Total de visualizações de página

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O LOUCO - Gibran Khalil Gibran

O Louco


 Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim...
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas!
As sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas!
E corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões”...
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco”... Olhei para cima, pra vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: "Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras”... Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura...  a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
----
Gibran Khalil Gibran - Poeta libanês, viveu na França e nos EUA. Também foi um aclamado pintor. Seus textos apresentam a beleza da alma humana e da Natureza, num estilo belo, místico, conseguindo com simplicidade explicar os segredos da vida, da alegria, da justiça, do amor, da verdade.

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário