pobres, e estendeu o conceito à “opressão” do homem sobre a mulher. Assim, deve ser combatidoqualquer aspecto da convivência humana que não seja regido pela igualdade entre os sexos, mesmo em questões cujas diferenças biológicas são flagrantes.

Em conferência promovida pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, a Profª. Fernanda Takitani afirmou que “a origem das atuais discussões sobre ‘gênero’ pode ser buscada no movimento feminista, que nega a complementaridade entre o homem e a mulher”.2 Tanto o feminismo quanto a ideologia de gênero negam essa complementaridade, portanto são parceiros na guerra infame que movem contra a concepção católica de família; no fundo, contra a Civilização Cristã.

Atualmente, o viés mais radical do feminismo chega inclusive a promover rituais místicos dos mais bizarros, segundo observou Julio Loredo em recente estudo.3 Todas essas tendências não conseguem, no entanto, esconder as contradições e falsidades em que se baseiam. Para demonstrá-lo, convido o leitor a acompanhar o raciocínio a seguir, que possibilita reconhecer os reais fundamentos do feminismo.

Incoerência feminista

Se o feminismo fosse coerente com seus princípios, não faria acepção ideológica em relação às mulheres. Entretanto, nem sempre essa alegada “defesa das mulheres” se apresenta no currículo feminista. Vejamos um exemplo.

No último mês de maio, correu como rastilho de pólvora na imprensa brasileira a ação da policial Katia Sastre, que evitou um assalto em frente à escola de sua filha em São Paulo.4 Vestida à paisana, por estar fora do seu horário de trabalho, com rapidez e perícia ela atirou no assaltante, que ameaçava com uma pistola as crianças e seus pais, e o imobilizou no meio da rua. Pouco depois ele veio a falecer no hospital.

Muitos especialistas atribuíram principalmente ao treinamento e profissionalismo a eficácia da policial, e algumas vozes apontaram riscos e agressividade na sua atitude. De qualquer modo, é estranho não se ter conhecimento de nenhuma manifestação de apoio proveniente dos arraiais feministas,5 mesmo diante dessa patente vitória de uma mulher contra um homem criminoso que

Katia Sastre, policial que evitou um assalto
em frente à escola de sua filha em São Paulo

intimidava impunemente mulheres e crianças. Por que o movimento feminista silenciou a respeito? Afinal, a policial Sastre demonstrou agilidade e “sangue frio”, tornando-se uma verdadeira heroína na defesa da sociedade. Por que não é ela um modelo para as feministas?

Uma das muitas hipóteses sobre as razões desse silêncio seria a de que as feministas são contra qualquer tipo de violência, mas tal hipótese não se coaduna com a realidade dos fatos, como veremos.

Um peso, duas medidas

Em dezembro de 2016, o então presidente da França, François Hollande, concedeu liberdade a uma mulher que havia assassinado o próprio marido com três tiros nas costas.6 Ela sofrera abusos dele durante décadas, havia sido condenada pelos tribunais, e cumpria pena desde 2012. No imenso alarido midiático desse fato, as ONGs feministas comemoraram a libertação.

Nesse caso, as feministas consideraram que a violência da mulher estaria justificada por ter sido praticada contra a “opressão” em um casamento abusivo. Mas a atitude da heróica policial brasileira, enfrentando a “opressão” do bandido, recebeu apenas o silêncio dessas mesmas feministas. Endossaram a ação violenta da mulher francesa, mas não a da policial brasileira. Como desvendar esse enigma?

A resposta só pode estar em outro fator, e não na simples questão da violência. No fundo, o feminismo não visa defender as mulheres contra a “opressão da sociedade patriarcal”. Tendo sua origem na Revolução gnóstica e igualitária, na realidade ele pretende subverter o que resta da boa ordem desejada por Deus no convívio humano.

Não interessa às feministas defender uma mulher policial que mata um bandido numa ação legítima. Tal ação se apresenta aos olhos do público como uma vitória contra a criminalidade e o caos moderno, expressões uma e outro da Revolução que visa destruir os restos da Civilização Cristã. E o feminismo é parte dessa Revolução.

Além disso, a policial paulista agiu para defender sua filha e os filhos de outras mães, que corriam risco em frente à mencionada escola. Ora, as feministas, nas suas correntes mais extremadas, repudiam até a maternidade, daí o seu invariável apoio ao aborto. Nada mais natural, portanto, que elas tenham se calado quando uma mãe policial saiu vencedora.

Por outro lado, quando uma esposa mata o próprio marido e é libertada antes de cumprir toda a pena estabelecida pela justiça, as feministas aplaudem e festejam, pois isso representa, em tese, uma rejeição aos ideais do casamento e da família. Estes são restos da Cristandade, ainda presentes na sociedade, que a vertente feminista detesta.

Muçulmanos poupados pelo feminismo

Feminista protesta nos EUA

As feministas são sempre contrárias a agressões sexuais contra mulheres? Seria normal elas sempre levantarem protestos indignados diante de qualquer fato desse gênero. No entanto, vejamos o que aconteceu em Colônia (Alemanha), no final de 20157. Centenas de mulheres alemãs relataram assédio sexual ou agressões físicas por homens de origem árabe, na celebração de Ano Novo no centro da cidade. Em dois meses, 73 suspeitos foram identificados como imigrantes do norte da África.

Dias depois, em resposta aos ataques, a prefeita de Colônia, Henriette Reker, tida como feminista, simplesmente instruiu as mulheres alemãs a se manterem “a um braço de distância de desconhecidos, para evitar agressões”.8 A declaração foi muito criticada, bem como todo o movimento feminista, pois não se ouviu dele nenhuma manifestação relevante repudiando os ataques.

Por cima do cinismo escancarado da prefeita alemã, e do silêncio das feministas, fica a marca de sua indiferença — para dizer o mínimo — quanto aos perigos que representam para a Civilização Cristã as atuais ondas de imigração na Europa. Aparentemente, para o feminismo vale mais a conivência com a multidão desenfreada de imigrantes do que a proteção das mulheres europeias.

Em resumo, o feminismo é sinônimo de subversão, de Revolução anticristã, não de verdadeira defesa das mulheres.

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Notas
Cfr. Catolicismo, novembro/2005. A Revolução Sexual destrói a família.
Teologia da Libertação – Um salva-vidas de chumbo para os pobres, p. 407.


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